xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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AMÂNDIO MORAIS BARROS<br />
alguém que sabe mais ou menos profun<strong>da</strong>mente <strong>do</strong> assunto em questão, seja por força <strong>da</strong><br />
activi<strong>da</strong>de profissional que exerce ou, simplesmente, porque é alguém viaja<strong>do</strong> ou mais<br />
informa<strong>do</strong> -característica própria <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>res por força <strong>do</strong>s seus negócios - e conhece<br />
lugares e reali<strong>da</strong>des idênticos.<br />
Mas é necessário financiar estas obras. E sabemos como as finanças locais nunca se<br />
encontravam em situação desafoga<strong>da</strong>. Nessa fase, não menos decisiva, procede-se de <strong>do</strong>is<br />
mo<strong>do</strong>s: recurso ao rei, ao poder central, ou lançan<strong>do</strong> impostos locais, as célebres e indeseja<strong>da</strong>s<br />
fintas. Da corte não se pode contar com grande coisa. O dinheiro quase nunca chega para as<br />
despesas correntes quanto mais para distribuir pelos municípios! Quan<strong>do</strong> muito, cedem-se<br />
temporariamente algumas receitas que o rei por aqui cobra. Como as <strong>da</strong>s diferentes imposições.<br />
Será, por exemplo, com o dinheiro <strong>do</strong> sal que o município portuense paga algumas <strong>da</strong>s suas<br />
mais importantes empreita<strong>da</strong>s. Em segui<strong>da</strong>, as obras são arremata<strong>da</strong>s e os trabalhos começam<br />
(e, normalmente, arrastam-se indefini<strong>da</strong>mente). Um exemplo prático deste tipo de acções, e<br />
directamente relaciona<strong>do</strong> com o presente seminário, pode encontrar-se na obra <strong>do</strong> cais <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de, inicia<strong>da</strong> pelo menos na primeira metade <strong>do</strong> séc~tlo XV e que se estende por to<strong>da</strong> a<br />
Época Modernazi.<br />
A <strong>do</strong>cumentação municipal, repito, é aquela que fornece mais <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre estes assuntos.<br />
Vereações, acórdãos, sentenças, contas, entre outros, transmitem-nos informações varia<strong>da</strong>s e<br />
preciosas. No entanto, convém referir que esta diversi<strong>da</strong>de temática, a varie<strong>da</strong>de de assuntos<br />
conti<strong>da</strong> numa única reunião camarária ou numa postura inunicipal, provoca dificul<strong>da</strong>des ao<br />
investiga<strong>do</strong>r, que vê o seu trabalho de sistematização <strong>da</strong> informação tornat--se mais complica<strong>do</strong>.<br />
Mas com este tipo de problemas podemos to<strong>do</strong>s nós. Pior seria se também estes papéis faltassem!<br />
Com a <strong>do</strong>cumentação concelhia percebemos algutnas modificações decisivas na relação<br />
<strong>da</strong>s forças envolvi<strong>da</strong>s no jogo coniercial. Percebetnos uma ca<strong>da</strong> vez maior separação entre o<br />
elenco governativo camarário e o teci<strong>do</strong> mercantil <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Percebemos o conflito entre a<br />
política "conserva<strong>do</strong>ra" <strong>do</strong>s regentes <strong>do</strong> município, determina<strong>da</strong> pelo abastecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
e impon<strong>do</strong> uma série de regulamentos que visa manter privilégios há muito adquiri<strong>do</strong>s, chocan<strong>do</strong><br />
com o dinamismo <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>res, interessa<strong>do</strong>s na a<strong>do</strong>pção de mo<strong>do</strong>s de actuação mais<br />
adequa<strong>do</strong>s aos tempos modernos2'.<br />
Ao mesmo tempo, surpreendem-se alterações que vão sen<strong>do</strong> introduzi<strong>da</strong>s no senti<strong>do</strong><br />
de <strong>do</strong>tar a urbe de serviços de apoio i navegaçzo. Como os já cita<strong>do</strong>s melhoramentos <strong>do</strong> cais,<br />
com o aumento <strong>do</strong> espaço de atracagem <strong>do</strong>s navios e a <strong>do</strong>tação de equipamentos; a expansão<br />
<strong>da</strong>s estruturas de armazenamento de merca<strong>do</strong>rias; o progressivo ordenaniento <strong>do</strong> espaço<br />
portuário, com lugares aponta<strong>do</strong>s para a carga e descarga de certas merca<strong>do</strong>rias; a preocupação<br />
em <strong>do</strong>tar os lugares ribeirinhos com ven<strong>da</strong>s e estalagens para acolhimento <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>res e<br />
mareantes estrangeiros; e, para não alongar esta lista, a definição <strong>do</strong>s espaços de construção<br />
naval, sinalização e defesa <strong>da</strong> complica<strong>da</strong> barra <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
Relativamente às fontes a que chamamos "nacionais" e aos <strong>do</strong>cumentos relativos a<br />
Portugal conserva<strong>do</strong>s em arquivos estrangeiros, remeto para a consulta <strong>do</strong> sumário que<br />
"SILVA, E Ribeiro <strong>da</strong>- O. c., vol. I, p. 131 e seguintes.<br />
" Que tem a ver com liber<strong>da</strong>des comerciais. isetqões e redu~6Ccs de impostos, conflitos constantes que se reflectem<br />
na vigilsncia aperlii<strong>da</strong> <strong>da</strong>s negócios marítimos e levani, ein última anais=, os arma<strong>do</strong>res adesviar o trato para outros<br />
portos - por exemplo, para Pontevcdra na Gniiza. Temos, também de admitir certas clivagens motiva<strong>da</strong>s par<br />
carnponainenlos religiosos, de que há a destacar as rivali<strong>da</strong>des entre cristSas-velhos e cnst5os-novos. Hi aqui muita<br />
matéria a esclarecer