19.04.2013 Views

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

RECURSOS MARÍTIMOS E TECNOLOGIA NO SÉC. XVIII<br />

<strong>da</strong> barra (Amorim, 1997,374).<br />

Aci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, tradicional consiimi<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> sal de Aveiro, transformou-se, entretan-<br />

to, em centro de passagem e de reexportação <strong>do</strong> sal proveniente de diferentes origens (Olivei-<br />

ra, Garcia Loinbai-dero, 1979, 143). Com efeito, embora se note, entre 1760 e 1763, uin signi-<br />

ficativo movimento de saí<strong>da</strong>s de Aveiro para o <strong>Porto</strong> (em 1761, <strong>do</strong> sal despaclia<strong>do</strong>, 64% ía<br />

para a ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> e, em 1762, 44%), era de Setúbal que provinham, continuaiiiente, as<br />

grandes quanti<strong>da</strong>des entra<strong>da</strong>s na barra <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, inuitas vezes sob a bandeira sueca ou dina-<br />

marquesa, sempre que os condicioiialismos políticos o iiiipunham (Mejide Par<strong>do</strong>, 1975, 807).<br />

Intei-essa-nos, contu<strong>do</strong>, arlicular a evolução <strong>da</strong> produção e comercialização <strong>do</strong> sal de<br />

Aveiro, com os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesca, taiito inais que a introdução <strong>da</strong> nova arte, inais pi-odutiva,<br />

solicitaria, por princípio, o emprego de maiores quanti<strong>da</strong>des de sal. Uiiia <strong>da</strong>s conseq~iências<br />

<strong>da</strong>eficácia <strong>da</strong> xávega foi a abundância <strong>do</strong> pesca<strong>do</strong>, aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> iiapraias, perante as dificul<strong>da</strong>des<br />

de escoaniento e a falta de infraestruturas viárias. Asolução passava por novos procedinientos,<br />

a jusante <strong>da</strong> pesca- o novo méto<strong>do</strong> <strong>da</strong> salga, à iriorlo <strong>do</strong> Gnliiri, à ino<strong>da</strong> catalã. Efectivamente,<br />

associa<strong>da</strong> h iiiti-odução <strong>da</strong> xávega nas águas <strong>da</strong> Galiza, os catalães desenvolveram, igualinente,<br />

uma nova tecnologia <strong>da</strong> salga <strong>da</strong> sardinha, conserva<strong>da</strong> em caina<strong>da</strong>s de sal, prensa<strong>da</strong>, <strong>do</strong>nde se<br />

extraia gordiira residual, coin varia<strong>da</strong>s aplicações (entre as quais a iluiiiiiiação), conservaii<strong>do</strong>-<br />

se o peixe durante iiiais teiiipo, ein melliores condições e coiii uin ganho líqui<strong>do</strong> inuito supe-<br />

rior ao inéto<strong>do</strong> tmdicioiial (Cornide [1774], 149). Tal méto<strong>do</strong> foi introduzi<strong>do</strong> na costa de<br />

Aveiro por João Pedro Mijoulle (já referi<strong>do</strong> atrás), <strong>da</strong>n<strong>do</strong> início a um processo de capitalização<br />

<strong>do</strong> sectoi-. Coin efeito, Mijoulle, liga<strong>do</strong> aos meios comerciais iiacioiiais e estrangeiros, no<br />

<strong>Porto</strong> e em Lisboa (Oliveira, 1985, 105), instalou-se em Ovar e Aveiro, beneficiaii<strong>do</strong> <strong>do</strong> apoio<br />

<strong>da</strong> Coroa'", num contexto ein que a sardinha recollii<strong>da</strong> e salga<strong>da</strong> pelos méto<strong>do</strong>s tradicionais<br />

1150 era suficiente pai-a o consiinio nacional e ein que se assinalava uma probleiiiática diininuição<br />

<strong>do</strong> abastecimento de bacalhau inglês, de que Iiá muito dependíainos, falta senti<strong>da</strong>, sobretu<strong>do</strong>,<br />

desde a déca<strong>da</strong> de 80 <strong>do</strong> séc. XVIII até inícios de XIX (Ainorim, 1997,296).<br />

Mijoulle não só apostou na pesca e salga como no desenvolviiiieiito de infra-esiruiuras<br />

que facilitassein o escoanieiito <strong>do</strong> pro<strong>do</strong>lo, propon<strong>do</strong> mesmo, em 1778, uiii caiial que ao longo<br />

<strong>da</strong> costa criasse uina via aquática contínua que unisse o Mondego, a ria de Aveiro e os suces-<br />

sivos rios que deseinbocavaiii no litoral até ao Douro e ?I ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>i5. O negócio prospe-<br />

rava ameaçan<strong>do</strong> já o abastecimento local, poi-que a vereação de Aveii-o, em 1783, tentava<br />

limitar a saí<strong>da</strong> de pesca<strong>do</strong>16, o inesino Fazen<strong>do</strong> a Câmara <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, em 1784, quan<strong>do</strong> Mijoulle<br />

quis iiistalar outra salga na Foz <strong>do</strong> Douro (Oliveira, 1985, 105). O negócio ganhou uma di-<br />

inensão que articulava o investimento de capital nas pescarias, obten<strong>do</strong> a matéria-priiiia es-<br />

sencial para o seu iiegócio de salga, com o coinércio interno (contactos no <strong>Porto</strong> e ein Lisboa)<br />

e externo, ao fretar barcos que conduziam sardiiilia para Bilbau e SSebastien ein troca de<br />

" Vd. Aiiio~ii~i, 1997, aricxo cartogrdlicu e AMA, 11. 143 - Livm <strong>da</strong>s giiias <strong>da</strong>s fi"ny3dd osal-1788<br />

" CI:Oliveirn, 1985; Meji<strong>do</strong> Par<strong>do</strong>, 1975. JoPo Pedro Mijoulle, era, iiutursl de Langue<strong>do</strong>c. Ser\,i<strong>do</strong> por técnicos<br />

cat;ilZes, teria desenvolvi<strong>do</strong> um processo de s;ilgu e obtci>$áo de azeite <strong>da</strong> surdiiilia, que logo solieit iri;idia$.'io para<br />

zoniis <strong>da</strong> Foz <strong>do</strong> Pono, apoia<strong>do</strong> por uma conjiintiira especifica de protec$Zo legislntivo noneiidii pelo Marquês de<br />

Poillb;il, coin puni$Po <strong>da</strong> irnpoita$.'ia de peixe galego, foileiiieilre coiisui~ii<strong>do</strong> ein Portugiil, assuci;id:i a iiovas técnicas<br />

de salga.<br />

" BPMP-Res., pasta 19(23). Vd. Amorirn, Pe.A., 1987.<br />

'"d.AMA-LV, n.8. ss.26 de Abril de 1783.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!