que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...
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ele mesmo. “Ou tão semelhante a ele quanto uma cópia pode ser toma<strong>da</strong> pelo original” (2002,<br />
p.2002). Bloom ain<strong>da</strong> diz <strong>que</strong> “todo discípulo toma alguma coisa de seu mestre”, e <strong>que</strong> [...]<br />
na<strong>da</strong> se obtém a troco de na<strong>da</strong>, e a apropriação envolve as imensas angústias do,<br />
endivi<strong>da</strong>mento, pois qual criador forte deseja compreender <strong>que</strong> não conseguiu criarse a si<br />
mesmo?(2002, p. 55).<br />
No caso específico de Michael Cunnigham se pergunta quais as “angústias do<br />
endivi<strong>da</strong>mento” em relação à sua mestra Virginia Woolf. Primeiramente a própria vi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
escritora, narra<strong>da</strong> através de fontes ditas originais e ficcionaliza<strong>da</strong>s; a técnica de Stream of<br />
Consciousness tão utiliza<strong>da</strong> por Woolf em sua escrita, mais especificamente em Mrs.<br />
Dalloway; a própria Mrs. Dalloway, romance e personagem, como também seus conflitos<br />
apropriados do romance seminal, sempre na fronteira <strong>da</strong> tradição (um romance moder<strong>no</strong>) e<br />
transgressão (um romance pósmoder<strong>no</strong>).<br />
E por entre definições de Angústias e Influências, Bloom ain<strong>da</strong> diz <strong>que</strong> “todo bom<br />
leitor deseja afogarse como se deve, mas se o poeta se afoga, tornase apenas um leitor”<br />
(2002, p. 105). Se <strong>no</strong>s reportarmos ao personagem de Laura Brown em As Horas, teremos<br />
esse desejo de afogarse literal e metaforicamente quando <strong>da</strong> cena do quarto do hotel, quando<br />
Mrs. Brown faz seu <strong>mergulho</strong> na leitura de Mrs. Dalloway e imagina se afogando<br />
simbolicamente pelos meandros do personagemtítulo do romance, como também se afogando<br />
como a personagemescritora Mrs. Woolf, referen<strong>da</strong>ndo as palavras de Bloom quando diz<br />
<strong>que</strong>: “Todo precursor es<strong>que</strong>cido tornase um gigante <strong>da</strong> imaginação” (2002, p.154).<br />
Talvez, Cunningham, com sua homenagem à Virginia Woolf não tenha conseguido<br />
superar sua angústia, pois, como ressalta Bloom, o seu poema é a sua própria angústia; a<br />
angústia <strong>da</strong> influência, bem como angústia <strong>da</strong> interpretação como finaliza Bloom: “Ca<strong>da</strong><br />
poema é uma fuga não apenas de outro poema, mas também de si mesmo, o <strong>que</strong> <strong>que</strong>r dizer<br />
<strong>que</strong> todo poema é uma interpretação distorci<strong>da</strong> do <strong>que</strong> poderia ter sido” (2002, p.168). Com<br />
essa possibili<strong>da</strong>de do “Se...” o círculo se fecha, mas se fecha não mais como o poema<br />
primeiro, mas como outro poema, “um poema não ele próprio”.