18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

´eu`político (<strong>que</strong> ela chama do eu <strong>da</strong> decisão), o ´eu` teórico (o eu <strong>da</strong> suspeita), e o ´eu`<br />

estético (o eu <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong> literatura: o eu <strong>da</strong> pulsão criativa e do transbor<strong>da</strong>mento metafórico).<br />

E dentre tantos ´eus`, as margens se reúnem fora <strong>da</strong>s regras <strong>no</strong>rmativas para se constituírem<br />

em: “o não­integrado, o difuso, o errante, o desconexo, o <strong>que</strong> vaga fora <strong>da</strong>s totalizações<br />

identitárias” (RICHARDS, 2002, p. 166)<br />

Ao mesmo tempo, de acordo com Richards, as mulheres já não podem descansar na<br />

substancialização de um ´nós`, re­unificador do heterogêneo e do descontínuo; o feminismo<br />

não renuncia completamente à idéia de <strong>que</strong> um traço de união reagrupe ´as mulheres´, sob a<br />

referência coletiva de um ´nós`, uma vez <strong>que</strong> sem a base operacional desse ´nós` não existe<br />

luta política.<br />

Richards ain<strong>da</strong> pontua <strong>que</strong> a <strong>no</strong>va versão <strong>da</strong> crítica feminista <strong>que</strong>r desmontar a<br />

uni<strong>da</strong>de categorial do sig<strong>no</strong> ´mulher` e promover um <strong>no</strong>madismo baseado <strong>no</strong> posicional e <strong>no</strong><br />

articulatório, onde tenta apagar as diferenças entre as mulheres, e ocultar as falhas, as<br />

rupturas e os intervalos <strong>que</strong> dissociam ca<strong>da</strong> ´ser mulher`. E aí aparece o nó <strong>da</strong>s tensões e<br />

dilemas: Pode o feminismo continuar falando em <strong>no</strong>me <strong>da</strong>s ´mulheres`, se tal reali<strong>da</strong>de é<br />

­ interna e externamente ­ tão plural e contraditória, <strong>que</strong> o significado ´mulher` se<br />

dispersa fora de qual<strong>que</strong>r uni<strong>da</strong>de coerentemente programável? (grifo meu).<br />

Freud perguntou o <strong>que</strong> <strong>que</strong>riam as mulheres? Maitena, a cartunista argentina, na sua<br />

irreverência, tentou responder, mas somente em <strong>no</strong>me de algumas mulheres: Tudo! Realizar­<br />

se fazendo coisas criativas; encontrar um homem <strong>que</strong> as ame, admire e sustente (sic), mas sem<br />

sufocar e dominar; ter uma relação estável e duradoura, mas sem perder o tesão; ter filhos<br />

encantadores, mas por enquanto não se tem tempo para pensar nisso..; ser reconheci<strong>da</strong>s pelo<br />

intelectual, mas também ser lin<strong>da</strong>, magra e sem celulite e ser realistas, intrasigentes, analíticas<br />

e lúci<strong>da</strong>s. Mas felizes. (MAITENA, 2005, p. 184, grifo meu)<br />

O feminismo desenha essas articulações contingentes dos eus ou dos nós, encenando<br />

diferentes significados de aliança e coalizões. Trata­se de processos <strong>que</strong> se movem em direção<br />

a múltiplos locais de redefinição contextual, e graças a essas estratégias móveis, podemos<br />

dizer <strong>que</strong> o ´sujeto`do feminismo ­ o sujeito como construto, como o define Teresa de<br />

Lauretis, cita<strong>da</strong> por Richards, são “as mulheres”, quando <strong>no</strong>s é necessário produzir afini<strong>da</strong>des<br />

coletivas; ou <strong>que</strong> o sujeito do feminismo é “o gênero”, quando <strong>no</strong>s convenha insistir <strong>no</strong><br />

caráter relacional do sistema de poder sexual, ou ain<strong>da</strong>, <strong>que</strong> o sujeito do feminismo é “a<br />

operação crítica do feminismo”, quando falamos <strong>da</strong>s múltiplas forças de dissidência de<br />

identi<strong>da</strong>de <strong>que</strong> exce<strong>da</strong>m o realismo sexual dos corpos de mulheres; ou finalmente, <strong>que</strong> o<br />

sujeito do feminismo é “a corporali<strong>da</strong>de­mulher” quando necessitamos um limite ao

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!