18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

passos lentos e cambaleantes de Mrs. Brown, assim também como o olhar do seu filho<br />

Richard, <strong>que</strong> lhe espia, lhe cobra, e não entende os passos em falsos <strong>da</strong> sua mãe; a casinha de<br />

brin<strong>que</strong>do <strong>que</strong> cai, e claro a mais cinematográficas de to<strong>da</strong>s as cenas, a cena do suicídio<br />

simbólico de Mrs. Brown, com as águas do rio <strong>que</strong> invadem os seus pensamentos, numa fusão<br />

de sonho e reali<strong>da</strong>de.<br />

Ain<strong>da</strong> dentre esses elementos cinematográficos <strong>que</strong> reforçam a criativi<strong>da</strong>de do<br />

cineasta na tradução de um meio artístico para outro esta a Trilha So<strong>no</strong>ra de um filme. No<br />

caso de As Horas, essa trilha se constitue um elemento <strong>que</strong> até transcende a criativi<strong>da</strong>de de<br />

uma “A<strong>da</strong>ptação Proper”. Embora a trilha parte do fílmico e não do diegético, a presença<br />

faça <strong>da</strong> música algo tão substantiva, <strong>que</strong> quase conseguimos ver um pia<strong>no</strong> na sala de estar de<br />

Mrs. Woolf.<br />

A música de As Horas é de autoria de Phillip Glass. Numa entrevista ao jornalista<br />

Marcelo Bernardes, para o jornal Valor, Glass disse <strong>que</strong> a música do filme precisava articular<br />

o ponto de vista emocional <strong>da</strong>s cenas, pois para ele, “[...] a música <strong>no</strong> cinema sempre diz o<br />

<strong>que</strong> você deve sentir.” Outro ponto de “ata<strong>que</strong>” para Glass, era a estrutura do filme, em três<br />

épocas distintas e ca<strong>da</strong> uma com seis estágios do dia: manhã, fim <strong>da</strong> manhã, começo <strong>da</strong> tarde,<br />

tarde, <strong>no</strong>ite e fim de <strong>no</strong>ite. Uma música então literal <strong>que</strong> . contemplasse ora Mrs. Woolf <strong>no</strong><br />

jardim, ora Mrs. Brown na cozinha; uma música <strong>que</strong> fosse um caminho para os personagens<br />

atravessarem e também se encontrarem. Para Glass essa música brotou <strong>no</strong> momento em <strong>que</strong><br />

viu Nicole Kidman como Virginia Woolf e todo o significado <strong>da</strong> palavra “Melancolia” lhe<br />

inundou os sentidos, e assim quis captar o sentido angustiante do desespero dela por meio do<br />

Pia<strong>no</strong>, enquanto um instrumento mais intimista e <strong>que</strong> vai imprimir o clima do filme desde o<br />

início (CUNNIMGHAM, 2003, p.16).<br />

Na capa do CD <strong>da</strong> trilha do filme As Horas, Michael Cunningham também teceu<br />

comentários sobre a trilha so<strong>no</strong>ra: “Todo romance <strong>que</strong> escrevi desenvolveu uma trilha so<strong>no</strong>ra<br />

dos tipos; um corpo de música <strong>que</strong>, de maneira sutil, porém palpável, ajudou a <strong>da</strong>r forma ao<br />

livro em <strong>que</strong>stão”. 63<br />

Cunningham falou <strong>que</strong> a trilha de As Horas deu­se a partir de Shubert (particulamente<br />

de “A morte <strong>da</strong> Donzela), e <strong>que</strong> era ouvinte fiel de Phillip Glass, <strong>que</strong> para ele, tinha em<br />

comum com Virginia Woolf o interesse naquilo <strong>que</strong> “continua”, do <strong>que</strong> naquilo <strong>que</strong><br />

“começa”. Acho <strong>que</strong> com essas palavras Cunningham dá a chave do segredo do fio condutor<br />

do seu romance e <strong>da</strong>s suas personagens. E ain<strong>da</strong> acrescenta <strong>que</strong> a beleza se encaixa melhor <strong>no</strong><br />

63 Música Original do filme composta por Philip Glass, produzido por Kurt Munkacsi e Michael Riesman,<br />

Gravado em Londres <strong>no</strong>s estúdios Abbey Road e Air, <strong>da</strong> Nonesuch Rocords.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!