19.04.2013 Views

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

NICOLE DEVY-VARETA<br />

O primeiro desenvolve-se em torno <strong>do</strong> conceito de clímax e as dinâmicas lineares que<br />

lhe são associa<strong>da</strong>s'. Estão liga<strong>do</strong>s a este pólo os modelos biológico-naturalistas <strong>da</strong> vegetação,<br />

que consoli<strong>da</strong>m as noções de vegetação climácica "primitiva" (a floresta pré-neolítica) ou<br />

"potencial" (comuni<strong>da</strong>de vegetal que pode instalar-se após a cessação de qualquer intervençao<br />

humana). As alterações de origem antrópica são sempre interpreta<strong>da</strong>s como desestabiliza<strong>do</strong>ras,<br />

ou principal factor na ruptura <strong>do</strong> equilíbrio natural e na degra<strong>da</strong>ção subsequente <strong>da</strong> vegetação.<br />

O segun<strong>do</strong> pólo assenta na complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> natureza, nomea<strong>da</strong>mente nos<br />

últimos 10.000 anos. As sequências lineares, evoluin<strong>do</strong> para as situações climáticas ou<br />

resultantes <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção antrópica <strong>do</strong> meio, são postas em causa, sobretu<strong>do</strong> na Europa <strong>do</strong><br />

Sul, quan<strong>do</strong> se descobre a estreita imbricação entre dinâmicas naturais e impactes <strong>da</strong>s<br />

intervenções humanas'. É redimensiona<strong>da</strong> a referência <strong>do</strong> "natural" numa grelha espacial e<br />

temporal muito variável, que incentiva as abor<strong>da</strong>gens interdisciplinares entre Ciências naturais<br />

e Ciências humanas e sociais. O tempo e o espaço, as temporali<strong>da</strong>des e os territórios, o ambiente,<br />

e a vegetação que está dentro, tornain-se "problemáticas globais", que ultrapassam os estritos<br />

limites e conteú<strong>do</strong>s disciplinares3.<br />

Um <strong>do</strong>s modelos de evolução <strong>da</strong> vegetação, com os I-espectivos agrupamentos vegetais<br />

climáticos e séries dinâmicas, foi elabora<strong>do</strong> nos anos 1950 segun<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> fitossociológico<br />

<strong>da</strong> escola de Braun-Blanquet'. Recentemente, o modelo foi ao mesmo tempo actualiza<strong>do</strong> e<br />

modifica<strong>do</strong> na Cai-ta Biogeogrcífica, no âmbito <strong>do</strong>s conceitos <strong>da</strong> fitossociologia paisagista,<br />

também oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> mesma escola e que assenta numa tipologia organiza<strong>da</strong> à escala <strong>da</strong> Penín-<br />

sula ibérica por S. Rivas-Martínez5. O mapa e a respectiva legen<strong>da</strong> explicativa representam na<br />

actuali<strong>da</strong>de o inventário geobotânico mais completo sobre a vegetação potenciallnatural por-<br />

tuguesa.<br />

Este modelo biológico articula-se com características bioclimáticas que evidenciam as<br />

influências mediterrâneas no meio natural, revela<strong>da</strong>s, em quase to<strong>do</strong> o espaço nacional, por<br />

um perío<strong>do</strong> seco no verão. Pela sua posição, no sul <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> atlântica <strong>da</strong> Europa, Portugal<br />

situa-se nas margens <strong>da</strong>s regiões niediterrânea e ntlântica% Neste espaço de contacto e transi-<br />

ção biológica7, existem contrastes bioclimáticos diversifica<strong>do</strong>s, e acentua<strong>do</strong>s pela repartição<br />

<strong>da</strong>s serras e <strong>da</strong>s colinas em to<strong>do</strong> o território. Se a transição é muito progressiva nas regiões<br />

litorais, <strong>do</strong> Norte mais atlântico para o Sul mais mediterrâneo, há um forte contraste <strong>do</strong> litoral<br />

marítimo para o interior continentaliza<strong>do</strong> e relativamente muito seco.<br />

' O cliilian (Clements, 1916) é o esta<strong>do</strong> final de equilíbrio estável cnlre os elementos <strong>do</strong> complexo clima-solo-florafauns,<br />

resultan<strong>do</strong> de uma evaluçáo dlnâinica num determina<strong>do</strong> lugar e tempo. A sucessáa progressiva é o conjitnto<br />

teúrico de etapas, entendi<strong>da</strong>s como esta<strong>do</strong>s provisórios. <strong>da</strong> vegelaçâo, que tende para o clímax. Pelo contrário, a<br />

sucessSo rcgressivn afasta-se, tumbéni por etapas, <strong>do</strong> climnx. até ao solo nu. A sErie de vegeia@o, progressiva ou<br />

regressiva. é o inodela <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des veoctais realmeiite inventaria<strong>da</strong>s nuni detenliina<strong>do</strong> lurare leilirio. resultantes<br />

d& processos de sucessúo (a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> de 1.k. COSTA, 1998 e A. Da LACE, 2000).<br />

' 1-L. VERNET. 1997.<br />

Lrs Teirtps de I'Erzi~iiai,~,~r>,e>,l, 2000.<br />

VI. BRAUN-BLANQUET e1 olii. 1956.<br />

' J. C. COSTA cr olii. 1998.<br />

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!