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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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Cunningham faz uma escolha também especial quanto às <strong>da</strong>tas escolhi<strong>da</strong>s: 1923 – o início do<br />

século XX ; século <strong>no</strong> qual Woolf escreve seu romance Mrs. Dalloway; romance <strong>que</strong><br />

desencadeia to<strong>da</strong> a teia de As Horas; 1950 – cro<strong>no</strong>logicamente escolhido enquanto<br />

meio/metade de um século; e também o período pós­guerra e o <strong>que</strong> tudo isso representou em<br />

termos sociais, e 2001 – emblemáticos a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> contemporanei<strong>da</strong>de; do <strong>no</strong>vo milênio e <strong>no</strong>vos<br />

paradigmas. Enfim, <strong>no</strong>vas horas <strong>que</strong> poderão surgir e a vi<strong>da</strong> continuar como acontece <strong>no</strong> final<br />

do romance e <strong>que</strong> Laura Brown se contenta: “Nós fizemos o melhor <strong>que</strong> podemos, <strong>que</strong>ri<strong>da</strong>. É<br />

tudo o <strong>que</strong> uma pessoa pode fazer, não é mesmo?” (CUNNINGHAM, 1998, p. 73). E Clarissa<br />

Vaughn mais na frente responde:<br />

[...] está na hora deste dia acabar. Nós <strong>da</strong>mos <strong>no</strong>ssas festas; abandonamos <strong>no</strong>ssas<br />

famílias para viver <strong>no</strong> Canadá; nós <strong>no</strong>s digladiamos para escrever livros <strong>que</strong> não<br />

mu<strong>da</strong>m o mundo, a despeito de <strong>no</strong>ssos dons e de <strong>no</strong>ssos imensos esforços, <strong>no</strong>ssas<br />

esperanças mais extravagantes. Vivemos <strong>no</strong>ssas vi<strong>da</strong>s, fazemos <strong>no</strong>ssas coisas,<br />

depois dormimos – é simples assim, comum assim. Alguns se atiram <strong>da</strong> janela,<br />

outros se afogam, tomam pílulas; muitos mais morrem em algum acidente; e a<br />

maioria de nós, a grande maioria, é devora<strong>da</strong> por alguma doença ou, quando temos<br />

muita sorte, pelo próprio tempo. Existe apenas isto como consolo: uma hora, em um<br />

momento ou outro, [...] (CUNNINGHAM, 1998, p.176).<br />

As Horas por fim, põe fim à sua história concluindo: “E eis aqui a própria Clarissa,<br />

não mais Mrs. Dalloway; não há mais ninguém para chamá­la assim. Aqui está ela, com mais<br />

uma hora pela frente” (CUNNINGHAM, 1998, p.176). Hora essa <strong>que</strong> pode ser muito bem<br />

li<strong>da</strong> como um tempo futuro; ou será mesmo presente?<br />

Quando tudo mais acabar, ain<strong>da</strong> resta a minha História<br />

( Samuel Beckett )

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