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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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practices, discourses and instituitions that lend significance (value, meaning, and<br />

affect) to the events of the world. (1984, p. 159) 17<br />

Laurettis faz essa discussão do <strong>que</strong> seja Experiência, elaborando teoréticamente<br />

confrontando teorias de significação e conceitos sobre o sujeito, mais específicamente sobre o<br />

sujeito “femini<strong>no</strong>” para ela definido pelo silêncio, negativi<strong>da</strong>de, sexuali<strong>da</strong>de natural, ou uma<br />

proximi<strong>da</strong>de natural e não comprometi<strong>da</strong> pela cultura patriarcal. Lauretis afirma <strong>que</strong> esteja ele<br />

nu ou vestido pela cultura ou história, o sujeito huma<strong>no</strong> é sempre masculi<strong>no</strong> (1984, p.160­61).<br />

A vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mulheres, e sua representação na literatura sempre foi preocupação <strong>da</strong><br />

escritora Virginia Woolf. Cunningham também vai tomar emprestado esse viés para recontar<br />

sua estória do mundo femini<strong>no</strong>. Essa condição vai ser problematiza<strong>da</strong> através <strong>da</strong> experiência<br />

e trajetória <strong>feminina</strong> <strong>da</strong>s três personagens, vivendo numa socie<strong>da</strong>de patriarcal, através <strong>da</strong>s<br />

quais algo irá se sobrepor em detrimentos de outras, mas <strong>no</strong> fim to<strong>da</strong>s vivem e convivem com<br />

os mesmos assombros, diferenciando talvez o nível de dificul<strong>da</strong>de e percepção de ca<strong>da</strong> uma<br />

<strong>da</strong>s três.<br />

Virginia Woolf discutiu incessantemente a comunicação <strong>da</strong> experiência; a<br />

superiori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> experiência masculina frente às “bagatelas” 18 do universo cotidia<strong>no</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s mulheres. Já em Mrs. Dalloway o personagem de Peter Walsh, um viajante por convicção,<br />

fala <strong>da</strong>s compensações de envelhecer como uma aquisição de um poder supremo <strong>que</strong> dá sabor<br />

á existência, e ele <strong>no</strong>meia esse poder como o poder de se apropriar <strong>da</strong> experiência. (WOOLF,<br />

1980, 78).<br />

Esse resgate <strong>da</strong> experiência <strong>feminina</strong>, desde sempre relega<strong>da</strong> ao es<strong>que</strong>cimento e<br />

obscurantismo, perfaz tema central tanto na ficção de Woolf, quanto <strong>no</strong>s seus ensaios críticos.<br />

O problema é <strong>que</strong> tal experiência, principalmente a experiência doméstica, se baseia <strong>no</strong><br />

inefável e na invisibili<strong>da</strong>de. Para Woolf, a experiência fazia parte de uma discussão nevrálgica<br />

nas suas preocupações ensaísticas, onde esteve sempre a <strong>que</strong>stionar a superiori<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

experiência masculina em detrimento <strong>da</strong> experiência dita insignificante <strong>da</strong>s mulheres. E ela<br />

explica esse desconhecimento <strong>da</strong> experiência <strong>feminina</strong> <strong>no</strong> seu ensaio “Women and Fiction”<br />

quando diz:<br />

17 Subjetivi<strong>da</strong>de é uma construção em an<strong>da</strong>mento e, não um ponto fixo de parti<strong>da</strong>, ou chega<strong>da</strong>, através do qual<br />

alguém interage com o mundo. Ao contrário, é o efeito dessa interação – ao qual eu chamo de Experiência; assim<br />

ela é produzi<strong>da</strong> não por idéias externas, valores, ou coisas materiais, mas pela subjetivi<strong>da</strong>de pessoal de alguém,<br />

seu engajamento com as práticas, discursos e instituições <strong>que</strong> provocam significação (valor, significação e efeito<br />

para com os acontecimentos do mundo).<br />

18 Com a expressão “bagatelas” refiro­me ao título peça Triffles de Susan Glaspell (Teatro de Susan Glaspell:<br />

cinco peças. Lucia V. Sander (organização), impresso pela Seção de Imprensa, Educação e Cultura <strong>da</strong><br />

Embaixa<strong>da</strong> dos Estados Unidos <strong>da</strong> América, Brasília D.F., abril de 2003.

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