18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Interessante <strong>que</strong> esta seqüência aconteça numa estação de trem. Novamente um trem.<br />

O mesmo cenário para o texto de Virginia Woolf, “Mr. Bennett and Mrs. Brown” (1978, p.<br />

94­119), onde essa metáfora de algo <strong>que</strong> an<strong>da</strong> sobre trilhos, com vagões, escalas, pontos de<br />

parti<strong>da</strong>s e chega<strong>da</strong>s, possa representar a personagem na ficção; e nesse caso do texto <strong>da</strong><br />

personagem, a pe<strong>que</strong>na estória ficcional <strong>que</strong> Woolf escolhe para falar de teoria, o trem<br />

também está de parti<strong>da</strong> de Richmond, a mesma Richmond onde em As Horas, Mrs. Woolf<br />

espera por um trem, em busca de si mesma, numa Londres como desti<strong>no</strong>.<br />

Esta seqüência se inicia com uma campainha tocando logo a seguir a conversa <strong>que</strong><br />

Mrs. Dalloway tem com sua filha Julia, sobre o momento de felici<strong>da</strong>de em Weelfleet. Há um<br />

corte e já aparece Mrs. Woolf descendo as esca<strong>da</strong>s correndo e agita<strong>da</strong>. Ela está vesti<strong>da</strong><br />

elegantemente de marrom, com um chapéu também muito elegante, colar, um sobretudo; com<br />

este figuri<strong>no</strong>, Mrs. Woolf não está indo <strong>da</strong>r uma voltinha qual<strong>que</strong>r. Mrs. Woolf está pronta e<br />

determina<strong>da</strong> para ir à algum lugar! Interessante perceber <strong>que</strong> em to<strong>da</strong>s as se<strong>que</strong>ncias aqui<br />

analisa<strong>da</strong>s, os cortes de uma cena para outra são sempre abruptos. As técnicas de transição<br />

não se utilizam de mu<strong>da</strong>nças graduais, de fusões, fade­in ou fade­out. A edição de mu<strong>da</strong>nças<br />

instantâneas de uma imagem para outra por si só, comenta per se, a fusão dessas mulheres e<br />

os <strong>espaço</strong>s físicos e temporais por elas vividos.<br />

Ela passa pelo jardim sorrateiramente, e aproveita <strong>que</strong> Mr. Woolf está imerso com as<br />

mãos na terra, cui<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong>s plantas, e passa sem ser vista. Ela atravessa o portão, <strong>que</strong> tem<br />

uma forma de portal de ramas e sai a passos largos e firmes por um beco também marrom e<br />

estreito.Tem a impressão de <strong>que</strong> está deixando para trás a carne <strong>que</strong> cozinha, as lâmpa<strong>da</strong>s<br />

acesas e entrou <strong>no</strong> “rei<strong>no</strong> do pássaro morto” (CUNNINGHAM, 1998, p. 133). Leonard parece<br />

<strong>que</strong> pressente, pois já vive em estado de assombro, e por entre pás e flores, ain<strong>da</strong> com as mãos<br />

finca<strong>da</strong>s na terra, ouve um cachorro <strong>que</strong> late, e entra em casa. O latido do cachorro ao longe,<br />

parece <strong>que</strong> corta o silêncio de uma aparente tranqüili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do casal; um lati<strong>no</strong> <strong>que</strong><br />

mais indica um sinal de alerta do <strong>que</strong> propriamente um simples complemento de um cotidia<strong>no</strong><br />

doméstico banal.<br />

Temos na seqüência uma repetição <strong>da</strong> cena do Prólogo. Leonard tira os sapatos, o<br />

casaco, abre uma porta, procura por Mrs. Woolf <strong>no</strong> escritório; vai à cozinha, a serviçal corta<br />

batatas, há um pacto de olhares <strong>que</strong> são cúmplices <strong>da</strong><strong>que</strong>la situação. Leonard encontra Nelly<br />

<strong>que</strong> avisa com o ar de <strong>que</strong>m pensasse <strong>que</strong> ele estava ciente <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua patroa. Leonard se<br />

surpreende e corre exatamente como na cena do Prólogo, só <strong>que</strong> desta vez, irá encontrá­la. Ele<br />

também atravessa o portal de ramas, duvi<strong>da</strong> qual caminho a tomar na<strong>que</strong>le beco<br />

aparentemente sem saí<strong>da</strong>, corre pelas ruas desesperado, por entre os carros e finalmente entra

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!