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que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

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minha bisavó reclamava <strong>que</strong> minha avó<br />

era muito tími<strong>da</strong><br />

minha avó pressio<strong>no</strong>u minha mãe a ser<br />

me<strong>no</strong>s cética<br />

minha mãe me educou para ser bem lúci<strong>da</strong><br />

e eu espero <strong>que</strong> minhas filhas fujam desse<br />

cárcere<br />

<strong>que</strong> é passar a vi<strong>da</strong> transferindo dívi<strong>da</strong>s<br />

(MEDEIROS, 1999, p.158)<br />

Passa<strong>da</strong> a timidez, o ceticismo, o cárcere, as mulheres transcendem rumo à lucidez,<br />

mas ain<strong>da</strong> lutando pelo lugar <strong>da</strong>s suas experiências subjetiva<strong>da</strong>s. John Mepham <strong>no</strong> seu livro<br />

“Virginia Woolf ­Criticism in focus”, cita Mi<strong>no</strong>w­Pinkney para discutir a experiência, <strong>que</strong><br />

nunca se concretiza sem representação. Para Mi<strong>no</strong>w­Pinkney, Woolf tinha na literatura a<br />

forma de expressar, através de formas verbais, o veículo maior para esse canal de expressão,<br />

como explica:<br />

[...] for expressing those parts of experience which are, precisely, inarticulate,<br />

which are painful or ecstatic precisely because they are without representation. So<br />

much of four most important experience is <strong>no</strong>n­verbal in form, whether it be <strong>no</strong>n­<br />

verbalized subconscious obsessions, mental imagery, inarticulate taboos, visionary<br />

wonder or obscure <strong>da</strong>ily labour. (MEPHAM,1992, p. 74). 21<br />

Woolf acreditava <strong>no</strong> poder criativo <strong>da</strong> mulher <strong>que</strong> emanava <strong>da</strong> sua própria experiência.<br />

No caso <strong>da</strong> mulher escritora, o <strong>que</strong> ela vivenciava na sala de estar, entre um olho na batata<br />

<strong>que</strong> cozinhava e um parágrafo de um romance , à exemplo <strong>da</strong>s Brontë, o universo familiar se<br />

constituía sim, num aparatus imprescindível na valoração <strong>da</strong> sua escrita.<br />

Para Woolf , a consciência se constituía como local de experiência interior, onde essa<br />

<strong>no</strong>va representação do sujeito, fragmenta<strong>da</strong> e dispersa, se materializava através de associações<br />

livres e imagens metafóricas, quando se utilizava <strong>da</strong> técnica de fluxo de consciência para<br />

penetrar na mente <strong>da</strong>s suas personagens.<br />

Assim como Woolf, Simone de Beauvoir também fez de si a teórica do vivido<br />

existencial <strong>da</strong>s mulheres e dos seus mundos. Como disse Roudinesco, Beauvoir transformava<br />

suas lembranças e sua experiência amorosa (vivia uma relação com o america<strong>no</strong> Nelson<br />

Algren), num experimentar privado e literário dos “dilaceramentos <strong>da</strong> paixão, do sexo e do<br />

amor” (2002, p.143).<br />

21 [ ..].expressando essas partes <strong>da</strong> experiência as quais são, precisamente, inarticula<strong>da</strong>s, e <strong>que</strong> são dolorosas ou<br />

estáticas precisamente por<strong>que</strong> elas são sem representação. Até por<strong>que</strong> as quatro mais importantes experiências<br />

são não­verbais em forma, sejam elas obsessões inconscientes não­verbaliza<strong>da</strong>s, imagem mental, tabus<br />

inarticulados, pensamentos visionários ou trabalho rotineiro obscuro.

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