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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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texto lido é um texto singular, um texto recriado, a ver<strong>da</strong>de se encontra na lógica<br />

interpretativa consciente e inconsciente, de ca<strong>da</strong> leitor. Aparece a Digressão, um<br />

descarrilhamento de um eixo inicial do texto – o fluir, formação do inconsciente, paradoxo do<br />

presente e ausente, criando um texto subterrâneo – inconsciente. O <strong>espaço</strong> digressivo se<br />

tornando um momento; e tudo passando a depender do leitor. Ninguém lê um texto idêntico!<br />

A digressão é um desvio do sujeito de leitura em relação ao texto. Um texto latente,<br />

manifesto, um texto móvel. Digressão – igual a ato falho, lapso, es<strong>que</strong>cimento, tomar atalho<br />

para o centro nevrálgico do ´assunto´ <strong>da</strong> obra em seu caráter fugidio de energia livre.<br />

A ficção pós­moderna também assumirá uma compreensão diferente <strong>no</strong> <strong>que</strong> diz<br />

respeito à representação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong>de; reconhece a<br />

diferença e incorpora em seus textos diversi<strong>da</strong>de multicultural e étnica do mundo ocidental;<br />

elimina a antiga distinção entre a cultura erudita e a popular em suas diversas manifestações.<br />

Também faz parte dos conceitos do pós­modernismo, a teoria <strong>da</strong> intertextuali<strong>da</strong>de,<br />

<strong>que</strong> afirma <strong>que</strong> um texto não pode existir como um todo auto­suficiente e, portanto, não<br />

funciona como um sistema fechado. Isto se dá por<strong>que</strong> o(a) escritor(a) é, também um(a)<br />

leitor(a) de textos,e, por conseguinte, a sua obra literária já começa inevitavelmente carrega<strong>da</strong><br />

de influências, referências, alusões e citações de todo tipo. Por outro lado, o <strong>que</strong> é produzido<br />

<strong>no</strong> momento <strong>da</strong> leitura pode ser atribuído a uma fertilização múltipla do texto lido por todos<br />

os textos <strong>que</strong> os leitores, em seu processo de leitura, aportam a ele, como Hutcheon citando<br />

Barthes define o intertexto: “a impossibili<strong>da</strong>de de viver fora do texto infinito” (HUTCHEON,<br />

1991, p. 167).<br />

No filme Um livro de Cabeceira (GREENWAY, 1996), ilustra bem essas inquietações<br />

sobre intertextuali<strong>da</strong>de, através de uma seqüência em <strong>que</strong> a escritora coloca perguntas diante<br />

<strong>da</strong>s dúvi<strong>da</strong>s quanto à auto­suficiência de um livro: Onde fica o livro antes dele nascer? Será<br />

<strong>que</strong> ele precisa de um pai e uma mãe? Um livro pode nascer dentro de outro? Onde está o pai<br />

dos livros? Qual o tempo de gestação para <strong>que</strong> um livro possa nascer?<br />

A teoria <strong>da</strong> intertextuali<strong>da</strong>de, <strong>no</strong> entanto, se fez presente muito antes do pós­<br />

modernismo. Desde o final do século XIX, <strong>que</strong> a multiplicação dos significados vem exigir<br />

uma leitura múltipla, e uma única voz unifica<strong>da</strong> já não é suficiente para representar também<br />

os múltiplos temas e discursos. O texto literário esteve sempre relacionado a textos anteriores,<br />

a exemplo <strong>da</strong> Bíblia <strong>que</strong> esteve sempre perfila<strong>da</strong> com as grandes obras dos textos greco­<br />

lati<strong>no</strong>s, como comenta Leyla Perrone­Moisés resumindo <strong>que</strong>: “[...] A literatura sempre nasceu<br />

<strong>da</strong> e na literatura” (2005, p. 62).

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