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Oração Contra Leócrates - Universidade de Coimbra

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217<br />

Ora ç ã O CO n t ra LeóCrates<br />

<strong>de</strong>fesa dos acusados! O próprio facto <strong>de</strong> eles tentarem<br />

<strong>de</strong>sculpar a atitu<strong>de</strong> criminosa <strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong> mostra bem<br />

como seriam capazes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> modo idêntico.<br />

Não é contra vós que o talento oratório <strong>de</strong>ve ser usado,<br />

mas sim para vos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, a vós, às leis e à <strong>de</strong>mocracia!<br />

139. O facto é que alguns <strong>de</strong>les já nem sequer<br />

procuram iludir-vos com uma argumentação racional,<br />

mas invocam os seus próprios serviços ao Estado 138 para<br />

reclamarem <strong>de</strong> vós a absolvição dos acusados. Esta atitu<strong>de</strong><br />

indigna-me sobremaneira. Por benemerências feitas em<br />

proveito próprio reclamam <strong>de</strong> vós um agra<strong>de</strong>cimento<br />

público. Não é por suportar as <strong>de</strong>spesas com um cavalo,<br />

com um brilhante coro trágico, ou outras do mesmo<br />

género que alguém merece um tal agra<strong>de</strong>cimento da vossa<br />

parte (já que por esse tipo <strong>de</strong> serviços os próprios é que<br />

são coroados, sem benefício algum para os outros), mas<br />

sim por financiar a construção <strong>de</strong> navios, ro<strong>de</strong>ar a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> muralhas, provi<strong>de</strong>nciar com os recursos pessoais a<br />

preservação da comunida<strong>de</strong>: isto sim, são benefícios <strong>de</strong><br />

utilida<strong>de</strong> pública, 140. é nestes que se vê a excelência <strong>de</strong><br />

quem os realiza, nos outros apenas se salienta a fortuna<br />

<strong>de</strong> quem paga a <strong>de</strong>spesa! Em meu enten<strong>de</strong>r ninguém<br />

faz um benefício à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal modo consi<strong>de</strong>rável que<br />

justifique reclamar como agra<strong>de</strong>cimento a absolvição<br />

138 Trata-se aqui daquilo a que os Gregos chamavam as “liturgias”,<br />

ou seja, o assumir pessoalmente os encargos com o financiamento<br />

<strong>de</strong> certos serviços públicos, que po<strong>de</strong>m ir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a contratação e<br />

ensaio <strong>de</strong> um coro para actuar nas tragédias dos festivais <strong>de</strong> Dioniso,<br />

até à construção e equipamento, em homens e material, <strong>de</strong> um<br />

navio <strong>de</strong> guerra. Segundo Licurgo, alguns dos amigos <strong>de</strong> <strong>Leócrates</strong><br />

solicitavam a absolvição <strong>de</strong>ste como recompensa das dispendiosas<br />

liturgias por eles financiadas.

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