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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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Meireles de <strong>que</strong>: “A vi<strong>da</strong> só é possível reinventa<strong>da</strong>...//Mas a vi<strong>da</strong>, a vi<strong>da</strong>, a vi<strong>da</strong>, / a vi<strong>da</strong> só é<br />

possível/ reinventa<strong>da</strong> (2000, p.48) 41 .<br />

O teórico francês Pierre Bourdieu <strong>no</strong> seu artigo “A ilusão biográfica” também comenta<br />

as dificul<strong>da</strong>des de se falar <strong>da</strong> história de uma vi<strong>da</strong>, e diz:<br />

Produzir uma história de vi<strong>da</strong>, tratar a vi<strong>da</strong> como uma história, isto é, como o<br />

relato coerente de uma seqüência de acontecimentos com significado e<br />

direção, talvez seja conformar­se com uma ilusão retórica, uma representação<br />

comum <strong>da</strong> existência <strong>que</strong> to<strong>da</strong> uma tradição literária não deixou e não deixa<br />

de reforçar (1996, p. 185).<br />

Bourdieu, assim como Woolf e o seu algodão cru dos momentos de não existência,<br />

também assegura <strong>que</strong>:<br />

[...] não podemos compreender uma trajetória (isto é, o envelhecimento social <strong>que</strong>,<br />

embora o acompanhe de forma inevitável, é independente do envelhecimento<br />

biológico) sem <strong>que</strong> tenhamos previamente construído os estados sucessivos do<br />

campo <strong>no</strong> qual ela se desenrolou e, logo, o conjunto <strong>da</strong>s relações objetivas <strong>que</strong><br />

uniram o agente considerado –... (1996, p. 190).<br />

A <strong>no</strong>ção do todo, do u<strong>no</strong>, do <strong>que</strong> fazemos parte nas imbricações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, são<br />

relativiza<strong>da</strong>s por Bourdieu quando <strong>que</strong>stiona se a vi<strong>da</strong> pode ter uma história:<br />

Falar <strong>da</strong> história de vi<strong>da</strong>, é pelo me<strong>no</strong>s pressupor ­...<strong>que</strong> a vi<strong>da</strong> é uma história e <strong>que</strong>,<br />

...uma vi<strong>da</strong> é inseparavelmente o conjunto dos acontecimentos de uma existência<br />

individual concebi<strong>da</strong> como uma história e o relato dessa história....É a vi<strong>da</strong> como um<br />

caminho, uma estra<strong>da</strong>, uma carreira, com suas encruzilha<strong>da</strong>s...seus ardis,..ou ...um<br />

caminho <strong>que</strong> percorremos e <strong>que</strong> deve ser percorrido, um trajeto, uma corri<strong>da</strong>, um<br />

cursus, uma passagem, uma viagem, um percurso orientado, um deslocamento<br />

linear, unidirecional...<strong>que</strong> tem um começo...etapas e um fim, <strong>no</strong> duplo sentido, de<br />

térmi<strong>no</strong> e de finali<strong>da</strong>de (1996, p. 183).<br />

Durante to<strong>da</strong> a narrativa dos capítulos referentes à Mrs. Woolf, vamos ter cenas <strong>da</strong> sua<br />

vi<strong>da</strong> pessoal <strong>no</strong> <strong>que</strong> diz respeito à sua fragili<strong>da</strong>de emocional (depressão, melancolia,),<br />

relacionamento com o marido (seu eter<strong>no</strong> companheiro e também vigia dos seus atos), sua<br />

irmã Vanessa ( <strong>que</strong> conseguia tão bem agregar a arte ao papel doméstico), sobrinhos (<strong>que</strong><br />

ironizavam as esquisitices <strong>da</strong> tia), emprega<strong>da</strong>s (Nelly e to<strong>da</strong> a crise na relação de poder ou<br />

falta dele entre patroa e emprega<strong>da</strong>).<br />

41 A atriz/ escritora Maitê Proença, lançou recentemente o livro, Uma vi<strong>da</strong> inventa<strong>da</strong> (2008), <strong>que</strong> se encaixa<br />

dentro dessas <strong>no</strong>vas técnicas narrativas, Uma vi<strong>da</strong> inventa<strong>da</strong>, onde mescla <strong>da</strong>dos biográficos, com ficção,<br />

exemplificando bem esse diálogo de um real ficionado.

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