19.04.2013 Views

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

RECURSOS MAR~TIMOS E TECNOLOGIA NO S~C. XVIII<br />

expectativa de rnelhores dias (vd. Amorim, 1997,332).<br />

Contu<strong>do</strong>, perante a retracção <strong>da</strong> área <strong>da</strong>s salinas avançaram as praias de moliço.<br />

Multiplicaram-se os sinais de eiiiprego intensivo <strong>da</strong>s plantas na beneficiação <strong>do</strong>s solos e sen<strong>do</strong><br />

um recurso coinuin, nalguns casos explora<strong>do</strong>s por senliorios, a sua utilização exigia<br />

contraparti<strong>da</strong>s. Entretanto, em locais onde o seu usufi-uto não se encontrava regimenta<strong>do</strong>,<br />

siirgiram as dúvi<strong>da</strong>s e os conflitos. Assim acontecia na Pateira de Fermentelos, em 1797'4,<br />

repetin<strong>do</strong>-se meio séciilo mais tarde (Oliveira, 1979, 112). em Mira, no ano de 180525, em<br />

Aveiro em 1806, contra os "defora (10 teriiio e distr-ito desta citlade vêiii ul~nizliariiioliço, iiZo<br />

só 110s terrenosl~róprios cio coiicellio"'~ eni Vagos, em 1815 onde a Câmara que fazia seu, o<br />

braço meridional <strong>da</strong> ria, exigin<strong>do</strong> ren<strong>da</strong>s sobre o inoliço (Silbert, 1985, 180). A confirinar o<br />

peso crescente deste recurso assinale-se a criação de um imposto, em 1802, lança<strong>do</strong> pela<br />

Coroa sobre ca<strong>da</strong> barco de inoliço que circulasse na Ria e destina<strong>do</strong> às obras de recuperaçáo<br />

<strong>da</strong> barra (Matos, 1892, 107).<br />

Com efeito, as sucessivas evoluções <strong>da</strong> Barrae o seu posicionamento terão condiciona<strong>do</strong><br />

e altera<strong>do</strong>, ao longo <strong>do</strong>s tempos, as manchas de plantas que ci-esciam sempre que a Barra<br />

entupia, o que aconteceu frequenteiiiente, com inaior iiicidência, como vimos, desde a déca<strong>da</strong><br />

de 80 <strong>do</strong> séc.XVII1, prenúncio de iiiii negócio altaineiite rentável, no séc. XIX (Regalla, 1888,<br />

30). Aforça crescente <strong>do</strong>s concelhos, as necessi<strong>da</strong>des de receitas fiscais, a eficácia fertiliza<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> moliço, lançaram a discussão acerca <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de alaga<strong>da</strong> <strong>da</strong> Ria de Aveiro, poléinica<br />

que se estenderá até aos nossos dias (Ma<strong>da</strong>hil, 1946, 178). Aresposta <strong>da</strong>s Cortes Constituintes<br />

em 1822, "o leitu rlus i-ios i~/oiiií~~io/~iíDlico e nenliuri~a adiiiiriistruçio loctilporle mgirlariientar<br />

o seri IISO" (Silbert, 1985, 18 I) é o sinal de parti<strong>da</strong> na busca desenfrea<strong>da</strong> <strong>do</strong> nioliço, até que as<br />

preocupações ecologistas e a sobranceria <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> chame, a si, a adininistração <strong>da</strong> Ria (Regalla,<br />

1888,27).<br />

A riqueza <strong>do</strong>s recursos e as oportuni<strong>da</strong>des que a ria e o mar proporcionam, desde a<br />

pesca h indústria salineira, à recolha e transporte de moliço para a fertilização <strong>do</strong>s cainpos,<br />

justificam que os melhoramentos na Barra e a defesa de alguinas proprie<strong>da</strong>des confinantes<br />

com a ria, fossem, muitas vezes, soluções contraditórias. Tal coinplexi<strong>da</strong>de realça, no entanto,<br />

a importância <strong>da</strong>s actuações humanas e ao inesiiio teiiipo a sua fragili<strong>da</strong>de e inoperância perante<br />

a incapaci<strong>da</strong>de tecnológica de então, provocan<strong>do</strong> o apagainenio de unia <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des maiores<br />

-o sal.<br />

" BMA-L"l0<strong>do</strong> Tainbo &i Vila de Ois <strong>da</strong> Ribeira-1797/1S00, f. 323.<br />

" ANTT-DP-Beira, mu$o 25, n.2380: a cnpitão-liior, Pedro Meiides Vaze seu irmão Tonié Mendes, sargento-mor,<br />

foram acusa<strong>do</strong>s pela C~iiiar:i e "nlgiritin parte c10 Povo". <strong>do</strong> dito Capitão os obrigar a la~er cslrumeiras de moliço<br />

para seu benelicio.<br />

" AMA-LV, n. 9, ss. 11/6/1806.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!