que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...
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Dentre tantas formulações teóricas, umas delas será aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> na seção seguinte, “A<br />
Fa<strong>da</strong> do lar”, por entender <strong>que</strong> essa teoria desenvolvi<strong>da</strong> por Woolf, dialoga mais de perto com<br />
o meu foco de subjetivi<strong>da</strong>de.<br />
3.1 A EXPERIÊNCIA DA “FADA DO LAR”<br />
O pósmodernismo defende um sujeito autô<strong>no</strong>mo, plural e heterogêneo, em<br />
contraponto ao sujeito racional, fixo e unificado, do<strong>no</strong> de uma ver<strong>da</strong>de absoluta e universal<br />
proposto desde uma concepção iluminista. Como resultado desse <strong>no</strong>vo sujeito histórico<br />
cultural, uma <strong>no</strong>va subjetivi<strong>da</strong>de também se revela não mais uma subjetivi<strong>da</strong>de também única<br />
e fixa, mas uma subjetivi<strong>da</strong>de onde a contradição e a fragmentação se fazem muito mais<br />
presentes.<br />
Na construção desse <strong>no</strong>vo sujeito, <strong>no</strong> caso específico o sujeito femini<strong>no</strong>, fazse<br />
necessário desconstruir a representação <strong>da</strong> mulher até então eleita por uma socie<strong>da</strong>de<br />
patriarcal. Virginia Woolf, <strong>no</strong> seu famoso ensaio “The angel in the house”, se mostra<br />
determina<strong>da</strong> a matar essa mulher defini<strong>da</strong> assim por ela:<br />
She was intensely sympathetic. She was immensely charming. She was utterly<br />
unselfish. She excelled in the difficult arts of family life. She sacrificed herself <strong>da</strong>ily<br />
[...] She never had a mind or a wish of her own, but preferred to sympathise always<br />
with the minds and wishes of others (WOOLF, 1996, p. 59). 32<br />
Na sua obra, Woolf cria uma <strong>no</strong>va representação desse sujeito não mais unificado, e<br />
faz surgir um <strong>no</strong>vo sujeito, mais fluido e mais próximo <strong>da</strong>s abstrações do inconsciente. Ao<br />
envere<strong>da</strong>r pela heterogenei<strong>da</strong>de, pelas diversi<strong>da</strong>des e pelos fragmentos de uma <strong>no</strong>va lógica<br />
fratura<strong>da</strong> e múltipla, Virginia vai ser critica<strong>da</strong> pelo escritor/teórico Inglês E. M. Forster, <strong>que</strong> a<br />
julga incapaz de criar enredos e personagens: “She dreams, designs, jokes, invokes, observes<br />
details, but she does <strong>no</strong>t tell a story or weave a plot, and – can she create character? That is<br />
her problem´s centre” (FORSTER apud SPRAGUE, 1971, p.19). 33 Interessante perceber <strong>que</strong><br />
ele aponta exatamente para o foco de Woolf na criação de sua <strong>no</strong>va estética para o romance: o<br />
32 Ela era intensamente compreensiva. Ela era imensamente charmosa. Era não era na<strong>da</strong> egoísta. Ela se superava<br />
na difícil arte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> familiar. Ela se sacrificava diariamente. [...] Ela nunca tinha opinião ou desejo próprio,<br />
mas preferia ser compreensiva sempre para com as mentes e os desejos dos outros.<br />
33 Ela sonha, designa, brinca, invoca, observa detalhes, mas nunca conta uma estória ou tece um enredo, e – será<br />
<strong>que</strong> ela pode criar um personagem? Este é o seu problema central.