18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

utilizará, e <strong>que</strong> Virginia Woolf descreve tão bem <strong>no</strong> seu ensaio “Professions for Women”, <strong>no</strong><br />

qual ela menciona o estado <strong>da</strong> escrita do romance como um estado de transe (WOOLF, 1996,<br />

p.61), o <strong>que</strong> só corrobora essa facul<strong>da</strong>de <strong>que</strong> a Mrs. Woolf descreve:<br />

É uma facul<strong>da</strong>de interior <strong>que</strong> reconhece os mistérios animados do mundo....Escrever<br />

nesse estado é a satisfação mais profun<strong>da</strong> <strong>que</strong> conhece, mas seu acesso a ele vai e<br />

vem, sem aviso. Um dia pode apanhar a caneta e segui­lo com a mão <strong>que</strong> se move<br />

pelo papel; num outro , pode pegar a caneta e descobrir <strong>que</strong> é apenas ela mesma,<br />

uma mulher de chambre segurando uma caneta, com medo e incerta, apenas<br />

razoavelmente competente, sem a mínima idéia de onde começar ou do <strong>que</strong> escrever<br />

(CUNNINGHAM, 1998, p. 34).<br />

Os mundos de Virgínia em As Horas são tão explícitos <strong>no</strong>s seus pensamentos quando<br />

diante <strong>da</strong> concretude do tangível do cotidia<strong>no</strong>; mundo dos vivos frente ao mundo sutil dos<br />

mortos: “é real; é sufocante e real. É, de certa forma, mais suportável, mais <strong>no</strong>bre, neste<br />

momento, do <strong>que</strong> a carne de vaca e as lâmpa<strong>da</strong>s.” (CUNNINGHAM, 1998, p. 133). Ou ain<strong>da</strong><br />

quando se depara frente às suas dores de cabeça entre as quatro paredes de seu quarto e o<br />

“rei<strong>no</strong> dos pássaros” e se define: “Ela é só ela mesma, ali para<strong>da</strong>, com um marido em casa,<br />

criados, tapetes, almofa<strong>da</strong>s e lâmpa<strong>da</strong>s. Ela é ela mesma.” (CUNNINGHAM, 1998, p. 133). E<br />

por fim textualmente <strong>no</strong>s apresenta esse mundo: “Eis aqui, então o mundo (casa, céu, uma<br />

primeira estrela hesitante) e eis aqui seu oposto, esta pe<strong>que</strong>na mancha escura num círculo de<br />

rosas” (CUNNINGHAM, 1998, p. 133).<br />

Mais recentemente, por ocasião de uma <strong>no</strong>va edição de Virginia Woolf ­ A casa de<br />

Carlyle e outros esboços, a ganhadora do prêmio Nobel de Literatura 2007, Doris Lessing<br />

escreve na Introdução do livro um comentário sobre o filme As Horas, onde critica a imagem<br />

<strong>da</strong> romancista sensível e sofredora retrata<strong>da</strong> por Cunningham. E pergunta: “Onde está a<br />

mulher maliciosa e cruel <strong>que</strong> de fato era?.... A posteri<strong>da</strong>de, ao <strong>que</strong> parece, tem de suavizar e<br />

tornar respeitável, abran<strong>da</strong>r e polir, incapaz de ver <strong>que</strong> o áspero, o bruto, o discor<strong>da</strong>nte podem<br />

ser a fonte e o alimento <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de” (2003, p.10). Lessing compartilha com algumas <strong>da</strong>s<br />

críticas <strong>que</strong> surgiram na época, de Woolf ser retrata<strong>da</strong> como uma mulher/escritora<br />

estereotipa<strong>da</strong>, histérica, <strong>que</strong> só fumava e rasgava papel. No entanto, Lessing reconhece <strong>que</strong>,<br />

na sua época não era fácil ser uma mulher escritora, e ain<strong>da</strong> não o é (2003, p.14).<br />

Os problemas apontados como “autentici<strong>da</strong>de” e “veraci<strong>da</strong>de” <strong>da</strong> costura <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

escritora Virginia e <strong>da</strong> personagem de Cunningham, ficam, portanto, solucionados, de acordo<br />

com as palavras de Wolfgang Iser:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!