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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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A ROTURA DAS COMUNIDADES CKISTÃS-NOVAS DO LITORAL<br />

estreitos, quase sempre de parentesco, entre algumas destas famílias portuenses afecta<strong>da</strong>s e<br />

gente "<strong>da</strong> nação" de Coimbra, liga<strong>da</strong> 2s suas instituições de elite, a Universi<strong>da</strong>de e o Cabi<strong>do</strong>.<br />

De salienta& em to<strong>do</strong> este contexto a percepção nesta altura <strong>da</strong> existência de ju<strong>da</strong>ízantes<br />

conventuais, em Coimbra e <strong>Porto</strong>, neste caso também um local de elite, o convento de<br />

Monchique, que, por seu turno, levaria ao conhecimento de delitos semelhantes anicba<strong>do</strong>s no<br />

convento <strong>da</strong>s clarissas de Vila <strong>do</strong> Conde.<br />

Tratava-se genericamente de freiras pertencentes a famílias mais ou menos abasta<strong>da</strong>s,<br />

que mercê dessa situação estavam isentas <strong>da</strong> prestação de vários serviços considera<strong>do</strong>s mais<br />

rudes, assim como dispunham de liber<strong>da</strong>de suficiente para poderem prestar culto à Lei Velha<br />

em pleno convento. Aliás, fora num passa<strong>do</strong> recente, fins <strong>do</strong> século XVI, que se iniciara a<br />

inserção crescente de gente cristã-nova na vi<strong>da</strong> religiosa, o que constituía uma segurança para<br />

quem entrava e um salvo-conduto para a própria família, solução ca<strong>da</strong> vez mais dispeudiosa à<br />

medi<strong>da</strong>que o estatuto de "pureza de sangue" grassavapelas mais diversas instituições <strong>do</strong> país.<br />

Curiosamente, foi precisamente um frade cristão-novo, <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, Frei Egídio, quem, na corte<br />

de Madrid, negociou um novo perdão-geral a partir de 1599.<br />

Esta conjuntura determinou um incremento significativo na diáspora portuense, com<br />

uma incidência de rumo em direcção a Amsterdão , superan<strong>do</strong> provavelmente a vocaciona<strong>da</strong><br />

para o nordeste brasileiro.<br />

Aparecem ain<strong>da</strong> ramificações de casos portuenses quer em Vila <strong>do</strong> Conde quer sobretu<strong>do</strong><br />

no alto Minbo, especificamente em Viana, onde, apesar de to<strong>do</strong> o engenho, arte e manha <strong>do</strong><br />

visita<strong>do</strong>r, permanece como que uma nebulosa que não permite resulta<strong>do</strong>s dignos de nota",<br />

não ohstante to<strong>da</strong> a celeri<strong>da</strong>de nos man<strong>da</strong>tos de captura.<br />

Dependentes de vários géneros sáo chama<strong>do</strong>s como elementos de pressão para a obtenção<br />

de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, surgem vários casos liga<strong>do</strong>s normalmente as regras dietéticas, práticas de jejuns e<br />

orações, muito embora venha à superfície algo de mais profun<strong>do</strong>, como o ritual <strong>do</strong> enterrameuto.<br />

É precisamente neste particular que nos pareceu que deveria haver muito mais <strong>do</strong> que realmente<br />

apareceu, pois o próprio ritual pressupunha conivências, cumplici<strong>da</strong>des que ultrapassavam a<br />

própria gente <strong>da</strong> nação vianense, até porque, como então se verificou, houve padres que se<br />

deram conta de algumas anomalias relativas a mortalhas e costumes <strong>do</strong>s parentes destes<br />

defuntos1('.<br />

Em Viaua comprovam-se não só as relações de parentesco e negócio com portuenses,<br />

como uma evidente diáspora direcciona<strong>da</strong> para a Holan<strong>da</strong>, Amsterdáo, onde vários vianenses<br />

viviam como judeus, dedican<strong>do</strong>-se prioritariamente ao comércio <strong>da</strong> rota atlântica, sobretu<strong>do</strong><br />

ao negócio <strong>do</strong> açúcar.<br />

" Das 83 denúncias de ju<strong>da</strong>ísmo resultaram 6 processos que, por seu lurno, arrastaram apenas mais 7.<br />

'' Com efeito, só perante a VisitagSo é que os sacer<strong>do</strong>tes declaram ter nota<strong>do</strong> casos em que crist.50~-novos se<br />

enterravam com touca, calça<strong>do</strong>s, as parentes enluta<strong>do</strong>s abstinham-se de comer carne, etc..<br />

Ver Susana Maria Vue Carvalho, "Viana Seiscentistu.<br />

AVisita Inquisitorial de 1618". dissenagáa de Mestra<strong>do</strong>, policopia<strong>da</strong>, apresenta<strong>da</strong> na Facul<strong>da</strong>de de Letras <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>,<br />

<strong>Porto</strong>, 2000, pp. 91-93.

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