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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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of attention when women speak; let us insist on kinds of process which allow more women to<br />

speak; let us get back to earth – <strong>no</strong>t as paradigm for “ women”, but as place of location.”<br />

(1984, p. 214). 72<br />

Rich também cita Virginia Woolf, <strong>que</strong> mais uma vez se antecipou às teorias literárias<br />

ou feministas mais significativas, quando ela diz <strong>no</strong> seu livro teórico Three Guineas <strong>que</strong>: “[...]<br />

as a woman I have <strong>no</strong> country. As a woman my country is the whole world..” (1984: 211). 73<br />

Com essa afirmação, Woolf já chamava para si uma identi<strong>da</strong>de global e sem fronteiras; já<br />

rejeitava esse lugar de imposições , abolindo e se reconhecendo em lugar de exílio, em lugar<br />

de deslocamento, de nômade, de estrangeira, de excêntrico, e descentrado, de<strong>no</strong>minações por<br />

demais utiliza<strong>da</strong>s na Política e Poética do Lugar, <strong>que</strong> de<strong>no</strong>mina o sujeito pós moder<strong>no</strong>.<br />

A<strong>no</strong>s mais tarde, como cita Lima Costa, a filósofa feminista Michele le Doeuf,<br />

argumenta <strong>que</strong> o <strong>espaço</strong> do lar está sempre mu<strong>da</strong>ndo e escreve:<br />

Eu nasci em to<strong>da</strong> parte, sob os céus agora estilhaçados dos gregos, dentro dos<br />

tamancos de uma fazendeira Bretã, em um teatro elisabeta<strong>no</strong>, na fome e privação de<br />

minha avó, e na escola secular, compulsória e livre <strong>que</strong> o Estado foi tão gentil em<br />

me oferecer, mas também nas rebeliões <strong>que</strong> foram só minhas, nas bofeta<strong>da</strong>s <strong>que</strong> as<br />

seguiram ou precederam, na aflição lúci<strong>da</strong> de Simone de Beauvoir e <strong>no</strong> fogão de<br />

Descartes, E há mais por vir (2002, p.87, grifo meu).<br />

As personagens de As Horas, são mulheres <strong>que</strong> nunca se sentiam em casa. A casa para<br />

elas eram mais uma cila<strong>da</strong>, como a “concha armadilha”, para citar uma <strong>da</strong>s nuances <strong>da</strong>s<br />

imagens <strong>da</strong> concha Bachelardiana. E na busca <strong>da</strong> solução para essa armadilha, <strong>que</strong> toma a<br />

forma de clausura, elas poderiam exclamar como os caracóis: “E se eu não tivesse este<br />

quartinho, este quarto profundo e secreto como uma concha?” (BACHELARD, 2000, p.134).<br />

E é nesse <strong>espaço</strong> do fora­de­lugar <strong>da</strong> casa, <strong>que</strong> essas mulheres reforçam o estado de solidão<br />

em <strong>que</strong> vivem, contrário ao <strong>que</strong> “ quando a vi<strong>da</strong> se abriga, se protege, se cobre, se oculta, a<br />

imaginação simpatiza com o ser <strong>que</strong> habita o <strong>espaço</strong> protegido” (BACHELARD, 2000, p.<br />

141).<br />

Tanto <strong>no</strong> livro, como <strong>no</strong> filme As Horas, a chave dos vários estados d´alma de Mrs.<br />

Woolf, Mrs. Brown e Mrs. Dalloway, também não estava nas portas de suas casas<br />

particulares. Talvez numa casa histórica de um passado femini<strong>no</strong>, <strong>que</strong> perpetua através dos<br />

séculos, enquanto armadilha de aprisionamento <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mulheres; ou talvez ain<strong>da</strong><br />

72 Vamos prestar atenção agora para as mulheres: deixem <strong>que</strong> homens e mulheres façam um ato de atenção<br />

consciente para quando as mulheres falarem; vamos insistir <strong>no</strong>s tipos de processo as quais permitem mais<br />

mulheres a falarem; vamos voltar à terra – não como paradigmas para “mulheres”, mas como um lugar de<br />

localização.<br />

73 Como mulher, eu não tenho país. Como mulher meu país é o mundo todo.

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