18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

num quarto primeiramente descrito por Virginia Woolf <strong>no</strong> seu Teto todo seu, e estendido até<br />

hoje, <strong>no</strong> século XXI, com certeza com outras cores se não os cinzas, e matizes, mas ain<strong>da</strong><br />

assim com algumas paredes de impossibili<strong>da</strong>des.<br />

Essa casa histórica talvez teve parte <strong>da</strong> sua origem narrativa nas casas <strong>que</strong> ressoam<br />

desde a vi<strong>da</strong> pessoal <strong>da</strong> própria escritora Virginia Woolf <strong>que</strong> teve em suas casas, três <strong>da</strong>s<br />

quais mais significativas e repercutindo diretamente na sua vi<strong>da</strong> e seu trabalho. Talland House<br />

(a sua casa de férias <strong>da</strong> infância na Cornualha, e onde suas reminiscências foram descritas em<br />

Ao Farol (To the Lighthouse), e onde ain<strong>da</strong> é possível visitar as varan<strong>da</strong>s de ferro fundido,<br />

onde Julia e Leslie, com seus filhos, teriam se reunido para olhar o farol de Godrevy. De<br />

acordo com Vanessa Curtis, em As mulheres de Virginia Woolf, essa casa específica vai ter<br />

um auxílio fun<strong>da</strong>mental, não somente <strong>no</strong> idílio infantil de Virgnia, mas sobrtudo <strong>no</strong><br />

desenvolvimento dos seus sentidos, e <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong>de de observação, e onde ela foi<br />

ver<strong>da</strong>deiramente feliz.<br />

Ain<strong>da</strong> conforme Curtis, do outro lado <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de Virginia estava Monk´s House, <strong>que</strong><br />

apesar <strong>da</strong> beleza e <strong>da</strong> localização, parecia representar o lado “austero, maduro e calmo” de<br />

Virginia. Essa casa , “simbolizava a vi<strong>da</strong> de uma mulher trabalhadora, de uma escritora séria e<br />

prolífica.”<br />

Ao contrário <strong>da</strong> Talland House, situa­se o endereço 22, Hude Park Gate, a “casa de<br />

to<strong>da</strong>s as mortes”, “a gaiola”, a casa sufocante e repressiva ; e mesmo tantos a<strong>no</strong>s depois, ain<strong>da</strong><br />

consegue transmitir algo de melancolia, <strong>da</strong> claustrofia <strong>da</strong> infância vitoriana de Virginia, onde<br />

“Todos os aspectos negativos <strong>da</strong> infância de Virginia, <strong>que</strong> fizeram <strong>que</strong> ela ficasse<br />

supersensível, nervosa e tortura<strong>da</strong> <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s subseqüentes <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong> estão<br />

impregnados nas paredes e nas fun<strong>da</strong>ções do número 22 do Hyde Park Gate” (2005, p. 233­<br />

236).<br />

Com certeza as mulheres de As Horas gostariam <strong>que</strong> suas casas fossem “semelhantes à<br />

do vento do mar, palpitante de gaivotas” para <strong>que</strong> refletissem uma comunhão de seus dias<br />

com seus <strong>espaço</strong>s domésticos e refletissem a felici<strong>da</strong>de, nem <strong>que</strong> imaginária, de <strong>que</strong> fala<br />

Bachelard: “Quando a casa é feliz, a fumaça brinca delica<strong>da</strong>mente acima do telhado”<br />

(BACHELARD, 2000, p. 85). Infelizmente, ao contrário do <strong>espaço</strong> <strong>da</strong> infância e <strong>da</strong> memória,<br />

em nenhum endereço ou cômodo, essa fumaça feliz habitava tais <strong>espaço</strong>s. Muito pelo<br />

contrário, uma névoa espessa de insatisfação perfazia os ares fossem dos quartos, cozinha, do<br />

caminho até o rio, ou <strong>da</strong> estação de trem, enfim, um estado físico e psicológico <strong>que</strong><br />

transcendia todo e qual<strong>que</strong>r limite geográfico ou do aconchego de algo <strong>que</strong> se pudesse se

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!