18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Para ilustrar esse processo de re­criação, Cunningham utiliza o processo de transitar<br />

por vários campos de pesquisa: a própria vi<strong>da</strong> de Virginia Woolf, a estória de Laura Brown, a<br />

de Clarissa e Richard, <strong>no</strong> caso, como falou Hughes, três gerações <strong>da</strong>s ondulações <strong>da</strong> água.<br />

Essas ondulações e também os seus alcances tem a ver com o método circular entre literatura,<br />

escritor, leitor, como também a diferença tão sutil entre vi<strong>da</strong> e arte, e a morte como também<br />

um processo misterioso de criação:<br />

The Hours suggests that the possibility of death is for all living beings a mode of<br />

transmission of the mystery and beauty of life, a mystery and beauty that in turn<br />

<strong>no</strong>urishes creation, whether of more life or of art. Death, art, and love itself all<br />

function as portals to that mysterious realm that can burst the bonds of time, an<br />

apprehension of what is most precious in life. (HUGHES, 2004, p. 356). 79<br />

Hughes diz <strong>que</strong> o romance de Woolf Mrs. Dalloway é uma espécie de “[...] a gesture<br />

in the direction of a humbler postmodern aesthetic impulse” (2004, p. 358) 80 ; e como o<br />

<strong>mergulho</strong>, a arte pós­moderna também tem suas propagações. No caso de As Horas, essa<br />

propagação segue em duas direções, ou dois temas: o poder <strong>da</strong> literatura e o poder do amor.<br />

Nesses temas, Cunningham não está interessado em <strong>da</strong>r voz aos silêncios ou continuar uma<br />

tradição anterior. A contribuição pós­moderna está, como reforça Hughes, em expandir em<br />

to<strong>da</strong>s as direções, como se simultaneamente, bombeasse as profundezas do original (a re­<br />

descoberta) e a construção de um <strong>no</strong>vo trabalho, ampliando ca<strong>da</strong> vez mais os círculos,<br />

transformando assim, o trabalho anterior, em “um gesto na direção do futuro”.<br />

Silvia Leo<strong>no</strong>r Alonso em “O tempo passa...” também retoma as palavras de Borges<br />

quando fala <strong>que</strong> há um passado <strong>que</strong> se cria e se recria em <strong>no</strong>vas articulações, fazendo a<br />

história de um sujeito não uma linha reta, mas uma linha traça<strong>da</strong> por pontos de condensação,<br />

<strong>no</strong>s quais as tramas do vivido se entrecruzam e pulsam, impondo a presença do passado <strong>no</strong><br />

presente, resistindo a qual<strong>que</strong>r lineari<strong>da</strong>de cro<strong>no</strong>lógica e construindo uma reali<strong>da</strong>de psíquica<br />

<strong>que</strong> não coincide totalmente com a reali<strong>da</strong>de material (2006, p. 54).<br />

As Horas ain<strong>da</strong> como uma ficção representante <strong>da</strong> arte pós­moderna tem <strong>que</strong> levar em<br />

consideração a resposta do leitor, uma vez <strong>que</strong> o trabalho do artista não se restringe só à<br />

escrita. Existe uma corrente, um cuntinuum, em ambas direções: do artista e do trabalho,<br />

reforçando <strong>que</strong> a obra não se fecha em copas e de <strong>que</strong> o artista não se constitui numa solidão<br />

79 As Horas sugere <strong>que</strong> a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> morte para todos os seres huma<strong>no</strong>s, um modo de transmissão dos<br />

mistérios e belezas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, um mistério e uma beleza <strong>que</strong> em contraparti<strong>da</strong>, alimenta a criação, seja de mais vi<strong>da</strong><br />

ou arte. A morte, a arte e o amor, todos funcionam como portais a esses misteriosos domínios <strong>que</strong> podem<br />

ultrapassar os limites do tempo, uma apreensão <strong>da</strong>quilo <strong>que</strong> é mais precioso na vi<strong>da</strong>.<br />

80 [...] um gesto na direção de um impulso mais humilde <strong>da</strong> estética pós­moderna

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!