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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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Em As Horas, Michael Cunnigham, <strong>que</strong>ria prestar um tributo à escritora Inglesa<br />

Virginia Woolf, homenagea<strong>da</strong> <strong>no</strong> filme num jogo de referências à Mrs. Dalloway, à luz <strong>da</strong>s<br />

<strong>que</strong>stões mais contemporâneas. Em As Horas, havia a escritora como personagem narradora<br />

<strong>da</strong>s três estórias do livro/filme. Tinha também a leitora (Mrs. Brown) e a personagem<br />

“fictícia” Clarissa do romance Mrs. Dalloway, <strong>da</strong> própria Woolf. E por fim tinha Clarissa<br />

Vaughn (Mrs. Dalloway). E o <strong>que</strong> unia a vi<strong>da</strong> dessas três mulheres era a sentença <strong>espaço</strong>­<br />

temporal: “Mas será <strong>que</strong> um único dia na vi<strong>da</strong> de uma mulher comum pode conter o suficiente<br />

para um romance?” (CUNNINGHAM, 1998, p. 61). Dia esse <strong>que</strong> percorreu um século, numa<br />

manhã de junho de 1923, expandi<strong>da</strong> até 1950 e ao final dos a<strong>no</strong>s 90.<br />

Mrs. Woolf, Mrs. Brown e Mrs. Dalloway (Clarissa Vaughan), – as três faces de uma<br />

mesma mulher: a <strong>que</strong> escreve, a <strong>que</strong> lê, e a <strong>que</strong> transforma os livros e segue adiante,<br />

enfrentando as horas. To<strong>da</strong>s três vivendo “entre <strong>espaço</strong>s”, desloca<strong>da</strong>s seja do seu próprio<br />

tempo ou dentro delas próprias.<br />

Na sua homenagem à Woolf, Cunningham faz uma exploração não só do romance<br />

mais emblemático de Woolf, mas também do próprio <strong>mergulho</strong> <strong>da</strong> escritora na criação do seu<br />

processo teórico e estético. Como resume Tory Young (2003, p. 70):<br />

In his reading of Woolf, Cunningham is explicitly involved in the literary creation of<br />

fluid and disruptive identities: his a<strong>da</strong>ptive expansion to include three narratives<br />

charts a historical progression of absences, from secrecy toward assimilation. 4<br />

Meus estudos terão como foco o <strong>espaço</strong> <strong>vertigi<strong>no</strong>so</strong> <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de <strong>feminina</strong> <strong>no</strong><br />

romance de Cunningham e <strong>no</strong> filme de Stephen Daldry. Uma subjetivi<strong>da</strong>de <strong>feminina</strong> <strong>que</strong><br />

permeia um sujeito fragmentado e deslocado do seu papel histórico, como é o caso <strong>da</strong>s três<br />

personagens <strong>feminina</strong>s de As Horas: Mrs. Woolf, Mrs. Brown e Mrs. Dalloway. Tal<br />

deslocamento <strong>no</strong>s conduzirá a fazer um <strong>mergulho</strong> em sub­temas como: a inadequação<br />

<strong>feminina</strong> frente ao cotidia<strong>no</strong> e domestici<strong>da</strong>de, provocando um sentimento de incompletude e<br />

conseqüentemente de melancolia, resultante <strong>da</strong> própria existência do ser huma<strong>no</strong> e <strong>da</strong> mulher<br />

frente ao <strong>espaço</strong> doméstico.<br />

Gostaria de analisar o percurso e o deslocamento Woolfia<strong>no</strong> e onde as personagens se<br />

afinam ou se distanciam. Mrs. Woolf, e o percurso <strong>da</strong> criação literária; Mrs. Brown, e o<br />

percurso <strong>da</strong> inadequação aos papéis atribuídos ao doméstico e Mrs. Dalloway, <strong>no</strong> percurso de<br />

todos os ecos desde a Mrs. Dalloway primeira até o enfrentamento <strong>da</strong>s horas.<br />

4 Na sua leitura de Woolf, Cunningham está explicitamente envolvido na criação literária de identi<strong>da</strong>des flui<strong>da</strong>s e<br />

perturbadoras: sua expansão a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> para incluir à três quadros narrativos, uma progressão histórica de<br />

ausências, do secreto à assimilação.

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