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Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra

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197<br />

Ora ç ã O CO n t ra LeóCrates<br />

Esta filha, minha apenas porque a gerei, entrego-a<br />

em sacrifício por esta terra. Se for tomada<br />

a cida<strong>de</strong>, que me restará para partilhar com os filhos? 40<br />

Farei quanto em mim cabe para salvar esta cida<strong>de</strong>.<br />

Outros nela reinarão, salvá-la, <strong>de</strong>ver-se-á a mim!<br />

Uma coisa há fundamental para a comunida<strong>de</strong>:<br />

sem anuência da minha alma será impossível<br />

que alguém <strong>de</strong>strua as velhas leis ancestrais: 45<br />

em lugar da oliveira e da Górgona dourada 101 ,<br />

Eumolpo e os seus Traces não fixarão nos fundamentos da cida<strong>de</strong><br />

um tri<strong>de</strong>nte, nem o cingirão <strong>de</strong> coroas,<br />

não, Palas não ficará privada das suas honras.<br />

Usai, ó cidadãos, os frutos que eu gerei, 50<br />

salvai-vos, se<strong>de</strong> vencedores. Ninguém dirá <strong>de</strong> mim<br />

que a troco <strong>de</strong> uma alma 102 me neguei a salvar a cida<strong>de</strong>.<br />

Ó pátria, oxalá todos quantos em ti habitam<br />

te amassem tanto quanto eu: uma vida mais segura<br />

gozaríamos em ti, e tu não sofrerias mal algum! 55<br />

101. Estes foram, Cidadãos, os ensinamentos que<br />

formaram os vossos pais. Conquanto todas as mulheres<br />

sejam por natureza afeiçoadas aos filhos, o Poeta criou<br />

sacrificar uma das filhas, v. supra n. 98.<br />

101 Quer a oliveira quer a cabeça dourada da Górgona são<br />

símbolos da <strong>de</strong>usa Atena, tal como o tri<strong>de</strong>nte referido no verso<br />

seguinte é símbolo do <strong>de</strong>us Posídon. Petrie, o.c., p. 177 sugere que<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, ao escrever este passo, po<strong>de</strong>ria nestar pensando nuna<br />

cabeça <strong>de</strong> Medusa colocada no muro sul da Acrópole, sobranceiro<br />

ao teatro (v. Pausânias, I, 21, 3.<br />

102 Já acima, no v. 18, o poeta usara esta imagem: o sacrifício <strong>de</strong><br />

uma só vida basta para garantir a salvação <strong>de</strong> toda uma comunida<strong>de</strong>.<br />

Daqui a tirar-se o paralelo inverso vai apenas um passo: se uma filha<br />

<strong>de</strong> Praxítea salvou a cida<strong>de</strong>, um <strong>de</strong>sertor como <strong>Leócrates</strong> po<strong>de</strong>rá<br />

causar a sua perda.

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