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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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pomposos, literários, causando assim um “verniz artístico”. Butcher também elogia a<br />

montagem: “Os três dias únicos na vi<strong>da</strong> de três mulheres se alternam gerando elos e ecos.<br />

Essa estrutura radicalmente literária foi recria<strong>da</strong> <strong>no</strong> cinema com o uso de rimas visuais (os<br />

despertadores, as flores e outros objetos ou simples gestos <strong>que</strong> se repetem nas três diferentes<br />

épocas) e um grande trabalho de montagem, quase invisível (2003, p.E2)<br />

Marcelo Bernardes, em suas “Horas mínimas”, entrevista Phillip Glass, o autor <strong>da</strong><br />

trilha so<strong>no</strong>ra do filme (indica<strong>da</strong> ao Oscar), trilha <strong>que</strong> fala dessa repetição e estabelece seis<br />

estágios diferentes do dia: manhã, fim <strong>da</strong> manhã, começo <strong>da</strong> tarde, tarde, <strong>no</strong>ite e fim <strong>da</strong> <strong>no</strong>ite.<br />

A música então como uma ponte literal e não alegórica, e <strong>que</strong> funcionasse como um caminho<br />

para os personagens atravessarem e se encontrarem. Glass fala de <strong>que</strong> para ele, As Horas era<br />

um livro e um filme sobre Virginia Woolf, e <strong>que</strong> esse sentimento levou­o a captar primeiro o<br />

sentido angustiante do desespero dela por meio do pia<strong>no</strong>, <strong>que</strong> era um instrumento intimista,<br />

<strong>que</strong> vai imprimir o clima do filme desde o começo, ou seja, o crescimento do desespero<br />

(2003, p. 16­17).<br />

Glass, numa outra entrevista reafirma <strong>que</strong>: “Era necessário algo <strong>que</strong> seguisse a<br />

estrutura do filme, ou seja, uma música composta de formas circulares, repleta de i<strong>da</strong>s e<br />

voltas, até repetitiva, <strong>que</strong> acompanhasse os percalços de três mulheres em três épocas<br />

distintas, interliga<strong>da</strong>s pelo romance “Mrs. Dalloway”, de Virginia Woolf (2003, p. E6)<br />

O cineasta/crítico Arnaldo Jabor, em seu artigo “A depressão <strong>no</strong>s salva <strong>da</strong> alegria de<br />

mercado” fala de como o filme As Horas <strong>no</strong>s livra <strong>da</strong> obrigação de ser feliz, de termos a<br />

quali<strong>da</strong>de total para funcionar. Fala de como o filme mostra a depressão histórica e <strong>que</strong> tem a<br />

cor do seu tempo. Fala do bode pós­moder<strong>no</strong>; <strong>da</strong> insatisfação e de se estar sempre aquém de<br />

uma felici<strong>da</strong>de prometi<strong>da</strong> pela propagan<strong>da</strong> e pelo mercado: “É impossível ser feliz <strong>no</strong> lar<br />

como <strong>no</strong>s anúncios de margarina, é impossível ser tão sexy como <strong>no</strong>s anúncios de cerveja.”.<br />

Jabor também se refere ás mulheres:<br />

Saí do filme com a impressão de <strong>que</strong> as mulheres sofrem mais com o mal do mundo,<br />

carregam o fardo <strong>da</strong> dor histórica por serem mais sensíveis, mais domina<strong>da</strong>s. Os<br />

homens, do<strong>no</strong>s <strong>da</strong> ilusão fálica, escamoteia a depressão com uma ´mania´ qual<strong>que</strong>r,<br />

com um obsessão bélica, financeira ou política, enquanto as mulheres ficam com a dor<br />

incompreendi<strong>da</strong> (2003).

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