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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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contribui para expandir o alcance do <strong>mergulho</strong>, uma vez <strong>que</strong> esse <strong>mergulho</strong> irradia em direção<br />

ao infinito (HUGHES, 2004, p. 351­357).<br />

Essa contribuição acontece pelo fato de As Horas se constituír num modelo de arte<br />

pós­moderna. Primeiro pelo fato de romper com a lineari<strong>da</strong>de, com suas estórias <strong>que</strong> salpicam<br />

por todos os lados, com pontos de intersecção de conexão expandindo assim os “circles<br />

widens” até alcançar outras dimensões. Dimensões essas <strong>que</strong> Virginia Woolf menciona<br />

quando <strong>da</strong> construção de seus personagens, em <strong>que</strong> ela fala desse processo como uma<br />

descoberta <strong>que</strong> se assemelha à escavação de “[...] bonitas cavernas por trás dos personagens:<br />

creio <strong>que</strong> isto me oferece exatamente o <strong>que</strong> <strong>que</strong>ro: humani<strong>da</strong>de, humor, profundi<strong>da</strong>de. A idéia<br />

é <strong>que</strong> as cavernas possam se conectar e <strong>que</strong> ca<strong>da</strong> uma venha à tona <strong>no</strong> momento presente”<br />

(HUGHES, 2004, p. 357).<br />

E foi bebendo dessa fonte, cavando dessas cavernas e nesse acréscimo dos círculos,<br />

<strong>que</strong> Cunningham se apropriou de As Horas para o título do seu romance, fazendo ressoar<br />

ain<strong>da</strong> mais a pretensão de uma obra de arte pós­moderna, mas <strong>que</strong> ao mesmo tempo carrega a<br />

tradição dentro de si mesma. Nessa relação entre o modernismo e o pós­modernismo, vimos<br />

<strong>que</strong> esse último não é apenas uma continui<strong>da</strong>de do primeiro. Através de As Horas, percebe­se<br />

também <strong>que</strong> o pós­modernismo mantém uma relação de dependência com o modernismo,<br />

uma vez <strong>que</strong> se utiliza <strong>da</strong>s convenções do modernismo, mas também critica e re­avalia esse<br />

passado, assim como o presente.<br />

No caso de As Horas, o romance/filme começa com a morte de Virginia Woolf, ao<br />

mesmo tempo <strong>que</strong> sua vi<strong>da</strong> deriva do romance <strong>que</strong> a mesma Woolf escreveu. Mas<br />

especificamente, sua vi<strong>da</strong> advém <strong>da</strong> alma de Virginia Woolf, cujo ato de escrever é<br />

representado como uma descendência de um outro self. Hughes acredita <strong>que</strong> é esse outro self<br />

de Woolf <strong>que</strong> alimenta Laura Brown, um personagem <strong>que</strong> não tem sua contraparti<strong>da</strong> em Mrs.<br />

Dalloway. Ela é a leitora de literatura, de Mrs. Dalloway e <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de de Virginia Woolf de<br />

criar beleza.<br />

Clarissa Vaughn, assim como Clarissa Dalloway, também está a criar. Sua criativi<strong>da</strong>de<br />

está <strong>no</strong>s seus esforços em trazer alegria para a vi<strong>da</strong> dos outros, através <strong>da</strong> festa <strong>que</strong> irá <strong>da</strong>r<br />

para Richard. Richard, <strong>que</strong> por sua vez, <strong>da</strong><strong>que</strong>le meni<strong>no</strong> tristonho e perdido, se transformará<br />

num poeta. Richard Worthington Brown, seguirá adiante com a herança de Virginia Woolf; e<br />

assim como Woolf e como sua mãe, também vai se sentir atraído pela morte. A per<strong>da</strong> <strong>da</strong> mãe,<br />

e de Clarissa também se transformarão em arte, em criação; morte em vi<strong>da</strong> e ressurreição,<br />

gerando mais poder de gerar, mais vi<strong>da</strong>.

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