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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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FOMENTO E ORDENAMENTO FLORESTAL NAS REGIÕES LITORAIS<br />

matos, exploração <strong>da</strong> lenha e fabrico de carvão e livre pastoreio, mas não completamente<br />

desarboriza<strong>do</strong>s.<br />

-observa<strong>da</strong>s à distância, as serras e a montanha apresentam-se estéreis, nuas, pela<strong>da</strong>s e<br />

feias, segun<strong>do</strong> as expressões mais usa<strong>da</strong>s nas descrições <strong>da</strong> época, a partir <strong>do</strong> século XVI. É o<br />

<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s baldios comunitariamente explora<strong>do</strong>s até aos mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX. Penetran<strong>do</strong><br />

nas serras, nas vertentes e nos altos vales relativamente pouco acessíveis, o viajante<br />

testemunhava a conservação de carvalhais antropogénicos, e formações arbóreas e arbustivas<br />

mistas <strong>do</strong> ecótono atlantico-mediterrâneo.<br />

Se tentarmos traçar as tendências evolutivas <strong>da</strong> floresta <strong>do</strong> século XVI até às vésperas<br />

<strong>do</strong> liberalismo, dir-se-ia que pre<strong>do</strong>minavam, no início de Quinhentos, matas de folhosas,<br />

fortemente antropiza<strong>da</strong>s, num mosaico agroflorestal muito heterogéneo, com espécies arbóreas<br />

<strong>da</strong> flora mediterrânea (entre outras, sobreiros e pinheiros mansos). Não se exclui a presença<br />

<strong>do</strong> pinheiro bravo, tal como é <strong>do</strong>cumenta<strong>da</strong> em Espanha. Resta saber qual a capaci<strong>da</strong>de produtiva<br />

e de regeneração desta massa florestal em relação à procura de material lenhoso, no contexto<br />

<strong>da</strong> Expansão e <strong>do</strong> crescimento demográfico rural e urbano, que se registou no Noroeste durante<br />

o século XVI. Aqui nos confrontamos com escassos conhecimentos na história <strong>do</strong> ambiente,<br />

esbarran<strong>do</strong> sobre o "mito <strong>da</strong> floresta natural". Também merecia ser aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> a apreensão<br />

<strong>da</strong> política <strong>do</strong>s poderes instituí<strong>do</strong>s, e <strong>do</strong>s "sem-poderes", acerca <strong>da</strong> gestão <strong>do</strong>s recursos<br />

regionaisIz.<br />

A crise <strong>da</strong> madeira acentua-se nos séculos XVII e XVIII. A escala nacional, ainformação<br />

disponível corrobora surtos <strong>da</strong> contracção <strong>da</strong>s matas de folhosas, nomea<strong>da</strong>mente na segun<strong>da</strong><br />

mctadc <strong>do</strong> século XVIII. Nos finais de Setecentos, as paisagens <strong>do</strong> Noroeste ofereciam contrastes<br />

acentua<strong>do</strong>s entre as áreas floresta<strong>da</strong>s - as matas, sobretu<strong>do</strong> as <strong>do</strong>s coutos, as melhores<br />

conserva<strong>da</strong>s e guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s, mas também pinhais que, de mo<strong>do</strong> descontínuo, se estendiam à<br />

volta <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> e Gaia, ao longo <strong>do</strong> litoral, de Esposende para Caminha, ou ao longo <strong>do</strong> rio<br />

Minho - e os "incultos", nota <strong>do</strong>minante transmiti<strong>da</strong> por grande parte <strong>da</strong> <strong>do</strong>c~mentação~~.<br />

Aexpansão <strong>do</strong>s pinhais ter-se-ia realiza<strong>do</strong> num processo regular ao longo <strong>do</strong> tempo, ou<br />

constitui, na Época Moderna, uma mu<strong>da</strong>nça no ambiente e o sinal de uma nova temporali<strong>da</strong>de<br />

na história <strong>da</strong> floresta nacional?<br />

I11 -As políticas de fomento e ordenamento <strong>do</strong>s recursos florestais<br />

As primeiras tentativas de fomento e ordenamento florestal surgiram, certamente, de<br />

mo<strong>do</strong> espontâneo durante o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> formação <strong>do</strong> espaço rural. Representam duas vertentes<br />

essênciais <strong>da</strong> antropização <strong>do</strong> meio natural medievo. No Norte atlântico, a organização <strong>do</strong>s<br />

agrossistemas medievos é relevante para esta problemática, mais que em qualquer parte <strong>do</strong><br />

país. A floresta fornece então tantos produtos e serviços para to<strong>do</strong>s, poderosos ou mora<strong>do</strong>res,<br />

que deve ser regulamenta<strong>do</strong> o uso <strong>da</strong>s seus recursos. A gestão <strong>do</strong>s recursos florestais não se<br />

pode desligar <strong>da</strong> definição <strong>da</strong>s áreas de exploração <strong>da</strong>s terras, <strong>do</strong>s respectivos regimes de<br />

proprie<strong>da</strong>de, e <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res. Também destes recursos dependia a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s núcleos<br />

populacionais <strong>da</strong> costa, mais vira<strong>do</strong>s para as relações comerciais e a pesca. Finalmente, o<br />

"Ver o caso <strong>da</strong> erplaraçIo de madeiras para a construçZo naval de Vila de Conde, in A. POLÓNIA, pp. 293 e ss.<br />

l3 M. LINK, 1805: A. CRUZ, 1970: 1. M. A. MENDES, 1980; 1. A. NUNES e R. G FETJO, 1990.<br />

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