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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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RECURSOS MARÍTIMOS E TECNOLOCIA NO SÉC. XVlIl<br />

articulan<strong>do</strong>-se com outros mo<strong>do</strong>s de vi<strong>da</strong>, como vimos atrás, fun<strong>da</strong>mentalmente com o traba-<br />

lho nas salinas, na pesca na Ria e na apanha <strong>do</strong> moliço. Estima-se que, para inícios de XIX,<br />

fossem 4000 o número de pesca<strong>do</strong>res em to<strong>da</strong> a costa de Aveiro, 25% <strong>da</strong> população piscatória<br />

em Portugal, potencial humano a ter em consideração (Amorim, 1997,495).<br />

Atenden<strong>do</strong> à sazonali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pesca e se se esgotavam as alternativas nos sectores refe-<br />

ri<strong>do</strong>s (tenha-se em conta o crescimento demográfico assinala<strong>do</strong>), só restava emigrar. Conhe-<br />

cem-se as correntes migratórias desta costa que originaram novas concentrações piscatórias<br />

até à costa Algarvia, em levas sucessivas, num movimento que encerra gente de Ovar, ílhavo,<br />

Murtosae Aveiro (Amorim, 1998). O perfil de eficiência destes homens era reconheci<strong>do</strong> pelos<br />

poderes centrais ao ponto <strong>do</strong> Marquês de Pombal ter proposto, em 1774, o envio de pesca<strong>do</strong>-<br />

res de ílhavo para a recém cria<strong>da</strong> Vila Real de S.António, no extremo oriental <strong>do</strong> Algarve, a<br />

fim de ampliarem a faina <strong>da</strong> pesca <strong>da</strong> sardinha e substituírem os pesca<strong>do</strong>res espanhóis de<br />

Ayamonte ou os Algarvios que montaram para o outro la<strong>do</strong>, no contexto <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> criação<br />

<strong>da</strong> Companhia Geral <strong>da</strong>s Reais Pescarias <strong>do</strong> Reino <strong>do</strong> Algarve (Amorim, 1999).<br />

Nesta mobili<strong>da</strong>de humana transportaram-se conhecimentos empíricos e técnicos, per-<br />

den<strong>do</strong>-se, a <strong>da</strong><strong>do</strong> momento, a percepção <strong>da</strong> origem e difusão desta ou <strong>da</strong>quela inovação. As-<br />

sim, a introdução, na costa de Aveiro, <strong>da</strong>s novas "artes" <strong>da</strong> xávega, copia<strong>da</strong>s ou trazi<strong>da</strong>s pelos<br />

catalães para a Galiza e An<strong>da</strong>luzia, deve-se ter <strong>da</strong><strong>do</strong> pela mesma altura". Efectivamente, na<br />

costa de Aveiro, no Fura<strong>do</strong>uro, Torreira, Aveiro e ílhavo, desde 175 1, muito antes <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s<br />

legislativas contra a activi<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong> por Espanha na pesca e salga <strong>da</strong> sardinha, muito<br />

antes <strong>da</strong>s observações de D.José Cornide, em 1774, informa<strong>do</strong> <strong>da</strong> presença de catalães em<br />

Aveiro e no Algarve (Cornide, 117741 1997,42), tinha-se a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> a nova "Arte". As razões<br />

para esta prática e eventual transferencids tecnológicas entre a GalizdCatalunha e a costa de<br />

Aveiro podem advir de uma similitude entre as redes de chinchorro, usuais na costa de Aveiro<br />

(na Ria e na "costa bravamem particular nas vilas de Ovar, Aveiro e ílhavo) de menores dimen-<br />

sões <strong>do</strong> que as xávegas, mas de fácil a<strong>da</strong>ptação. Por outro la<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> os catalães chegaram à<br />

Galiza sabiam, também, <strong>da</strong> relação ancestral <strong>do</strong>s galegos com a costa de Aveiro, significativos<br />

transporta<strong>do</strong>res, ao longo <strong>do</strong>s sécs.XVI1 e primeiro quartel de XVIII, <strong>do</strong> sal <strong>da</strong>s marinhas de<br />

Aveiro para Vigo, Pontevedra, Grove, e outras locali<strong>da</strong>des (vd. mapa 1). Não seria, por conse-<br />

guinte, de admirar que os catalães, associa<strong>do</strong>s ou não a galegos, se tenham desloca<strong>do</strong> a estas<br />

costas, transportan<strong>do</strong> as novas técnicas. Ou então, que gente <strong>da</strong> costa de Aveiro, neste proces-<br />

so de mobili<strong>da</strong>de, trouxesse os novos modelos. Aanálise de <strong>do</strong>cumentação notaria1 à volta <strong>do</strong><br />

ano de 175 1, na vila de Ovar, refere a presença de um "nzestre <strong>da</strong>s redes chnrna<strong>da</strong>s artes", um<br />

tal Ma~ioel Pires para "os ernsignar dentro <strong>do</strong>s tres annos de tu<strong>do</strong> o que nessesario for<br />

pertensente a dita rede charria<strong>da</strong> arte e a Ihes declara to<strong>do</strong> o segre<strong>do</strong> que tiver e forpreciso<br />

para a dita rede haver de pescar", fican<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> um sistema rotativo de ensino que<br />

englobava sucessivamente várias companhas (ADA, SN, Ovar, L.332).<br />

Surge então um <strong>da</strong><strong>do</strong> extraordinário. Entre 5/11/1751 e 26/12/1751, em mês e meio,<br />

foram elabora<strong>do</strong>s 11 contratos de ensino de elaboração e utilização <strong>da</strong>s novas "artes" <strong>da</strong> xávega.<br />

O segre<strong>do</strong> era a alma <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça, coino coinprova o articula<strong>do</strong> <strong>do</strong>s contratos que obrigava o<br />

Parte.<br />

" As redes maiores "artes novas", poderiam ter chega<strong>do</strong> à cosia <strong>do</strong> Algswe, quan<strong>do</strong> a pesca de arrasto foi interdita na<br />

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