xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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O FORTE DE S. JOÃO BAPTISTA DE VIL4 DO CONDE<br />
quan<strong>do</strong> as obras arrancaram.<br />
Quem é, então, o responsável pela delineação <strong>do</strong> forte?<br />
Para respondermos a esta questão teremos que recuar até aos últimos anos <strong>da</strong> regência<br />
<strong>do</strong> Cardeal D. Henrique, ao momento em que as chefias governativas e militares tomaram<br />
consciência <strong>da</strong> fragili<strong>da</strong>de defensiva <strong>do</strong> país perante ataques corsários. As notícias <strong>da</strong> que<strong>da</strong><br />
de Santa Cruz <strong>do</strong> Cabo Gué (Agadir) - 1540 - em mãos de corsários teve de benéfico a<br />
capaci<strong>da</strong>de de despertar o Reino para anecessi<strong>da</strong>de de a<strong>da</strong>ptar o seu sistemadefensivo, basea<strong>do</strong><br />
em estruturas medievais, indefesa perante a pirobalística, as novas reali<strong>da</strong>des militares. Em<br />
1566, altura em que se deu o ataque corsário a Montluc, Portugal Continental era servi<strong>do</strong><br />
unicamente por três estruturas abaluarta<strong>da</strong>s e nem to<strong>da</strong>s estariam termina<strong>da</strong>s: Forte <strong>do</strong> Pinbão<br />
(Lagos), Forte de S. Julião <strong>da</strong> Barra (Lisboa) e Fortaleza de Nossa Sr." <strong>da</strong> Luz (Cascais)"'.<br />
Esta reali<strong>da</strong>de desola<strong>do</strong>ra motivou que o Cardeal D. Henrique ordenasse a organização<br />
de três expedições que coligissem informação acerca <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des de defesa <strong>do</strong> reino e,<br />
dentro destas, definir priori<strong>da</strong>des. A primeira, lidera<strong>da</strong> por Tommaso Benedetto e Pompeu<br />
Ardício, parliu na Primaverade 1567 de Lisboaem direcção h ilha <strong>da</strong> Madeira. Simão de Ruão<br />
liderou a segun<strong>da</strong> expedição que, no Outono de 1567, se dirigiu para o Entre-Douro-e-Minho,<br />
enquanto Afonso Álvares encaminhou-se para o sul, nomea<strong>da</strong>mente para a bacia <strong>do</strong> Sa<strong>do</strong> e<br />
costa algarvia."<br />
De to<strong>da</strong>s as expedições menciona<strong>da</strong>s o nosso interesse recai sobre a segun<strong>da</strong>, aquela<br />
que, segun<strong>do</strong> o nosso entendimento, será a responsável pela fortificação <strong>da</strong> foz <strong>do</strong> rio Ave.<br />
Um <strong>do</strong>cumento régio dirigi<strong>do</strong> à Câmara <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 13 de Outubro de 1567,<br />
atesta a presença de Siinão de Ruão na ci<strong>da</strong>de. Nele D. Sebastião refere que Simão de Ruão<br />
fora envia<strong>do</strong> a "...essa ci<strong>da</strong>de />era tirar o sitio <strong>do</strong> porto delln, e tornar as itiforrnaçois que<br />
pem isso forerli necessnrirrs.. . ". Recomen<strong>da</strong>va, igualmente, o fornecimento de ". . . iizforr~zaçois<br />
que n vos elle pedir assi <strong>do</strong> dito sitio corno acerca <strong>da</strong>s ncliegas <strong>da</strong>s obras dessa çi<strong>da</strong>de.. ."I2<br />
O envio de Simão de Ruão para a Índia em 1568 atrasou o início <strong>da</strong>s obras nos três<br />
pontos que este havia estabeleci<strong>do</strong> como priori<strong>da</strong>de: Foz <strong>do</strong> rio Douro, foz <strong>do</strong> rio Ave e foz <strong>do</strong><br />
rio Lima. Os projectos de S. João <strong>da</strong> Foz (Poiio) e de Santiago <strong>da</strong> Barra (Viana) começaram a<br />
ser implementa<strong>do</strong>s por volta de 1570, enquanto que o de Vila <strong>do</strong> Conde se encontrava<br />
comprova<strong>da</strong>mente em an<strong>da</strong>mento em 1573. Aescolha destas três localizações estará, certamente,<br />
liga<strong>do</strong> ao tráfego marítimo que se esgueirava pelas suas barras para, em segurança,<br />
descarregarem a merca<strong>do</strong>ria numa <strong>da</strong>s três maiores alfândegas <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> país.<br />
Somos, por isso, <strong>da</strong> opinião que Simão de Ruão, mercê <strong>da</strong> sua visita ao Norte <strong>do</strong> país,<br />
será o responsável pela escolha <strong>da</strong> foz <strong>do</strong> rio Ave como localização a fortificar e, mais <strong>do</strong> que<br />
isso, será o arquitecto que terá risca<strong>do</strong> a sua planta. Aliás, fomos encontrar uma outra prova<br />
para esta nossa afirmação numa planta de Vila <strong>do</strong> Conde delinea<strong>da</strong>, cerca de 1568, por Simão<br />
de Ruão. Este mapa, sem embargo, encontra-se trunca<strong>do</strong> faltan<strong>do</strong>-lhe a metade ocidental, a<br />
mesma onde estaria desenha<strong>do</strong> o primeiro esboço <strong>do</strong> forte de S. João Baptista de Vila <strong>do</strong><br />
'O BARROCA, Mário. As forlific