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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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de tudo uma <strong>que</strong>stão biológica. Somente na era moderna, ela vai ser compreendi<strong>da</strong> como uma<br />

doença <strong>da</strong> alma.<br />

É com os estudos de Freud, “Luto e Melancolia” (1917) <strong>que</strong> a reflexão sobre os<br />

estados d´alma se ampliam e se organizam. Nesse estudo, onde ele relaciona a melancolia<br />

com o luto, Freud ressalta <strong>que</strong> a grande diferença é <strong>que</strong> <strong>no</strong> caso <strong>da</strong> melancolia, esta perturba a<br />

auto­estima do indivíduo, e devido a um processo simbólico de identificação, o indivíduo<br />

recrimina em si aquilo <strong>que</strong> desejaria recriminar <strong>no</strong> outro; “[...] a <strong>que</strong>ixa de si é um ódio contra<br />

o outro”. Freud ain<strong>da</strong> acrescenta <strong>que</strong> o estado melancólico é um estado doloroso, de<br />

suspensão de interesse pelo mundo exter<strong>no</strong>, de incapaci<strong>da</strong>de para amar, e através do qual<br />

também ocorre a inibição para realizar tarefas e depreciação do sentimento de si. Este último<br />

próprio do estado melancólico e diferente do estado de luto.<br />

O triste e indecifrável desse estado é, segundo Freud, <strong>que</strong> o melancólico perdeu seu<br />

objeto amado mas não sabe o <strong>que</strong> foi perdido conscientemente; talvez saiba <strong>que</strong>m perdeu, mas<br />

não sabe o <strong>que</strong> perdeu, e essa per<strong>da</strong> leva a um empobrecimento do Eu, <strong>que</strong> espera ser<br />

rejeitado e punido, levando­a aos sintomas <strong>da</strong> insônia e à recusa do alimentar­se.; “a pulsão<br />

<strong>que</strong> compele todo ser vivo a apegar­se à vi<strong>da</strong> é subjuga<strong>da</strong>” (2006, p. 106).<br />

O melancólico ao perder seu objeto, perde também o seu eu, <strong>da</strong>í primeiro fica doente<br />

para depois enxergar a reali<strong>da</strong>de. Não tem vergonha de se auto­expor, toma emprestado<br />

características do luto e do processo de regressão. Incorpora também aspectos do sadismo e<br />

tendências ao suicídio. Mas o seu conflito maior é o “conflito de ambivalência”, <strong>que</strong> abrange<br />

não só a morte, mas todos as situações <strong>que</strong> envolve amor e ódio – situações de ofensa,<br />

negligencia e decepção. Esse conflito é pré­requisito para o surgimento <strong>da</strong> Melancolia, estado<br />

<strong>que</strong> se refugia na identi<strong>da</strong>de narcísica e atua como ódio sobre o objeto substituo , resultando<br />

num estado de autofragelo. O complexo melancólico mantém uma feri<strong>da</strong> aberta; um estado de<br />

rigidez e uma impossibili<strong>da</strong>de de recolhimento (o <strong>que</strong> faz com <strong>que</strong> o melancólico viva em<br />

estado insone) (2006, p.103­122).<br />

Julia Kristeva, <strong>no</strong> seu livro Sol Negro – Depressão e Melancolia,retoma <strong>da</strong> teoria<br />

freudiana a idéia <strong>da</strong> inconsciência do melancólico referente à per<strong>da</strong> do objeto amado, e, <strong>da</strong><br />

teoria lacaniana, a idéia de um vazio ontológico e fala sobre uma tristeza profun<strong>da</strong> resultante<br />

de uma “carência congênita”, <strong>que</strong> ela de<strong>no</strong>mina de Coisa (1989, p.19) Kristeva (1989, p.11)<br />

fala <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas tragédias de ca<strong>da</strong> dia para justificar <strong>no</strong>sso desamparo:<br />

A lista <strong>da</strong>s desgraças <strong>que</strong> <strong>no</strong>s oprimem todos os dias é infinita... Tudo isto,<br />

bruscamente, me dá uma outra vi<strong>da</strong>. Uma vi<strong>da</strong> impossível de ser vivi<strong>da</strong>, carrega<strong>da</strong>

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