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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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HELENA OSSWALD<br />

deste tipo, de 1832', cerca de setenta anos após a sua feitura, e, mais de iim século depois,<br />

reconhecia-se, finalmente, o seu valor.<br />

Os caminhos <strong>da</strong> descrição corográfica, há muito traça<strong>do</strong>s, - e de que se tornara um<br />

expoente a obra <strong>do</strong> Pe. Carvalho <strong>da</strong> Costa, <strong>da</strong>i em diante e por largo tempo, modelo de trabalhos<br />

<strong>do</strong> género - acrescenta<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong> o rigor que os novos interesses mais científicos possibilitaram,<br />

assim como a clara assunção pelo poder de que a geografia matemática e sobretu<strong>do</strong> a cartografia<br />

poderiam sustentar melhor as pretensões de soberania e o exercício de poder sobre os povos,<br />

permitiram um novo formato: o <strong>da</strong>s corografias com entra<strong>da</strong>s toponímicas ordena<strong>da</strong>s<br />

alfabeticamente. Estes desígnios obrigavam a um atura<strong>do</strong> trabalho de campo de recolha<br />

minuciosa <strong>do</strong>s próprios topónimos e <strong>da</strong>s suas características enquanto lugares de vivência de<br />

uma comuni<strong>da</strong>de. Os prontuários <strong>da</strong>s terras de Portugal <strong>do</strong> século XVII tinham si<strong>do</strong> um primeiro<br />

ensaio <strong>da</strong> tarefa imensa que restava por fazer. Dos trabalhos <strong>da</strong> Academia Real de História<br />

sobressaein as recolhas <strong>do</strong>cumentais com o propósito de servirem ?I feitura de uma história e<br />

de uma geografia geral <strong>do</strong> reino. A sombra <strong>da</strong> Academia, e leva<strong>do</strong> a cabo por gente que<br />

ganhará nome nestas lides, faz-se o levantamento exaustivo, no campo, <strong>da</strong>s coordena<strong>da</strong>s<br />

geográficas. As tarefas de que se encarregam Azeve<strong>do</strong> Fortes e outros padres matemáticos<br />

permitem a Caetano de Lima (1736) a publicação <strong>da</strong> lisla <strong>da</strong>s latitudes, inserta na sua Geografia.<br />

Os inquéritos acabarão por desembocar nas instruções com que os juizes demai-cantes<br />

<strong>da</strong>s comarcas no final <strong>do</strong> século XVIII partem para a viagem pelo próprio reino. Pelo caminho<br />

fica to<strong>da</strong> uma aprendizagem leva<strong>da</strong> acabo no levantamento cartográfico <strong>do</strong> Brasil, mas também<br />

de to<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de que se inscreve no espaço rigorosa~nente desenha<strong>do</strong> nos inquéritos<br />

económicos, populacionais, etc., <strong>do</strong> reino e conquistas.<br />

No inquérito de 1758 envia<strong>do</strong> aos párocos e dividi<strong>do</strong> em três grandes secções nota-se<br />

um interesse especial pelos elementos que permitem descrever o espaço, certamente com o<br />

intuito de o apreender. Em 36 (60%) questões <strong>do</strong> corpo total <strong>do</strong> interrogatório, composto por<br />

60 perguntas, o inquiri<strong>do</strong>r quis centrar a atenção nos aspectos topográficos, orológicos e<br />

hidrográficos. Na primeira secção não se suspeitaria deste interesse já que ao longo <strong>da</strong>s 27<br />

perguntas só três são dedica<strong>da</strong>s ao tema, mas na segun<strong>da</strong> e terceira secção, titula<strong>da</strong>s de "sei~a"<br />

e "rio", as três questões <strong>da</strong> primeira parte des<strong>do</strong>bram-se em 13 e 20 questões, respectivamente,<br />

que orientam a descrição particulariza<strong>da</strong> <strong>da</strong>s fregiiesias. No entender <strong>do</strong> inquiri<strong>do</strong>r o espaço<br />

extravasa porém estes aspectos. Aprimeira parte <strong>do</strong> questionário eluci<strong>da</strong> claramente a posição<br />

assumi<strong>da</strong>.<br />

Uma parte <strong>da</strong> primeira secção, denomina<strong>da</strong> "a terra", confere um senti<strong>do</strong> muito lato ao<br />

termo já que implica a comuni<strong>da</strong>de humana, o espaço geográfico, o espaço administrativo, o<br />

espaço militar e político. Retoma ain<strong>da</strong> os antigos interesses <strong>da</strong>s corografias: inquire-se sobre<br />

os notáveis e as notabili<strong>da</strong>des locais (que permitem o encher <strong>do</strong> peito cheio de orgulho <strong>do</strong>s<br />

"nacionaes", que permitem a repetição <strong>da</strong> len<strong>da</strong> e <strong>do</strong> fantasia<strong>do</strong> local). Identifica a freguesia<br />

por nome, orago, direitos de apresentação <strong>do</strong> pároco, pertença senhorial, divisão administrativa-<br />

judicial e militar, divisão religiosa. Mas vai um pouco mais longe ao pedir uma identificação<br />

' O oratanano anónimo que pacientemente, e como hoje se sabe nem sempre seoun<strong>do</strong> os critérios mais "gorosos,<br />

levou a cabo esta tarefa merece sem dúvi<strong>da</strong> um trabalho de pesquisa que o possa retirar <strong>da</strong> sombra <strong>do</strong> Pe. Luís<br />

Car<strong>do</strong>so.

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