19.04.2013 Views

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Imediatamente a sul e a oriente <strong>do</strong> Monte Farinha, aparecem diversas formações insulares.<br />

Na secção meridional <strong>da</strong> Ria, desenham-se <strong>do</strong>is canais ou braços: a leste o <strong>da</strong> cale de<br />

Ílhavo, em direcção a Vagos, passan<strong>do</strong> pela Vista Alegre. O segun<strong>do</strong> braço é o de Mira, que<br />

corre pela beira litoral, por uma depressão interdunar. Os <strong>do</strong>is braços limitam uma faixa arenosa,<br />

a Gafanha (Leitão, 1906, 32). Além destes braços maiores, dezenas de quilómetros de<br />

esteiros e rias constituem um complexo sistema hidrográfico.<br />

Constata-se a ocorrência, neste espaço, de um fenómeno certamente comum a épocas<br />

anteriores: o de inun<strong>da</strong>ções e assoreaiiientos com o desaparecimentos de esteiros, que interrompiam<br />

os fluxos normais, ora de água <strong>do</strong>ce para as terras de cultura, ora as de água salga<strong>da</strong><br />

para a feitura de marinhas. Em qualquer <strong>do</strong>s casos, sabia-se que tinha influência o movimento<br />

<strong>da</strong>s marés (que entravaili na barra), os ventos e a força <strong>da</strong> corrente <strong>do</strong> rio. Este processo<br />

prende-se com o facto de, por um la<strong>do</strong>, o Rio Vouga não desaguar direclamente no mar, mas na<br />

laguna. No Inverno, o cau<strong>da</strong>l aumenta, provocan<strong>do</strong> inun<strong>da</strong>ções, arrastan<strong>do</strong> tei-ras e areias,<br />

reti<strong>da</strong>s nas raízes e folhas, junto <strong>da</strong>s margens, num mecanismo que se repete e provoca o<br />

desaparecimento de vários canais e lagoas (Pato, 1919,46). Por outi-o la<strong>do</strong>, como já foi referi<strong>do</strong>,<br />

porque se verificava a tendência para a formação de cordões litorais que, conjuga<strong>do</strong>s<br />

com outros factores (ventos fortes e frequentes e marés), concorriam para o assoreamento <strong>da</strong><br />

laguna. Ora o mar e a laguna são <strong>do</strong>is vasos comunicantes que só deixam de despejar água um<br />

para o outro, no momento em que o nível <strong>da</strong> maré, na laguna seja igual ao <strong>da</strong> maré, na barra.<br />

Ou seja, <strong>do</strong>s bancos que na baixa-mar aparecem fora <strong>da</strong> água, alguns há que não chegariam a<br />

descobrir, outros não descobririam tanto se, ao assoreamento, não viesse juntar-se o abaixamento<br />

<strong>do</strong> nível <strong>da</strong> maré, o que não é senão uina consequência <strong>da</strong> elevação <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s, precisamente,<br />

porque há um maior depósito de areias a provocar a diminuição <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s águas<br />

na bacia.<br />

As variantes paisagísticas resultantes <strong>do</strong> processo descrito correspondem, em grande<br />

medi<strong>da</strong>, à existência de terrenos cobertos e descobertos pelas marés, que desempenharao funções<br />

específicas conforme a própria evolução <strong>da</strong> barra de Aveiro (Ma<strong>da</strong>hil, 1946, 18 1). Entre<br />

estes terrenos reserva-se a área de salga<strong>do</strong> que exige condições específicas. Deverá estar em<br />

área de estuário, a uma distância apreciável <strong>do</strong> mar, de mo<strong>do</strong> a sentir o efeito <strong>da</strong>s marés, em<br />

terrenos inferiores ou quase ao nível <strong>do</strong> mal-, a fim de ficar descoberta, na baixa-mar, e completamente<br />

alaga<strong>da</strong>, na preia-niar, e onde o solo, apesar de ser arenoso, contenha argila que lhe<br />

dê uma certa impernieabili<strong>da</strong>de (Alcofora<strong>do</strong>, 1877, 53). A "mariilha [é] irrila s~rpe-fície de<br />

terirrio ve<strong>da</strong><strong>da</strong> eiii volta por- iriiz inuro de 'toi-rtío'e dividi<strong>do</strong> regiilar-iizeiite erit certos conzpar.<br />

tiiilentos oiide a rígiia salga<strong>da</strong> <strong>da</strong> Ria possa entr-ai; rlrinorar--se, e correr segiu~rlo as conveiziências<br />

<strong>do</strong> fabrico rlo sal".<br />

Tais condições, ideais, serão contraria<strong>da</strong>s se a proximi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> curso de água <strong>do</strong>ce<br />

tender a provocar um abaixamento de salini<strong>da</strong>de, ou se a proximi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> mar puser em perigo<br />

as salinas, durante as tempestades iiivernais (Vieira, 1989, 1-Z), ou ain<strong>da</strong> se a obstrução <strong>da</strong><br />

Barra impedir o abastecimento <strong>da</strong> água necessária a uma boa salini<strong>da</strong>de. Ten<strong>do</strong> em conta os<br />

factores aponta<strong>do</strong>s, a localização <strong>do</strong> Salga<strong>do</strong> de Aveiro teve, necessariamente, que se orientar<br />

pela posição <strong>da</strong> barra de Aveiro. Ora, neste aspecto, como vimos atrás, ao longo <strong>do</strong> tempos, a<br />

I-elação <strong>do</strong> rio Vouga com o inar sofreu oscilações, com efeitos perturba<strong>do</strong>res na própria distribuição<br />

<strong>da</strong>s marinhas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!