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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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ação, e constituído de um núcleo interior “centro”, permanecendo ao longo de sua existência<br />

o mesmo, com continui<strong>da</strong>de e “idêntico” a ele.<br />

Um outro sujeito, na concepção de Hall, o sujeito sociológico, refletia a<br />

complexi<strong>da</strong>de do mundo moder<strong>no</strong>. Um sujeito não mais auto­suficiente na sua<br />

individuali<strong>da</strong>de, mas formado na relação com o outro, mediante valores, sentidos, e símbolos,<br />

ou seja, a cultura. Um sujeito <strong>que</strong> ain<strong>da</strong> tinha o seu centro, mas modificado pelo diálogo<br />

contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as múltiplas identi<strong>da</strong>des <strong>que</strong> esses mundos<br />

oferecem (2005, p.11). Uma identi<strong>da</strong>de preenchi<strong>da</strong> então pelo mundo pessoal e pelo mundo<br />

público. Vai­se a objetivi<strong>da</strong>de <strong>que</strong> ocupamos <strong>no</strong> mundo social e cultural e vêm­se <strong>no</strong>ssos<br />

sentimentos subjetivos para a formação de um sujeito não mais único e previsível, mas<br />

fragmentado e contraditório. Esse processo produz, de acordo com Hall, o sujeito pós­<br />

moder<strong>no</strong>, caracterizado como não tendo uma identi<strong>da</strong>de essencial ou permanente. Uma<br />

“celebração móvel”, de um eu não mais coerente, definido historicamente e não mais<br />

biologicamente: “Dentro de nós há identi<strong>da</strong>des contraditórias, empurrando em diferentes<br />

direções, de tal modo <strong>que</strong> <strong>no</strong>ssas identificações estão sendo continuamente desloca<strong>da</strong>s. Se<br />

sentimos <strong>que</strong> temos uma identi<strong>da</strong>de unifica<strong>da</strong> desde o nascimento até a morte é apenas por<strong>que</strong><br />

construímos uma cômo<strong>da</strong> estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu”<br />

(2005, p. 13).<br />

O deslocamento, conceito de Ernest Laclau (1990) citado por Hall, tem características<br />

positivas como, por exemplo, a desarticulação <strong>da</strong>s identi<strong>da</strong>des estáveis do passado, e a<br />

abertura às <strong>no</strong>vas possibili<strong>da</strong>des de articulações, criação de <strong>no</strong>vas identi<strong>da</strong>des, e produção de<br />

<strong>no</strong>vos sujeitos (2005, p. 17­18).<br />

Na primeira metade do século XX, começa a surgir um sujeito <strong>que</strong> emerge dos<br />

movimentos estéticos e intelectuais associado com o surgimento do Modernismo. De acordo<br />

com Hall, aparece então “a figura do indivíduo isolado, exilado ou alienado, colocado contra<br />

o pa<strong>no</strong>­de­fundo <strong>da</strong> multidão ou <strong>da</strong> metrópole anônima e impessoal” (2005, p. 32). Hall<br />

exemplifica com o poeta Baudelairea<strong>no</strong>, “Pintor <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> moderna”, e ain<strong>da</strong> o “flâneur” de<br />

Walter Benjamin, <strong>que</strong> “vagueia entre as <strong>no</strong>vas arca<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s lojas, observando o passageiro<br />

espetáculo <strong>da</strong> metrópole” (2005, p.33).<br />

No caso de As Horas teremos essas <strong>no</strong>vas possibili<strong>da</strong>des de articulações de <strong>que</strong> fala<br />

Hall, através do eco dos personagens pelas déca<strong>da</strong>s afora e <strong>da</strong>s ressonâncias desses <strong>no</strong>vos<br />

sujeitos <strong>que</strong> se desdobram numa Mrs. Dalloway <strong>que</strong> transcende às páginas. Também a<br />

personagem de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway e mais tarde a personagem do mesmo <strong>no</strong>me<br />

de Michael Cunningham, talvez já fosse uma representação do “flâneur” de Benjamin, não

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