18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tipificar essa dita “escrita <strong>feminina</strong>” (2002, p. 130). Para Nelly Richards, a literatura de<br />

mulheres, “se mobiliza para delimitar um corpus, baseado <strong>no</strong> recorte <strong>da</strong> identificação<br />

sexual....e arma um corpus sociocultural” (2002, p.129). Ela ain<strong>da</strong> diz <strong>que</strong> o ser mulher não é<br />

nenhuma garantia de um exercício crítico, como também o ser hoje não o situa enquanto<br />

sinalizador e cúmplice <strong>da</strong> cultura patriarcal. Com o <strong>que</strong> vai concor<strong>da</strong>r Sole<strong>da</strong>d Bianchi: “[...] é<br />

necessário romper o gueto do sexo, pois se trata de situá­los (os textos de mulheres) junto aos<br />

outros, produzidos por homens e mulheres contemporâneos, considerando semelhanças e<br />

diferenças, reconhecendo conquistas e aportes, mas também limitações” (2002, p.135).<br />

A grande <strong>que</strong>stão do texto de Richards resume­se quando ela diz:<br />

Não basta ´ser mulher´(determinante sexual) para <strong>que</strong> o texto se carregue <strong>da</strong><br />

potenciali<strong>da</strong>de transgressora <strong>da</strong>s escritas mi<strong>no</strong>ritárias. Também não basta<br />

desenvolver o tema <strong>da</strong> mulher e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>feminina</strong> para <strong>que</strong> o trabalho com a<br />

língua produza (e não simplesmente reproduza) a diferença genérico­sexual. [...] a<br />

pergunta não é, então, a de saber o <strong>que</strong> seria o ´próprio´, o distinto, de uma escrita ­<br />

´mulher´...mas como textualizar as marcas do femini<strong>no</strong>, para <strong>que</strong> a diferença<br />

genérico­sexual se torne ativo princípio de identificação simbólico­cultural (2002,<br />

p.137).<br />

É preciso ficar atento para <strong>que</strong> a literatura de mulheres não tropece na armadilha do<br />

essencialismo condicionando sexo e identi<strong>da</strong>de, mas também saber reconhecer a relação entre<br />

diferença sexual e escrita. O trabalho <strong>da</strong> crítica literária feminista seria, portanto, o de tornar<br />

visível as obras <strong>da</strong>s mulheres, de modo <strong>que</strong> sua independência não caísse nas armadilhas <strong>da</strong><br />

interpretação oficial <strong>que</strong> restringe a leitura dessas e transforma as suas características e<br />

particulari<strong>da</strong>des.<br />

Para Richards, O masculi<strong>no</strong> e o femini<strong>no</strong> seriam, forças relacionais <strong>que</strong> fazem parte de<br />

processos identitários e mecanismos de poder <strong>que</strong> os conjugam segundo uma regência<br />

tensional; <strong>no</strong> território <strong>da</strong> escrita, as relações entre as marcas do femini<strong>no</strong> e do masculi<strong>no</strong><br />

estariam permea<strong>da</strong>s por deslocamentos do sujeito, uma vez <strong>que</strong> é neste <strong>espaço</strong> <strong>que</strong> se<br />

constroe as várias representações <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de (2002, p.132).<br />

E com essa discussão coloca<strong>da</strong> por Richards, <strong>da</strong>s forças relacionais e <strong>da</strong>s marcas do<br />

femini<strong>no</strong> e do masculi<strong>no</strong>, fez­me compreender <strong>que</strong> o romance As Horas, possuiria o <strong>espaço</strong><br />

privilegiado para essa abor<strong>da</strong>gem, já <strong>que</strong> tanto o livro como o filme se constituem como um<br />

locus de representações dos temas relacionados aos <strong>espaço</strong>s <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de, temas esses <strong>que</strong><br />

ao longo do trabalho foram sendo aprofun<strong>da</strong>dos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!