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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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HELENA MARIA GRANJA<br />

Pequeno Óptimo Climático. As temperaturas ináximas no norte <strong>da</strong> Europa teriain si<strong>do</strong> superiores<br />

às actuais, durante os séculos XII e XIV (Bell e Walker, 1992). Do final <strong>do</strong> séc. X até ao<br />

XII ter-se-ão verifica<strong>do</strong> intrusões <strong>do</strong> inar nas costas baixas <strong>da</strong> Europa (Lamb, 1995).<br />

As turfas, nalguns locais, possuem numerosos grãos de quartzo, hialinos e bem rola<strong>do</strong>s,<br />

os qiiais poderão corresponder a areias varri<strong>da</strong>s pelos ventos, as quais se terão deposita<strong>do</strong><br />

sobre um ambiente pantanoso, em vias de continentalização. Talvez este ambiente correspon<strong>da</strong><br />

a uma fase climática mais húmi<strong>da</strong> e fria, durante a qual terão ocorri<strong>do</strong> tempestades de vento,<br />

galgamentos e invasão por areias, de locais costeiros, particularmente senti<strong>da</strong>s no século XIII<br />

(Lamh, 1995).<br />

Na costa portuguesa, a partir <strong>do</strong> século X1 as salinas proliferam, atingin<strong>do</strong> o auge no<br />

século XII (Almei<strong>da</strong>, 1979). o que corresponde ao perío<strong>do</strong> anterior ao <strong>do</strong> suposto agravamento<br />

<strong>da</strong>s condições climáticas (a segiiir a I300 dá-se um arrefeciinento abrupto, ao qual<br />

corresponde um perío<strong>do</strong> de fome naEuropa; os séculos XIV-XV terão si<strong>do</strong> de muita humi<strong>da</strong>de,<br />

com propagação de inúmeras <strong>do</strong>enças, Lamh, 1995). De facto, sobre os depósitos lagunares<br />

anteriormente referi<strong>do</strong>s, sobrepõem-se outros que indicam a existência de ambientes de praia,<br />

o que implicaria uma pequena subi<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> inar. As salinas de xisto, <strong>da</strong> zona entre os rios<br />

Neiva e Cáva<strong>do</strong>, assentam iiuiii leito rle nrein gr-ossri ii iilisturn coiii seixos iniií<strong>do</strong>s (S.<br />

Bartolomeu-Belinho), estan<strong>do</strong> cobertas por iiriiri clunri de i-niokveis l~roporções (Almei<strong>da</strong>,<br />

1979). A base destas salinas (Foz <strong>do</strong> Neiva, Belinho e S. Bartolomeu <strong>do</strong> Mar) está a uma cota<br />

de cerca de 3.0m em relação ao nível médio <strong>da</strong>s águas <strong>do</strong> mar, o que poderia implicar uma<br />

posição deste acima <strong>do</strong> actual, apesar <strong>da</strong>quele autor admitir a condução <strong>da</strong> água <strong>do</strong> mar ntrn-<br />

1~é.s de um canal de 50 m de conil~ririieiito, embora não o tenha encontra<strong>do</strong>.<br />

Diferentes textos históricos e recentes descobertas arqueológicas no estuário <strong>do</strong> rio<br />

Cáva<strong>do</strong>, as quais localizaram os destroços de um navio <strong>do</strong> século XVI, encontra<strong>do</strong>s há anos na<br />

zona <strong>do</strong> Vara<strong>do</strong>uro (Alves, 2001, pig. 39) apontam para um canal mais largo e profun<strong>do</strong>,<br />

desassorea<strong>do</strong>, onde a circulação de caravelas seria ain<strong>da</strong> possível, o que estaria de acor<strong>do</strong> com<br />

a existência de uma zona húmi<strong>da</strong> que se estenderia pela área hoje parcialmente ocupa<strong>da</strong> pela<br />

ci<strong>da</strong>de de Esposende (<strong>da</strong>tações em depósitos turfosos dão uma i<strong>da</strong>de de 1284 cal AD). Diferentes<br />

autores apontam para um progressivo assoreamento <strong>do</strong> rio Cáva<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> século<br />

XVI (Amândio, 1989, 1994, 1995; Felgueiras, 1998), rio esse que terá si<strong>do</strong> navegável até aos<br />

arre<strong>do</strong>res de Braga, nos tempos romanos (Amândio, 1994).<br />

É possível, também, que a foz <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong> se tivesse situa<strong>do</strong> mais a sul, ou seja, em Fão<br />

-barra de Fáo -a qual estaria completamente assorea<strong>da</strong> nos finais <strong>do</strong> século XV. O rio Cáva<strong>do</strong>,<br />

depois <strong>da</strong> obstrução <strong>da</strong> sua saí<strong>da</strong> natural, teria aproveita<strong>do</strong> o braço norte, rompen<strong>do</strong> e alargan<strong>do</strong><br />

uma barra perto de Cepães, a qual originou a barra de Esposende (Felgueiras, 1998, pág.<br />

18). Também, o Padre Jerónimo Chaves (1924, págs. 13-14) refere que o rio Celos (antigo<br />

nome <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong>) desaguava no n~arprósii?io (Ia Erinirla <strong>da</strong> Senhora <strong>da</strong> Boiiaiiçn, não referin<strong>do</strong>,<br />

contu<strong>do</strong>, <strong>da</strong>tas. Son<strong>da</strong>gens realiza<strong>da</strong>s na Bonança, numa área interdunar (fig. 6), atravessaram<br />

sedimentos grosseiros, heterométricos, cujas características apontam para uma génese<br />

fluvial (Granja, 1990). Contu<strong>do</strong>, por enquanto, é, apenas uma hipótese especulativa, uma vez<br />

que serão necessárias mais son<strong>da</strong>gens e <strong>da</strong>tações para se comprovar a existência ou não de um<br />

paleocanal <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong> nessa posição.<br />

O que se demonstrou é que, o paleoestuário <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong> (fig. 6) teve diferentes

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