xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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INES AMORIM<br />
"cargri de fel-ro"". O suporte a esta multifaceta<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de residia em bons alicerces<br />
institucionais, o ser vice-cônsul de nação francesa, no <strong>Porto</strong> e em Aveiro", o ter apoio junto <strong>do</strong><br />
poder central que o recomen<strong>do</strong>u à vereação de Aveiro, pela 'j>>vrita extrncçcio <strong>da</strong>s pescarias<br />
que i~~uitas imes se perdia pelas praias por falta rle contp,u~lores" e ain<strong>da</strong> por <strong>da</strong>r emprego<br />
aos "iliora<strong>do</strong>rrs r10 traballzo <strong>da</strong>s ~~~esrrzas fibricas"". Lança<strong>do</strong> o negócio <strong>da</strong> salga, a dimensão<br />
atingi<strong>da</strong> justificava, desde 1809, a presença dum "Irts/jector- e Fiscal [Ia praia rle Espiitllo ali<br />
ii costa e areias de S.Jacinto", evitan<strong>do</strong> o mau fabrico e a "corrupção" <strong>da</strong> sardinha2", sinal de<br />
um cresciinento que ein 1821 já contava, no Fura<strong>do</strong>uro (praia de Ovar), com 400 PAbricas,<br />
produzin<strong>do</strong> perto de 1000 pipas de azeite2'.<br />
Acredita-se que a pesca e a salga criaram expectativas na produçáo <strong>do</strong> sal. A análise <strong>da</strong><br />
sua coinercialização através <strong>da</strong>s guias de portos secos (portos em re<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Ria) poderá, eventiialineiite,<br />
esclarecer alguns relacionamentos. Fazemo-lo em <strong>do</strong>is inoiiientos, 1751 e 1771,<br />
quan<strong>do</strong> as fontes, felizmente, descriminam a origem e os destinos <strong>do</strong> sal (Amorim, 1997,<br />
anexos 9.1 e 9.2). A análise <strong>do</strong> mapa 2, prova o aumento <strong>do</strong>s fluxos para a zona litoral, com<br />
particular destaque para Ovar (porto abastece<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s companhas de pesca <strong>do</strong> litoral), embora<br />
o sal se distribuísse por uma inultiplici<strong>da</strong>de de pequenos portos: Pessegueiro <strong>do</strong> Vouga, limite<br />
<strong>da</strong> navegabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> rio Vouga, e diferentes esteiros e caminhos de água <strong>do</strong> Cértiina, Águe<strong>da</strong><br />
e braços <strong>da</strong> Ria.<br />
Assinale-se, contu<strong>do</strong>, tal como escrevemos anteriormente, que, desde a déca<strong>da</strong> de 70<br />
<strong>do</strong> século XVIII, a barra de Aveiro ameaçava a produção e se 1775 e 1776 foram anos de<br />
produção salícola excepcionais, a ver<strong>da</strong>de é que, em 1788, 10% <strong>do</strong> sal distribuí<strong>do</strong> por aqueles<br />
portos era <strong>da</strong> Figueira <strong>da</strong> Foz e dez anos depois 37.5 %era <strong>da</strong> mesma origem, 6.3% de Setúbal<br />
e 0.5% de Lisboa, ou seja quase 45% (cerca de 396.25 contos") era originário de outros<br />
salga<strong>do</strong>s. Esta tendência acenluou-se porque em 1805 entravam pela barra 980 contos provenientes<br />
<strong>do</strong>s portos de Figueira, Lisboa e SetúbaP3, in<strong>do</strong> para Ovar 34.4% e paraÍ~havo, outro<br />
porto importante de pesca, 18.6% (Amorim, 1997,389). A confirinação <strong>da</strong> falta de produção<br />
local encontra-se na subi<strong>da</strong> acelelera<strong>da</strong> <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> sal em Aveim a partir de 1796. Os preços<br />
não mais descem, a não ser em 1809, fruto pi-ovável <strong>do</strong> efeito psicológico <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong><br />
Barra, tanto mais que logo, no ano seguinte, voltaram a subir (Amorini, 1997, 397).<br />
Este conjunto de <strong>da</strong><strong>do</strong>s parece provar que a oscilação <strong>da</strong> barra trouxe certamente custos<br />
agrava<strong>do</strong>s na produção salícola e, em contrapaiti<strong>da</strong>, o consumo local, activa<strong>do</strong> pela dinâmica<br />
<strong>da</strong> pesca, pi-ocurou sal de outras proveniências. Não admira, por conseguinte, tal como refeiimos<br />
atrás, que se assistisse a uina estratégica de conceiitração de mariiihas, não apenas nas mãos<br />
<strong>do</strong>s tradicionais proprietários, mas ain<strong>da</strong> em meios mercantis, mesmo exteriores à ci<strong>da</strong>de,<br />
esperança<strong>do</strong>s numa rápi<strong>da</strong> recuperação <strong>do</strong> salga<strong>do</strong>. Daí um movimeiito de compra e ven<strong>da</strong> de<br />
marinhas de sal por indivíduos liga<strong>do</strong>s às obras <strong>da</strong> barra ou conhece<strong>do</strong>res de merca<strong>do</strong>s, na<br />
"ADA, SN-Aveiro, L. 314, f. 105" n 107, <strong>da</strong>c. 19110l1777.<br />
" AMA-LR, &I. 95. iioi~>eu<strong>do</strong> para este cargo no ano de 1780.<br />
''I BMA-s/ n/, slfk carta de Pina Mnnique cm 1781<br />
2oANTT-DP, Beira, niiip 29, 81. 2884, 14/9/1809.<br />
" ANTT-MR, !naco 369, cn. 492, Ovar, 19/4/1821.<br />
'?A niedi<strong>da</strong> "conto" era específica <strong>do</strong> sistema metrológica dc Aveiro. Só aqui se media em contos, no la<strong>do</strong> <strong>da</strong> iniaio.<br />
<strong>do</strong> millieiio e <strong>do</strong> bú~io. A equivalência, pelo inenos entre 1690 e 1814, era a seguinte: I rnillieiro=5 cai>tos=12.5<br />
moios= 250 msnsibúzios= 750 nlqueires (Aiiiorim, 1999a)<br />
" 00s valores eram os se&uintes Figueira 615.2 contos ou 62.8'70, Lisboa 282.8 ou 28.846, Selúb.il21.6 contos ou<br />
2.2%. c os restantes 6.2% erniii de origem desconheci<strong>da</strong> (vd. Amorim, 1997,378 e 389).