18.04.2013 Views

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

que mergulho! o espaço vertiginoso da subjetividade feminina no ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

teorias fálicas, <strong>que</strong> tanto apregoavam o <strong>no</strong>sso sexo como <strong>no</strong>ssa prisão: “Se a caneta é um<br />

pênis metafórico, de qual órgão as mulheres podem gerar textos?” (CIXOUS, 1994, p.32) 15<br />

A crítica <strong>da</strong> linguagem estabelecia <strong>que</strong> tínhamos <strong>que</strong> ter um discurso dentro do<br />

patriarcado para depois desconstruí­la. Era preciso re­inventar uma linguagem para poder se<br />

falar fora <strong>da</strong> estrutura falocêntrica; uma fala <strong>que</strong> fosse um gesto político. Mas <strong>no</strong>vamente<br />

teríamos dificul<strong>da</strong>des, pois a língua <strong>da</strong>s mulheres não era uma língua separa<strong>da</strong> <strong>da</strong> dos homens.<br />

Em tempos longínquos claro <strong>que</strong> tivemos o <strong>no</strong>sso discurso do “segredo”, <strong>que</strong> incluía um saber<br />

<strong>da</strong>s parteiras e <strong>da</strong>s feiticeiras; saber esse <strong>que</strong> custou a vi<strong>da</strong> de muitas mulheres. No entanto,<br />

criávamos <strong>no</strong>ssas diferenças, estilos, estratégias e contextos. Como disse Showalter, “O<br />

problema é <strong>que</strong> a língua seja insuficiente para expressar a consciência <strong>da</strong>s mulheres, mas é<br />

<strong>que</strong> foi­lhe nega<strong>da</strong> a totali<strong>da</strong>de dos recursos <strong>da</strong> língua e elas foram força<strong>da</strong>s ao silêncio, ao<br />

eufemismo ou ao circunlóquio” (1994, p.39)<br />

Já a crítica psicanalítica situava a diferença na psi<strong>que</strong> do autor e na relação do gênero<br />

como processo criativo, incorporando tanto o modelo biológico quanto lingüístico. Sandra<br />

Gilbert e Susan Gubar vão publicar The madwoman in the attic, para traçar um percurso <strong>da</strong><br />

escritora do século XIX e sua imaginação literária. Essa abor<strong>da</strong>gem também enfrentará<br />

dificul<strong>da</strong>des como a <strong>que</strong>stão <strong>da</strong> falta, do falo e de outras armadilhas como experimentar “seu<br />

próprio gênero como um obstáculo doloroso ou mesmo uma inadequação debilitadora” (1994,<br />

p.:40). Mas é a crítica cultural, <strong>que</strong> engloba as outras três, o corpo, a linguagem e a psiquê <strong>da</strong><br />

mulher, e inscreve seu debate <strong>no</strong> território selvagem <strong>da</strong> construção, como bem resumiu<br />

Showalter: “Ca<strong>da</strong> passo <strong>da</strong>do pela crítica feminista em direção à definição <strong>da</strong> escrita <strong>da</strong>s<br />

mulheres é, <strong>da</strong> mesma forma, um passo em direção à auto­compreensão; ca<strong>da</strong> avaliação de<br />

uma cultura literária e de uma tradição literária <strong>feminina</strong>s tem uma significação paralela para<br />

<strong>no</strong>sso lugar na história e na tradição crítica” (1994, p.50).<br />

Ao final desse pe<strong>que</strong><strong>no</strong> pa<strong>no</strong>rama traçado sobre os percursos e impasses <strong>da</strong> existência<br />

ou não de uma escrita <strong>que</strong> se atribui <strong>feminina</strong>, a pergunta pertinente sempre presente era de<br />

fato: Existe uma “escrita <strong>feminina</strong>”, <strong>que</strong> busca conferir uma identi<strong>da</strong>de de gênero? O <strong>que</strong><br />

tipifica uma “escrita <strong>feminina</strong>”? A teórica e crítica chilena, Nelly Richard , num ensaio “A<br />

escrita tem sexo?”, <strong>que</strong> faz parte do seu livro Intervenções críticas , afirma <strong>da</strong> não resposta à<br />

in<strong>da</strong>gação <strong>da</strong> crítica literária feminista sobre as caracterizações de gênero e o <strong>que</strong> pudesse<br />

15 Sorriso <strong>da</strong> Medusa” (1975), texto antológico de Hélène Cixous, sobre a Escrita Feminina onde ela afirmava<br />

<strong>que</strong> A mulher deveria se colocar <strong>no</strong> texto – assim como <strong>no</strong> mundo e na História pelo seu próprio movimento<br />

corporal. Texto era igual a corpo; e a mulher escrevia em tinta branca, numa referência ao leite mater<strong>no</strong> e à<br />

ligação <strong>da</strong> escrita com a materni<strong>da</strong>de (CIXOUS, IN : Feminisms – An anthology of literary theory and criticism,<br />

1997, 347/362).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!