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Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra

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Licurgo<br />

consciência. A quem é que seria impossível <strong>de</strong>ixar-se<br />

enredar pelas habilida<strong>de</strong>s e artifícios da retórica? Aos<br />

escravos e às escravas. Pelo contrário, submetidos à<br />

tortura, eles ten<strong>de</strong>riam naturalmente a dizer a verda<strong>de</strong><br />

sobre os crimes <strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong>. Foi isto o que ele não<br />

aceitou: submeter a interrogatório os escravos, que,<br />

ainda por cima, eram seus, e não alheios.<br />

33. Em contrapartida, quem pensais vós que é<br />

fácil seduzir por palavras, quem se <strong>de</strong>ixa comover com<br />

as lágrimas, quem se dispõe por natureza à pieda<strong>de</strong>?<br />

Os juízes. Assim se apresentou ante vós <strong>Leócrates</strong>, sem<br />

outro receio senão o <strong>de</strong> que da mesma casa proviessem<br />

tanto os acusadores como o acusado 37 . Para quê recorrer<br />

a pretextos, justificações, <strong>de</strong>sculpas? A justiça é recta, a<br />

verda<strong>de</strong> é simples, a prova é breve.<br />

34. Se <strong>Leócrates</strong> reconhece como verda<strong>de</strong>iros<br />

e sancionados pelos <strong>de</strong>uses 38 os pontos referidos na<br />

acusação, por que razão não há-<strong>de</strong> sofrer a pena exigida<br />

pela lei? Se ele afirma que nada do que eu disse é verda<strong>de</strong>,<br />

por que motivo não nos entrega os seus escravos e<br />

escravas? Seria lógico que um homem que corre o risco<br />

<strong>de</strong> ser julgado traidor entregasse os escravos à tortura e<br />

não recusasse nenhum dos meios <strong>de</strong> prova reconhecidos<br />

como <strong>de</strong>terminantes.<br />

37 V. a propósito <strong>de</strong>ste passo a nota <strong>de</strong> Durrbach 2003, p. 44, n. 2.<br />

38 O termo usado por Licurgo, hósia, tem uma conotação<br />

religiosa que o simples adjectivo díkaia “justos” não possui;<br />

conforme observa Petrie 1922 (p. 101), hósia está semanticamente<br />

próximo do valor do vocábulo latino fas. Daqui, e também do<br />

comentário <strong>de</strong> Treves ao mesmo passo, a tradução proposta; a<br />

conotação religiosa per<strong>de</strong>-se nas versões <strong>de</strong> Durrbach (“juste”), <strong>de</strong><br />

Burtt (“right”), e <strong>de</strong> Engels (“gerechtfertigt”).<br />

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