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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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O LITORAL POVEIRO<br />

Passemos, agora, ao litoral de Aguça<strong>do</strong>ura onde se desenvolveram activi<strong>da</strong>des nefastas<br />

com a extracção de areias junto ao mar ten<strong>do</strong> este ameaça<strong>do</strong> atingir as habitações. Perante a<br />

passivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des e toman<strong>do</strong> consciencia <strong>do</strong> perigo que havia para a sua segurança,<br />

em 1968 a população revoltou-se e impediu a activi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s "Areeiros" negócio em grande<br />

prosperi<strong>da</strong>de. Infelizmente, o negócio continuou passan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> praia para o campo, ou seja,<br />

atingin<strong>do</strong> os "campos masseira" e as dunas <strong>do</strong> Rio Alto.<br />

Aqui, o homem começou por exercer obra destrui<strong>do</strong>ra que, mais tarde, vai tentar colo-<br />

rir com iniciativas no ambito <strong>do</strong> turismo, pretensamente ecológicas.<br />

O escritor poveiro José de Azeve<strong>do</strong> historia os factos desta forma:<br />

" Até 1945, to<strong>do</strong> o Rio Alto era uma extensa área de pinheiros mansos, de tronco<br />

retroci<strong>do</strong>, com configurações curiosas, mercê <strong>do</strong>s ventos <strong>da</strong> beira-mar. Era uma região<br />

única, paradisíaca, que servia de ilustração <strong>da</strong>s revistas e jornais <strong>da</strong> época. Um patri-<br />

mónio florestal a respeitar.<br />

No final <strong>da</strong> guerra, entre 40 e 50, os proprietários foram diziman<strong>do</strong> as arvores, ora para<br />

fazer lenha, ora para ven<strong>da</strong> aos estaleiros navais, já que a sua forma servia as mil<br />

maravilhas para a quilha <strong>da</strong>s embarcações. Foi o primeiro desastre, perante a<br />

complacencia <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des. O pior viria a acontecer nos finais <strong>do</strong>s anos sessenta,<br />

altura em que chegou à Póvoa a febre <strong>da</strong> construção. Como a areia subiu de cotação -<br />

diziam os estelenses que a sua areia tinha a cor <strong>do</strong> ouro -os proprietários <strong>do</strong>s areais<br />

derruharain o que restava <strong>do</strong>s tais pinheirinhos tortos para venderem as areias aos cons-<br />

trutores. As autori<strong>da</strong>des tentaram intervir mas não havia lei que os proibisse de tal<br />

devastação.<br />

Quan<strong>do</strong> chegou a lei para regular a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s areias e abate <strong>da</strong>s árvores no litoral já<br />

o negócio <strong>do</strong>s "areeios" estava de tal forma enraíza<strong>do</strong> que não foi dificil convencer os<br />

proprietários a venderem os vales <strong>do</strong>s próprios campos-masseira substituin<strong>do</strong>-os por<br />

estufas artificiais. E assim vemos morrer um pe<strong>da</strong>ço <strong>da</strong> alma <strong>da</strong> Estela e uma <strong>da</strong>s atrac-<br />

ções turisticas <strong>do</strong> Concelho <strong>da</strong> Póvoa de Varzim."<br />

A partir <strong>do</strong>s anos oitenta, o Rio Alto começou a despertar a atenção <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res<br />

turisticos ten<strong>do</strong> a Câmara <strong>da</strong> Póvoa aprova<strong>do</strong>, em 1982, um projecto <strong>da</strong> empresa SOPETE,<br />

concessionária <strong>do</strong> jogo no Casino, para a construção nas dunas <strong>do</strong> Rio Alto de, um campo de<br />

golf e um parque de campismo, obras inaugura<strong>da</strong>s seis anos depois. Estes equipamentos<br />

desportivos exigiram outras instalações de apoio transforman<strong>do</strong> aquele espaço aberto numa<br />

mini-aldeia turistica. E to<strong>do</strong>s quantos conheceram o antigo Rio alto, ao chegarem exclamam:<br />

(fig.6)<br />

- Quem te viu e quem te vê! ...<br />

Fontes Manuscritas<br />

A.D.P. -Governo Civil- Reais Obras <strong>da</strong>Villa <strong>da</strong> Póvoa de Varzim; Livros 121,122,123.<br />

1791 a 1796, 1796 a 1806,1806 a 1820.<br />

A.D.B -fun<strong>do</strong>s Conventuais . Mosteiro de Tibães<br />

A.D.P. -Notários, Póvoa de Varzim, 1" Cart. 1' Série

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