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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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Assim, a partir dos a<strong>no</strong>s 80, a categoria de gênero passa a ser utilizado como<br />

instrumento de análise literária e culturais e dessa forma atrelado à uma toma<strong>da</strong> de posição<br />

política. Segundo Suzana Funck, “o texto literário passou a ser visto em relação ao discurso<br />

hegemônico como um instrumento de ideologia e como um dos lugares onde a subjetivi<strong>da</strong>de é<br />

construí<strong>da</strong>” (1993, p.34). Dessa forma, o uso <strong>da</strong> categoria ´gênero´ para análises literárias e<br />

culturais está atrelado a uma toma<strong>da</strong> de posição política. A<strong>que</strong>la “mulher” de <strong>que</strong> o<br />

feminismo falava <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60/70, portanto não contemplava a diversi<strong>da</strong>de do <strong>que</strong> se intitulava<br />

a ser femini<strong>no</strong>, me<strong>no</strong>s ain<strong>da</strong> <strong>da</strong>s especifici<strong>da</strong>des do significante “mulher”, e a própria <strong>no</strong>ção<br />

de sujeito estável como vimos não mais se sustenta como coloca Judith Butler: “Se alguém ´é´<br />

uma mulher, isso certamente não é tudo o <strong>que</strong> esse alguém é [...] (2003, p.20). Butler ain<strong>da</strong><br />

problematiza <strong>que</strong> : “[...] mulheres – mesmo <strong>no</strong> plural – tor<strong>no</strong>u­se um termo problemático, um<br />

ponto de contestação, uma causa de ansie<strong>da</strong>de” (2003, p.20) O problema estaria na tentativa<br />

de essencializar o termo – como se fosse possível atingir uma homogeneização universal <strong>da</strong>s<br />

mulheres – sem levar em conta as interseções entre gênero e as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de classe,<br />

sexuali<strong>da</strong>de, raça, região e outras marcas culturais. Neste sentido, o perigo seria repetir<br />

exatamente o <strong>que</strong> a crítica feminista historicamente criticou, ou seja, a crença e a aposta em<br />

categorias liga<strong>da</strong>s à universali<strong>da</strong>de.<br />

Todo esse percurso entre o ser, o existir, o criar, e o caminho do sujeito com suas<br />

peculiari<strong>da</strong>des atrela<strong>da</strong>s aos papéis sexuais, foram discutido na trajetória de Judith, Um teto<br />

todo seu, uma personagem imaginária, <strong>que</strong>r viria a ser a irmã de Shakespeare, através <strong>da</strong> qual<br />

Virginia Woolf aponta as dificul<strong>da</strong>des de criação <strong>que</strong> teria uma mulher na época do famoso<br />

dramaturgo, em escrever literatura, como ela mesmo explica:<br />

Judith...permanecia em casa, sem escola,,,era tão au<strong>da</strong>ciosa, tão imaginativa, tão<br />

ansiosa por ver o mundo...não teve oportuni<strong>da</strong>de de aprender gramática e lógica,<br />

quanto me<strong>no</strong>s ler Horácio e Virgílio...Os pais entravam e lhe diziam <strong>que</strong> fosse<br />

remen<strong>da</strong>r as meias ou cui<strong>da</strong>r do guisado e <strong>que</strong> não an<strong>da</strong>sse <strong>no</strong> mundo <strong>da</strong> lua com<br />

livros e papéis.... (2004, p.54).<br />

Woolf ain<strong>da</strong> conclui <strong>que</strong>: “Em todos esses séculos, as mulheres têm servido de<br />

espelhos dotados do mágico e delicioso poder de refletir a figura do homem com o dobro de<br />

seu tamanho natural” (2004, p.42). Do lugar de espelho para refletir do outro e para sua<br />

própria projeção, o caminho tem sido longo e árduo.<br />

Acho <strong>que</strong> com os <strong>que</strong>stionamentos e descrenças nas ideologias, com o pós­<br />

modernismo, e as discussões mais imbrica<strong>da</strong>s do <strong>que</strong> sejam as identi<strong>da</strong>des, o conceito de

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