xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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AMÂNDIO MORAIS BARROS<br />
Na listagem de fontes que tive oportuni<strong>da</strong>de de apresentar deve-se fazer alguns desta-<br />
ques. O maior deles vai, sein dúvi<strong>da</strong>, para a iiiiporlâticia que atribuo aos registos notariais.<br />
Trata-se de uma colecção <strong>da</strong> maior iinportância para este trabalho, sobretu<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> ein conta,<br />
conio atrás referi, o carácter abraiigente <strong>do</strong> tema. Estão conserva<strong>do</strong>s no ADP, e o primeiro<br />
registo <strong>da</strong>ta de 1548. Infeliznieiite perdeu-se a grande inaiorih destes livros de tabeliães -<br />
recordemos que no <strong>Porto</strong> quinhentista havia pelo menos 19 tabeliães referencia<strong>do</strong>s"). A esina-<br />
ga<strong>do</strong>ra maioria destes registos pi-ovéin <strong>do</strong> I" cartório (tabeliães Gaspar de Couros e seu filho<br />
Rui de Couros que lhe sucede no cargo, isto quaiito ao século XVI. Para os últimos anos <strong>do</strong><br />
século teinos igualmente os registos <strong>do</strong> 2" e 4" cartórios. No total, sáo cerca de 140 livros de<br />
registos2". Nestes livros encontram-se inúmeros acios directa ou indirectamente relaciona<strong>do</strong>s<br />
coiii activi<strong>da</strong>des inarítimas e mercantis:<br />
- cartas de fretamento de navios e obrigações;<br />
- procurações;<br />
- seguros inarítiinos;<br />
- coniissóes;<br />
- constituição de socie<strong>da</strong>des ou companliias comerciais (parcerias);<br />
- eiiipréstirnos de dinheiro;<br />
-quitações;<br />
- contratos de compra e ven<strong>da</strong> de merca<strong>do</strong>rias;<br />
- uin coiitrato de construção naval;<br />
- instrunientos financeiros (letras de câmbio ou avisos).<br />
Entre muitos ootros tipos de <strong>do</strong>cuinentos. Através deles tetnos inforinações directas ou<br />
interpostas acerca <strong>do</strong>s assuntos que antes enunciamos, por exeinplo, sobre a proveniência de<br />
inerca<strong>do</strong>rias e agentes envolvi<strong>do</strong>s, sobre a natureza <strong>da</strong>s transacções, <strong>do</strong> tipo de socie<strong>da</strong>des<br />
constitui<strong>da</strong>s, <strong>do</strong>s lugares de contacto, etc. Através deles ficariios com uma ideia muito clara<br />
acerca de aspectos <strong>da</strong> maior importância para esta teinática. Ficaiiios a saber, por exeinplo,<br />
coino se processa a articulação entre o centro escoa<strong>do</strong>r - o <strong>Porto</strong> - e o seu Iiirrtc~.laird.<br />
Percebeinos como a ci<strong>da</strong>de se ergueu como uni ceiitro polariza<strong>do</strong>r sobre unia vasta área que<br />
abrangia boa parte <strong>do</strong> Entre Douro e Minho, <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> Douro propriamente dito, de Trás-os-<br />
-Montes e <strong>da</strong> Beira2'.<br />
Destaque-se o facto de a referi<strong>da</strong> articulaçio entre o centro escoa<strong>do</strong>r e o centro produ-<br />
tor ser decisiva para definir to<strong>da</strong> a dinâiiiica coiiiercial e, consequenteiiiente, to<strong>da</strong> a dinâmica<br />
portuária. Evidentemente, não é apenas a <strong>do</strong>cuinentação notaria1 a possibilitar-nos notar to<strong>da</strong><br />
essa evolução. O processo de coiisoli<strong>da</strong>çio deste quadro estrutural tein raízes pi-ofiin<strong>da</strong>s e<br />
"Ver, entre os insivumcnlos de trsballios <strong>do</strong> ADP. n list;ige~ii <strong>do</strong>s Antigos tabeliiies &i ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Pono.<br />
"' Ernbora nlgilns se rcsuriiskin n sisiples cadernos que restarali? <strong>do</strong>s livros ondc se cncontmvaiii.<br />
" Recorde-se a este propósiia, a iiuport8nci;i de certos produtos cli;iue como os siviiiagres e os vi~ilios. csir;itégicos<br />
pelo nienos dcsde o século XVI, e que têm vili<strong>do</strong> a ser estii<strong>da</strong><strong>do</strong>s por Francisco Ribeiro <strong>da</strong> Silva e António Bnrms<br />
Car<strong>do</strong>so, que uliirnii a sun dissert~@o de <strong>do</strong>utoraiiiento sobre o comércio e transporte de vinhos iras primeiras déca<strong>da</strong>s<br />
<strong>do</strong> sécislo XVIII. para os séculos subscqiiciites (eiiihora nesles casos se dcvn referir que n <strong>do</strong>cumeniaçiio pieferencialiiientc<br />
utiliza<strong>da</strong> seja a ciirnuriria - o que é peifeiianiente conipreensívcl <strong>da</strong><strong>da</strong> a especificidnde <strong>do</strong> leinu).<br />
Acrescento o sal, produto eslr;itéçico de grande imponB~icia dcsde a época incdieiral e iiiiimii~i>enie ligzu<strong>do</strong> :i pesca, no<br />
qunl dedicarei espednl ntcnç5o <strong>da</strong><strong>da</strong> a fonte privilegia<strong>da</strong> <strong>da</strong> iniposiçZo <strong>do</strong> sal dn cidBdc- inrclizciiente apenas cobrin<strong>do</strong><br />
quniro ;%nos - revels<strong>do</strong>ra de rirmos, merca<strong>do</strong>res e ziavias envolvi<strong>do</strong>s, relações com aulras portos para f~rnçõrs de<br />
tranporte, quali<strong>da</strong>de e quanti<strong>da</strong>des de sal imporiiidns e redistribiiidus, iniedi<strong>da</strong>s e preços, etc..