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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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<strong>que</strong>stionamento: qual o papel do femini<strong>no</strong> <strong>no</strong> decorrer <strong>da</strong> História, <strong>que</strong> é predominantemente<br />

patriarcal?” (2006, p. 54).<br />

3.2 A EXPERIÊNCIA DA MELANCOLIA: DESLOCAMENTO E DOR PSÍQUICA.<br />

“Melancolia – Valsa triste <strong>que</strong> toca dentro <strong>da</strong> gente de repente”<br />

(Adriana Falcão)<br />

Um traço comum nas três personagens de As Horas é a melancolia. Melancolia<br />

enquanto experiência de inadequação e dor psíquica.<br />

Na casa em Paris onde morou Camile Claudel, e onde purgou seu amor por Rodin,<br />

está escrito uma de suas frases mais esclarecedoras doa paradoxo <strong>da</strong> Melancolia: “Há<br />

qual<strong>que</strong>r coisa de ausente <strong>que</strong> me atormenta”, citado por PIRES, em seu artigo “Ao sabor <strong>da</strong>s<br />

´Horas´”.<br />

Em As Horas, as mulheres estão sempre de luto e em estado de melancolia. Sabem <strong>que</strong><br />

perderam alguma coisa e sentem­se empobreci<strong>da</strong>s inconscientemente. Mrs. Woolf recusa­se a<br />

se alimentar e não dorme; Mrs. Brown também tem insônia, e de alguma forma sente­se<br />

rejeita<strong>da</strong> pelo papel <strong>que</strong> deveria desempenhar com maestria e não consegue fazer as tarefas do<br />

dia; Mrs. Dalloway tem consciência do <strong>que</strong> perdeu ; talvez não de <strong>que</strong>m perdeu, pois sua<br />

per<strong>da</strong> transcende a per<strong>da</strong> de Richard. Mrs. Dalloway perdeu algo de si junto com seu passado,<br />

e <strong>da</strong>s três, é a única <strong>que</strong> não se pune. Mrs. Brown, ao contrário <strong>da</strong>s três, é a <strong>que</strong> tem o <strong>que</strong> a<br />

faz diferenciar­se do luto descrito por Freud: tem depreciação do sentimento de si; se<br />

constrange perante Kitty, se acha inferior ao seu lugar, e não se vê merecedora de um marido<br />

tão bom. No quarto do hotel onde tenta embarcar nas águas metafóricas do rio Ouse, Mrs.<br />

Brown também entra num processo de regressão, quando se vê em posição fetal. E por fim, <strong>no</strong><br />

seu processo de complexo melancólico e com suas feri<strong>da</strong>s expostas, viaja para o Canadá, num<br />

estado de completo autofragelo e seguindo assim o <strong>que</strong> Freud chamou de “conflito de<br />

ambivalência”.<br />

A reflexão sobre a melancolia remonta à Antigui<strong>da</strong>de. A <strong>que</strong>stão <strong>da</strong> bílis negra, dos<br />

humores e dos seus componentes (sangue, bile amarela e a pituíta), fazia <strong>da</strong> melancolia antes

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