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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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RECONSTITUIÇÃO PALEOAMBIENTAL DA ZONA COSTEIRA<br />

paleoambientes durante o Holocénico final. Antes de 1780150 anos BP, uma repentina inva-<br />

são marinha entrou tio estuário, então caracteriza<strong>do</strong> por um ambiente de água <strong>do</strong>ce a salobra.<br />

Após este episódio, o paleoestuário evoluiu para um ambiente de água salobra e estagna<strong>da</strong>,<br />

coin progressivo enchimento, o que poderá ser atribuí<strong>do</strong> a galgainentos por tempestades ou a<br />

uma mu<strong>da</strong>nça de posição <strong>do</strong> estuário. A este ambiente seguiu-se um outro de sapal superior<br />

(continentalização), com água <strong>do</strong>ce e abun<strong>da</strong>ntes plantas aquáticas (Granja, 1999). É interes-<br />

sante referir, também, que a lagoa <strong>da</strong> Apúlia (hoje unia forma residual, totalmente assorea<strong>da</strong>)<br />

receberia i1111 ori oirtro brirco, de velri iça<strong>da</strong>, coni rirforas rle rizeite e viriho, rlurantc ol~ririleiro<br />

riiildi~io<br />

(Neiva, 1991).<br />

Eiiihora as <strong>da</strong>tações disponíveis nesta zona não sejam muitas, poder-se-á admitir, como<br />

hipótese, a existência de um aumento de tempestades no ante e no início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> i-omano,<br />

as quais teriam rompi<strong>do</strong> o ambiente protegi<strong>do</strong> de alto sapal que então existia.<br />

As dunas, pelo menos a norte de Espinlio, recobrem necrópoles medievais, tais conio a<br />

de Chafé (Viana <strong>do</strong> Castelo) e a de Fão (Esposende), esta <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>do</strong> século XVI (Abreli, 1987,<br />

Brocha<strong>do</strong> et 01.. 1992), pelo que se Ihes atribui uma i<strong>da</strong>de iiiais recente.<br />

Na Apúlia, em 1586, as areias cobrem a quase totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s suas terras, o que levou os<br />

seus habitantes a pedirem pi-otecção régia (Neiva, l991), pelo que é de supor que, nalgumas<br />

zonas, a invasão <strong>da</strong>s areias se tivesse inicia<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> mais ce<strong>do</strong>. Igualmente o Padre Jerónimo<br />

Chaves (1924) refere que Frirr~,foi rirrasarla pelas areias, oriun<strong>da</strong>s r10 iiorte, ri/~ós o Coiicílio<br />

(10 Papa Leio I (pág. 8). O mesino autor refere que a primitiva igreja Matriz foi arr~isa<strong>da</strong><br />

elas areias ntd ao telhri<strong>do</strong>, arzrlcni~rlo rns cabrus por cinia (pág. 9).<br />

Tais factos estariam de acor<strong>do</strong> com a existência <strong>da</strong> Pequena I<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Gelo, que se terá<br />

inicia<strong>do</strong>, na Europa, no século XVI e terá conespondi<strong>do</strong> a um abaixamento de 2°C de temperatura,<br />

a unia intensificação e agravaiiiento <strong>da</strong>s tempestades maior que a <strong>do</strong>s tempos moderilos,<br />

a muitos desastres costeiros, a erosão e a varrimento por areias, embora o nível <strong>do</strong> mar<br />

estivesse mais baixo que o actual (Lamb, 1995).<br />

A sul de Espinho, até i serra <strong>da</strong> Boa Viagem - cabo Mondego, é possível identificar, <strong>do</strong><br />

mar para a terra, os seguintes sistemas dunares: duna frontal, dunas parabólicas e dunas transversais<br />

(estas de crista orienta<strong>da</strong> sensivelmente E-O). A duna frontal (a sul <strong>da</strong> Costa Nova) é<br />

unia duna de ripa<strong>do</strong>, resultante <strong>da</strong> florestação no perío<strong>do</strong> de 1907 a 1940. As dunas parabólicas,<br />

a sul <strong>da</strong> praia <strong>da</strong> Torreira, têin i<strong>da</strong>des coinpreendi<strong>da</strong>s entre 11451257 anos (OSL 1995) e<br />

6201128 anos (OSL 1995). As dunas transversais são posteriores ao podzol trunca<strong>do</strong>, este<br />

<strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 3160190 a 16501160 anos BP (Granja et 01, in press).<br />

As dunas medievais talvez tenham ti<strong>do</strong> como fonte de alimentação os sedimentos resultantes<br />

<strong>da</strong> erosão <strong>da</strong> praia submarina, transporta<strong>do</strong>s para as praias de então pelas on<strong>da</strong>s,<br />

durante as tempestades. De facto, nas arribas de erosão <strong>da</strong>s praias actuais é possível encontrar<br />

indica<strong>do</strong>res sedimentai-es de praias anteriores a essas dunas.<br />

No perío<strong>do</strong> coinpreendi<strong>do</strong> entre os séculos XVI e XVIII, terá havi<strong>do</strong> uma grande variabili<strong>da</strong>de<br />

de condições nieteorológicas, após o que se seguiu um perío<strong>do</strong> de melhoria climática,<br />

variável segun<strong>do</strong> as regiões (e os autores), a partir de 1700 (Lamb, 1995; Bradley e Jones,<br />

1993,1995). No caso de Esposende, pelo menos, é de crer que tal melhoria ocorra mais tarde,<br />

uma vez que na primeira metade <strong>do</strong> século XIX, em 1826, ain<strong>da</strong> havia invasão de areias, de<br />

acor<strong>do</strong> coin textos históricos (Neiva, 1991).

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