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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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4.3. O MERGULHO EM AS HORAS – O FILME<br />

“Eis aqui o mundo cotidia<strong>no</strong>, um filme sendo feito, um rapaz porto­<br />

ri<strong>que</strong>nho levantando o toldo de um restaurante com uma vareta<br />

pratea<strong>da</strong>. Eis aqui o mundo, você vive nele e é grata por isso.”<br />

(Cunningham)<br />

A correnteza de águas turvas de um rio <strong>que</strong> corre...Na<strong>da</strong> mais sombrio, para sinalizar o<br />

tempo fugidio <strong>que</strong> escorrega por entre os dedos à <strong>no</strong>ssa revelia. Águas, <strong>que</strong> assim como o<br />

tempo, não podemos aprisionar. Pelo contrário, somos suas prisioneiras. O tempo, os minutos<br />

<strong>que</strong> se esvaem, a inexorabili<strong>da</strong>de dos segundos, as escolhas, a busca pela felici<strong>da</strong>de, a vi<strong>da</strong>, o<br />

suicídio, a morte; temas <strong>que</strong> afligiram to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> escritora Virginia Woolf, e <strong>que</strong> é trazido<br />

<strong>no</strong>vamente à tona na a<strong>da</strong>ptação do livro homônimo de Michael Cunningham, As Horas,<br />

(também uma a<strong>da</strong>ptação dos a<strong>no</strong>s 90, de Mrs. Dalloway), teve direção de Stephen Daldry e<br />

roteiro do dramaturgo e roteirista Inglês David Hare, <strong>que</strong> soube tecer, cerzir, e bor<strong>da</strong>r com<br />

uma exímia maestria de costureira, o famoso bou<strong>que</strong>t de flores de Mrs. Dalloway, os links de<br />

uma estória/personagem com a outra, fazendo uso de uma fotogenia 61 rica de rimas visuais,<br />

metáforas, e criando to<strong>da</strong> uma atmosfera e alma poética, <strong>que</strong>m sabe inspirado na poesia de<br />

existência de Virginia Woolf. Epstein, citado por Cañizal, definia o poema como uma<br />

“cavalga<strong>da</strong> de metáforas <strong>que</strong> se empinam” (1996, p. 359­360). Acho <strong>que</strong> As Horas, se faz um<br />

<strong>espaço</strong> onde esse poder plástico <strong>da</strong> imagem cinematográfica se impinam sobre sejam as<br />

flores, sejam os espelhos, seja um rio <strong>que</strong> passa.<br />

O meu primeiro contato com o objeto <strong>da</strong> pesquisa foi com o filme, As Horas, para<br />

depois então ler o livro. Percurso inverso do <strong>que</strong> <strong>no</strong>rmalmente é feito pelos leitores. E apesar<br />

de já ter visto o filme, quando li o livro, fi<strong>que</strong>i surpresa de como teria sido possível a<strong>da</strong>ptar<br />

a<strong>que</strong>le texto para o cinema, mesmo já tendo conhecimento do trabalho <strong>da</strong> página para a tela.<br />

Os capítulos intercalados sem necessariamente seguir um tempo e um <strong>espaço</strong> linear, o uso do<br />

fluxo de consciência, e to<strong>da</strong> a aparente desconexão <strong>da</strong>s estórias deixaram­me curiosa para ver<br />

como a<strong>que</strong>le material seria escolhido, recortado, deslocado e transformado.<br />

61 Fotogenia – descoberta por Griffith, 1913. Com a <strong>no</strong>ção de fotogenia nasceu a idéia de arte cinematográficao.<br />

A Fotogenia está para o cinema, como a cor está para a pintura e o volume para a escultura, ou seja, é o elemento<br />

específico desta arte. Epstein descreveu a fotogenia como “qual<strong>que</strong>r aspecto <strong>da</strong>s coisas, seres ou almas cujo<br />

caráter moral seja realçado pela reprodução cinematográfica. A fotogenia era,..a quintessência inefável <strong>que</strong><br />

diferenciava a magia do cinema <strong>da</strong>s outras artes. (STAM, 2000, p.50)

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