que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...
que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...
que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
música Língua de Caeta<strong>no</strong> Veloso: [...] e sei <strong>que</strong> a poesia está para a prosa/assim como o<br />
amor está para a amizade/ e <strong>que</strong>m há de negar <strong>que</strong> esta lhe é superior?[...] (2000, p.77).<br />
A<strong>no</strong>s mais tarde, Lin<strong>da</strong> Hutcheon também se reporta à outras caixas:<br />
[...]a<strong>da</strong>ptar...é abrir uma <strong>da</strong>s mais sugestivas caixas de Pandora <strong>que</strong> este século<br />
produziu...e <strong>que</strong> dessa caixa poderia emergir uma pletora de abor<strong>da</strong>gens i<strong>no</strong>vadoras<br />
de uma <strong>no</strong>va coleção de escritos, em especial <strong>da</strong> literatura modernista e pós<br />
modernista, atendendo a <strong>que</strong> ambas são freqüentemente paródicas em forma e<br />
intenção (1985, p. 91).<br />
Tais caixas de Pandora, podem também ser vistas como uma releitura <strong>da</strong>s “caixas<br />
chinesas” de <strong>que</strong> falava Woolf quando teorizava sobre as técnicas narrativas e a<br />
inseparabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> ser huma<strong>no</strong> de outras vi<strong>da</strong>s, discuti<strong>da</strong>s acima, se antecipando<br />
às teorias de <strong>que</strong> as coisas continuam, seja <strong>no</strong>s livros ou na vi<strong>da</strong>.<br />
Impressionante o talento à frente de i<strong>no</strong>vações literárias; transgressões de paradigmas<br />
comportamentais, e de veículos de expressão <strong>da</strong> arte de Virginia Woolf. Virginia também<br />
teorizou sobre a arte <strong>da</strong> imagem na tela branca; arte <strong>que</strong> ain<strong>da</strong> <strong>da</strong>va seus primeiros passos, e<br />
ain<strong>da</strong> era vista, embora como uma revolução, como uma arte me<strong>no</strong>r. No seu texto precursor<br />
intitulado “The Cinema”, Woolf tenta teorizar, com leves pincela<strong>da</strong>s de ironia sutil, sobre a<br />
força <strong>da</strong>s imagens e essa técnica de ocupar a tela branca com partículas fragmentos de vi<strong>da</strong><br />
ficcional:<br />
And sometimes at the cinema in the midst of its immense dexterity and e<strong>no</strong>rmous<br />
technical proficiency, the curtain parts and we behold, far off, some unk<strong>no</strong>wn and<br />
unexpected beauty. But it is for a moment only. For a strange thing has happened –<br />
while all the other arts were born naked, this, the youngest, has been born fully<br />
clothed. It can say everything before it has anything to say. It is as if the savage<br />
tribe, instead of finding two bars of iron to play with, had found scattering the<br />
seashore fiddles, flutes, saxophones, trumpets, grand pia<strong>no</strong>s….and had begun with<br />
incredible energy, but without k<strong>no</strong>wing a <strong>no</strong>te of music, to hammer and thump upon<br />
them all at the same time. (WOOLF, 1978, p. 186). 57<br />
Woolf já tateava uma teoria de cinema vislumbrando essa arte como um veículo <strong>que</strong><br />
incluía muitas outras (pintura, fotografia, música, performance, cenário), sem falar na<br />
57 E algumas vezes <strong>no</strong> cinema <strong>no</strong> meio de sua imensa e técnica e<strong>no</strong>rme de proficiência, a cortina se abre e nós<br />
vemos, à distancia, alguma coisa desconheci<strong>da</strong> e de beleza surpreendente. Mas isto é só por um momento. Pois<br />
uma coisa estranha aconteceu – enquanto to<strong>da</strong>s as outras artes nasceram nuas, esta, a mais jovem, já nasceu<br />
completamente vesti<strong>da</strong>. Ela pode dizer qual<strong>que</strong>r coisa antes mesmo de já ter algo a dizer. É como se uma tribo<br />
selvagem, ao invés de encontrar duas barras de ferro para brincar, encontrassem espalha<strong>da</strong>s na praia artificial,<br />
flautas, saxofones, trumpetes, grandes pia<strong>no</strong>s...e começassem assim com uma energia incrível, mas sem saber<br />
uma <strong>no</strong>ta se<strong>que</strong>r de música, a bater e martelar sobre tudo ao mesmo tempo.