19.04.2013 Views

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O PORTO DE VILA DO CONDE NO SÉCULO XVI<br />

to<strong>do</strong>s os testemunhos são consensuais no que se refere à existência <strong>do</strong> fenómeno. Quanto às<br />

suas causas, as interpretações são absolutamente opostas. Os oficiais <strong>da</strong> câmara insistem no<br />

assoreamento provoca<strong>do</strong> por movimentos marítimos, correspondentes à deposição de areias<br />

que o cau<strong>da</strong>l <strong>do</strong> rio se revela incapaz de remover; os proprietários <strong>da</strong>s azenhas insistem no<br />

assoreamento fluvial, resultante <strong>da</strong> deposição de sedimentos trazi<strong>do</strong>s pelo cau<strong>da</strong>l <strong>do</strong> rio, sen<strong>do</strong>,<br />

nesse caso, os açudes <strong>da</strong>s azenhas benéficos, porque impeditivos <strong>da</strong> sua deposição junto á<br />

barra.<br />

Para além <strong>do</strong> assoreamento por deposição de sedimentos, outro fenómeno é descrito: o<br />

<strong>da</strong> diminuição <strong>do</strong> cau<strong>da</strong>l <strong>do</strong> rio. As causas aponta<strong>da</strong>s divergem, também, de acor<strong>do</strong> com os<br />

interesses em jogo. Eo mesmo acontece com a indicação <strong>do</strong>s efeitos previsíveis e a sua duração.<br />

Assim, os foreiros <strong>da</strong>s azenhas apontam causas meramente climáticas, relaciona<strong>da</strong>s com a<br />

ausência de chuvas intensas nos 8 anos precedentes. Essa diminuição de cau<strong>da</strong>l decorreria,<br />

quer <strong>da</strong> diminuição <strong>da</strong> pluviosi<strong>da</strong>de, quer <strong>do</strong> facto de fontes e riachos, que habitualmente o<br />

engrossam, serem desvia<strong>do</strong>s e exauri<strong>do</strong>s pela rega <strong>do</strong> milho em to<strong>do</strong> o percurso <strong>do</strong> Ave através<br />

de Entre-Douro-e-Minho. Assim, os maiores níveis de assoreamento seriam meramente<br />

temporários e por inteiro reversíveis através de uma alteraçiio <strong>do</strong>s índices de pluviosi<strong>da</strong>de. A<br />

confirmar esta tese, apontam o facto de o fenómeno estar igualmente identifica<strong>do</strong> nos rios e<br />

bairas de Viana, Esposende, <strong>Porto</strong>, Aveiro e Mondego. Isso mesmo ressalta <strong>da</strong> passagem que<br />

de segui<strong>da</strong> extratamos: "... nsy coriio nguorn estn ho ryo foy jn per inuitns vezes Iie coiiio<br />

estnva asy coriio elles dizem esteve ju per vezes de feyçn~ii que conio clzove e lia Iiy grarides<br />

erixuros estn Iio ryo iiiuito beni feito e a bara nsy c conio iiririz clzove riam Iza hy nugiroas e<br />

ayiri<strong>da</strong> ns que tia dns fomtes e rysveir-os (sic) que vanz ter nos ryos sariz tornnrlos rio viram peru<br />

I-egar hos riiylhos rins ter-ns tor1a.s d'Ar~tr-e Doum e o Myizlio que lzos ryos grnrndes fnlleceiri lhe<br />

ns aiiguoas e o mar rieste teiiil~o trai as areas e 6ota.s fom de sy pcr lzomde secnrnm ns bnrns<br />

as), desta vylln coiiio no ryo <strong>do</strong> dicto Aveyro Birarquos Vyana Cnriiynlin e to<strong>do</strong>s outros<br />

nntirrnllmerzte e tnrifo que ko Deus mari<strong>da</strong> as niigirons <strong>do</strong> ceo logrro lios ryos sam clieos dellns<br />

e,fnzenz lio que a riiuitos nnnos hos velhos terii esl~eryriienfa<strong>do</strong> ..." i4.<br />

Para os oficiais <strong>da</strong> câmara e um número muito significativo de pilotos, mestres e<br />

inareantes <strong>da</strong> vila, os factores explicativos são diversos e de ordem estritamente humana,<br />

to<strong>da</strong>s eles resultantes <strong>do</strong> espraiamento <strong>do</strong> rio a montante <strong>do</strong>s açudes, sen<strong>do</strong> o seu cau<strong>da</strong>l<br />

bloquea<strong>do</strong> pelos açudes <strong>do</strong>s três núcleos de azenhas já identifica<strong>do</strong>s. Os argumentos são<br />

sintetiza<strong>do</strong>s, na carta régia que ordena as averiguações:<br />

" Os juizes e verenrlorespr-ocnrn<strong>do</strong>r honieris booris rle Vylla de Coiiide me escreveram<br />

que a dita vylln Ize riluito iiobrrcy<strong>da</strong> de gemte e de grniide navegunçniiz de rinos e riavyos a<br />

qunll iirivegnçnn? se vny de to<strong>do</strong> a perderpor o ryo <strong>da</strong> dita villa estar muito aren<strong>do</strong> e a sira<br />

barn por causa <strong>da</strong>s nçlidn<strong>da</strong>s que no dito rio estam que fazem nzi~ito dnno a barn e impedem<br />

conz nren a eriitra<strong>da</strong> e snliydn <strong>da</strong>s tinos e navyos [...I e norn tom sonierzte esta dnna<strong>do</strong> o rio por<br />

usy estar nrra<strong>do</strong> mns aini<strong>da</strong> n boqua dn bnsa por omde ns naos omde pnsnr digo omde as<br />

~znnos omde sair estn todn nren<strong>da</strong> com nren he tnrn bnixn que per onide as rinos sohynrii de de<br />

(sic) fin<strong>da</strong>r de agoas mortns e de mares vnzias apuora rionz pode jn ir senam cnrni~ellas conz<br />

nguoas vyvns serli iiiuitn sorna de genzte Iiefiqua a barn tnrii sequa que os batees norn podem<br />

l3 Processo cita<strong>do</strong>, fl. 35-35".

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!