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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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<strong>no</strong> caso tanto de Mrs. Dalloway quanto de As Horas, de oportuni<strong>da</strong>des de explorar <strong>no</strong>vas<br />

perspectivas, e aceitação desse abando<strong>no</strong>, seja através dos <strong>mergulho</strong>s na vi<strong>da</strong> e na morte,<br />

fazendo <strong>da</strong> festa, um local de renascimento.<br />

A escritora Catarinense Adriana Lunardi, também <strong>no</strong> seu artigo sobre o filme As<br />

Horas faz um apanhado desse arquétipo ou de uma epifania/ transcendência de um tempo<br />

continuum do personagem de Clarissa Dalloway/ Vaughn:<br />

Clarissa Vaughn ouve, acolhe, entende <strong>que</strong> alguns de nós fogem, outros escrevem<br />

livros <strong>que</strong> nunca vão ser lidos, se matam, tomam pílulas...E na<strong>da</strong> evita a sensação de<br />

<strong>que</strong> a vi<strong>da</strong> é impossível No entanto, Clarissa dá um beijo <strong>que</strong> diz sim a Sally, espia<br />

a filha, puxa uma cortina, sorri, torcendo para <strong>que</strong> haja mais dessas horas, até por<strong>que</strong><br />

existe sempre um momento, aqui e ali, fugaz, ´onde a vi<strong>da</strong> explode e <strong>no</strong>s oferece<br />

tudo o <strong>que</strong> havíamos desejado....Na tela, o fim...De repente percebe <strong>que</strong> precisa<br />

respirar, <strong>que</strong> a trilha de Phillip Glass foi tirando o seu fôlego, imperceptivelmente.<br />

Ou foram a<strong>que</strong>les beijos? Talvez a esperança de <strong>que</strong> alguma coisa andou, afinal, na<br />

civilização? (2006)<br />

Acho <strong>que</strong> a última fala sobre Clarissa Dalloway, na última página do livro, não só<br />

ilustra e conclui, mas aponta por um tempo porvir – <strong>que</strong>m sabe sem fa<strong>da</strong>s, nem monstros,<br />

nem tão pouco modelos pré­estabelecidos, mas um sujeito <strong>que</strong> re­signifi<strong>que</strong> o presente, <strong>que</strong><br />

trace e condense os momentos vividos, e se entrecruzem os tempos e as experiências. Sempre<br />

com <strong>no</strong>vas horas pela frente: “E eis aqui a própria Clarissa, não mais Mrs. Dalloway; não há<br />

mais ninguém para chamá­la assim. Aqui está ela, com mais uma hora pela frente” (1998,<br />

p.176).<br />

Diante dessas afirmações sobre as impossibili<strong>da</strong>des de se por um fim, do estado de<br />

desamparo, <strong>da</strong> cegueira frente ao abismo, do <strong>mergulho</strong> na vi<strong>da</strong> e na morte, sinto­me<br />

igualmente <strong>no</strong> meio <strong>da</strong> multidão. Entretanto, ponho o meu ponto final Abensonhado 85 , não<br />

em estado de cegueira, mas em estado de festa, e exclamando a minha mais exultante<br />

exclamação: What a lark! What a plunge! Em completo estado de diversão, graça,<br />

divertimento, <strong>mergulho</strong> e salto!<br />

Que os meus “widening circles” atinjam outros níveis de estudo, pesquisa, espantos e<br />

encantamentos.<br />

.<br />

85 Com a palavra Abensonhado, faço referência a o escritor Moçambica<strong>no</strong> Mia Couto e suas Estórias<br />

Abensonha<strong>da</strong>s (2003).

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