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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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(1797) e cita Maria, a heroína Maria, Woolstnecraft: “Was <strong>no</strong>t the world a vast prison, and<br />

women born slaves?” (1985, p.1). 75<br />

Showalter <strong>que</strong>stiona se o alto índice <strong>da</strong>s mulheres com desordem mental não seria um<br />

produto <strong>da</strong> situação social em <strong>que</strong> vivem, tanto do seu confinamento <strong>no</strong>s papéis de filhas,<br />

esposas, mães e os tratamentos inadequados pela dominação masculina e uma profissão<br />

psiquiátrica possivelmente misógina. Abor<strong>da</strong> também as filósofas feministas contemporâneas<br />

e críticas literárias, como as primeiras a chamarem atenção para a existência de uma aliança<br />

fun<strong>da</strong>mental entre as mulheres e a loucura, e vêem mostrando como as mulheres, <strong>que</strong> se<br />

situam nesse sistema dualístico <strong>da</strong> língua e representação, estão sempre se situando do lado <strong>da</strong><br />

irracionali<strong>da</strong>de, do silêncio, <strong>da</strong> natureza e do corpo, enquanto os homens se localizam do lado<br />

<strong>da</strong> razão, do discurso, <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong> mente.<br />

Essa temática <strong>da</strong> loucura <strong>feminina</strong> em particular, do tratamento de reclusão, <strong>da</strong><br />

autori<strong>da</strong>de dos médicos, foi também foco e ponto de crítica ferrenha <strong>da</strong> própria Virginia<br />

Woolf. No caso de Mrs. Dalloway, esse tema aparece igualmente de forma contundente, mas<br />

não exclusivo ao universo femini<strong>no</strong>, mas nas especifici<strong>da</strong>des <strong>da</strong> caracterização do<br />

personagem de Séptimus; do poder <strong>da</strong> medicina através dos personagens de Dr. Holmes e Dr.<br />

Bradshaw, autori<strong>da</strong>des médicas as quais Septimus descrevia como o pior <strong>que</strong> existia de<br />

natureza humana, de implacáveis “potro de tortura”, ou ain<strong>da</strong> como “repelentes bestas de<br />

focinhos ensangüentados” (WOOLF,1980, p.90­96).<br />

Através <strong>da</strong> voz dos personagens dos médicos, Virginia Woolf faz uma crítica<br />

contundente sobre o saber médico (ou a sua ig<strong>no</strong>rância), quando diz <strong>que</strong> “saúde é medi<strong>da</strong>” e<br />

<strong>que</strong> essa medi<strong>da</strong> re<strong>que</strong>r: repouso na cama, na solidão, <strong>no</strong> silêncio, e engor<strong>da</strong>ndo; a<br />

“[...]medi<strong>da</strong>, divina medi<strong>da</strong>, deusa de Sir William, <strong>que</strong> Sir William adquirira visitando<br />

hospitais, pescando salmão, engendrando um filho ...Sir William, com os seus trinta a<strong>no</strong>s de<br />

experiência desses casos, o seu infalível instinto: isto é loucura, isto é senso; o seu senso <strong>da</strong><br />

medi<strong>da</strong> [...]” (WOOLF,1980, p. 97).<br />

Mas Woolf também apontava para uma “Irmã <strong>da</strong> Medi<strong>da</strong>, me<strong>no</strong>s sorridente, mas<br />

formidável, uma deusa empenha<strong>da</strong> <strong>no</strong> sol e nas areias <strong>da</strong> Índia e dos pânta<strong>no</strong>s <strong>da</strong> África e<br />

empenha<strong>da</strong> em derrubar altares. A “Conversão” era o seu <strong>no</strong>me, <strong>que</strong> “oferece auxílio, mas<br />

deseja poder” e afasta brutalmente do caminho o dissidente e o insatisfeito. E como uma<br />

75 “Não é o mundo uma prisão imensa e as mulheres nasci<strong>da</strong>s escravas?”

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