18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Essa Seqência é um exemplo intrigante de como o filme costura o real x imaginário<br />

colocando a passagem em <strong>que</strong> o personagem de Laura Brown¨(<strong>no</strong> filme vivido pela atriz<br />

Julianne Moore), <strong>que</strong> lê o romance Mrs. Dalloway, é hospe<strong>da</strong><strong>da</strong> num quarto de hotel, e<br />

“imagina” um suicídio, <strong>que</strong> por sua vez é a repetição <strong>da</strong> Sequência 1, <strong>que</strong> é antecipa<strong>da</strong> pelo<br />

Prólogo e concretiza<strong>da</strong> <strong>no</strong> final do filme, a do suicido do personagem de Mrs. Woolf.<br />

Nesta Seqüência vamos ter a inseparabili<strong>da</strong>de de tempo e <strong>espaço</strong> mostrando a<br />

relativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s duas categorias de <strong>que</strong> fala Tânia Pellegrini. Segundo ela:<br />

O tempo <strong>que</strong> é invisível, é preenchido com o <strong>espaço</strong> ocupado por uma seqüência de<br />

imagens visíveis: misturam­se, assim , o visível e invisível....Desse modo, ele<br />

condensa o curso <strong>da</strong>s coisas, pois contém o antes <strong>que</strong> se prolonga <strong>no</strong> durante e <strong>no</strong><br />

depois, significando a passagem, a tensão do próprio movimento representado em<br />

imagens dinâmicas, não mais capturado num instante pontual, estático,... (2002, p.<br />

18)<br />

A Seqüência se inicia com Laura Brown dirigindo o carro ain<strong>da</strong> em alta veloci<strong>da</strong>de,<br />

quando para em frente a um hotel, como <strong>que</strong> tivesse ain<strong>da</strong> hesitando <strong>no</strong> <strong>que</strong> fazer. O som alto<br />

dos pneus vai contrastar com a suavi<strong>da</strong>de dos seus passos ao entrar <strong>no</strong> saguão do hotel.<br />

Simultaneamente, a casinha de brin<strong>que</strong>do <strong>que</strong> seu filho pe<strong>que</strong><strong>no</strong> Richard acabara de construir<br />

vai pelos ares, ou melhor, desaba pelo chão, antecipando (foreshadowing) e referen<strong>da</strong>ndo a<br />

incapaci<strong>da</strong>de de Laura em administrar o <strong>espaço</strong> doméstico físico e o psicológico. Laura só<br />

pede uma coisa ao recepcionista: não ser perturba<strong>da</strong>. A pergunta <strong>que</strong> se faz é: de <strong>que</strong> Laura<br />

não <strong>que</strong>r ser perturba<strong>da</strong>? Laura não <strong>que</strong>r ser perturba<strong>da</strong> pelo mundo, pelo barulho <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<br />

pois na<strong>que</strong>le momento ela está indo em direção <strong>da</strong> sua própria morte, ou pelo me<strong>no</strong>s do seu<br />

pla<strong>no</strong>, como vai confessar posteriormente na cena final à Clarissa Vaughn.<br />

Em segui<strong>da</strong> teremos Laura Brown <strong>no</strong> quarto do hotel, com ela deita<strong>da</strong> <strong>no</strong> meio <strong>da</strong><br />

cama onde a câmera se posiciona em forma de “Tilt”, ou seja, em inclinação e numa<br />

perspectiva de cima para baixo. Esse posicionamento <strong>da</strong> câmera só reforça um sentimento de<br />

baixa estima e deslocamento de Mrs. Brown; Laura está se sentido pe<strong>que</strong>na e na cena está<br />

confina<strong>da</strong> entre 4 paredes literalmente. Suavemente ela tira os sapatos, abre a bolsa, retira<br />

alguns remédios e arruma­os simetricamente, um a um, ao seu lado na cama; a simetria e<br />

organização dos remédios, enfatizando a utilização desse <strong>espaço</strong> como um comentário<br />

indireto <strong>que</strong> contrasta com a sua desordem interna, sua solidão, e sua identi<strong>da</strong>de fragmenta<strong>da</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!