xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A acção <strong>do</strong> homem sobre a natureza<br />
O LITORAL POVEIRO<br />
A aptência <strong>da</strong> ensea<strong>da</strong> de Varzim para a construção de um porto de abrigo que amparasse<br />
as pescarias em grande aumento, naépoca, fora realça<strong>do</strong> pelo noticiaristaveiga Leal (1758):<br />
"Há n'esta villa uma <strong>da</strong>s melhores ensea<strong>da</strong>s d'este Reino: a natureza Dor disoosicão <strong>do</strong> athor<br />
d'ella a formou. e se a arte por man<strong>da</strong>to <strong>do</strong> Rei e Senhor a aperfeiçoasse seria uma maravilha<br />
<strong>da</strong> Eurora. " Embora exagera<strong>da</strong>, como reconheceu o historia<strong>do</strong>r Manuel Silva, a narrativa de<br />
Veiga Leal an<strong>da</strong> confirma<strong>da</strong>, no que diz respeito aos préstimos à pescaria, pela inforiiiação<br />
que o piloto <strong>da</strong>s naus José Gomes Alves (1775) deixou sobre a planta por ele mesmo desenha<strong>da</strong><br />
e onde se lê: "Esta ensia<strong>da</strong> <strong>da</strong> Póboa de Barzim hé muito boa Dera o trafeeo <strong>da</strong> esca ar ia e<br />
nela se pode fazer Iium bom Dorto oara segurança <strong>da</strong>s lanchas de riesca fasen<strong>do</strong>se um caes<br />
sobre as ~edras <strong>do</strong> n0l e fasen<strong>do</strong>se entiilhar athe o n"2 alie hé este". (fig.3)<br />
O relatório de Lacer<strong>da</strong> Lobo (1789) sobi-e o esta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s pescarias no i-eino apresenta o<br />
mau esta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s barras, desprotegi<strong>da</strong>s, como uma <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong> decadência <strong>da</strong>s pescas. A barra<br />
<strong>da</strong> Póvoa ein especial, há muito se traiisformara num ver<strong>da</strong>deiro túmulo. Uni recente estu<strong>do</strong><br />
sobre a morte no mar deixa-nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s muito eluci<strong>da</strong>tivos sobre o século XVIII no decurso <strong>do</strong><br />
qual a mortali<strong>da</strong>de no iiiar representa, em iiiédia, cinquenta por cento <strong>do</strong>s individuos <strong>do</strong> sexo<br />
inasculino.<br />
A situação precária em que se realizava a faina <strong>da</strong> pesca só, tardiamente, despertou o<br />
interesse <strong>do</strong>s poderes públicos locais receosos de terein de suportar iinpostos acresci<strong>do</strong>s. Só<br />
quan<strong>do</strong> o dinheiro <strong>do</strong> cofre <strong>da</strong>s sisas começou a ser cobiça<strong>do</strong> pelos vizinhos ou desvia<strong>do</strong> para<br />
obras que na<strong>da</strong> diziam aos interesses <strong>da</strong> teri-a, cui<strong>da</strong>ram de colher dele algum proveito. Muito<br />
Ihes valeu a acção deterinina<strong>da</strong> <strong>do</strong> Correge<strong>do</strong>r Alma<strong>da</strong> e Men<strong>do</strong>nça para <strong>da</strong>r valimento aos<br />
requerimentos envia<strong>do</strong>s ao paço. Por sua pertinente audácia devein os poveiros a provisão<br />
régia de 21 de Fevei-eiro de 1791, um <strong>do</strong>cuinento que transformou a imagem urbana <strong>da</strong> Vila.<br />
Entre as "providencias" ordeiia<strong>da</strong>s está a construção de tima caldeira no mar e a dita "caldeiia<br />
será cerca<strong>da</strong> por hum caes que a defen<strong>da</strong> <strong>da</strong> violência <strong>do</strong>s temporaes."<br />
Começa, aqui, a história <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> de Abrigo <strong>da</strong> Póvoa de Varzim que, por mais de centena e<br />
meia de anos, animou a vi<strong>da</strong> política local e foi objecto <strong>da</strong>s incertezas e <strong>da</strong>s esperanças <strong>do</strong>s<br />
poveiros .<br />
Apoia<strong>do</strong>s no livro manuscrito "Reas Obras <strong>da</strong> Villa <strong>da</strong> Póvoa de Varzim" (179111820),<br />
iios estu<strong>do</strong>s de Manuel Silva, "Antecedentes Históricos <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> de Abrigo Poveiro" e "A<br />
última fase <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> de Abrigo Poveiro (1820 / 1895); em Vasques Calafate desde 1925 a<br />
1962, Baptista de Lima (1962) e Relatórios <strong>da</strong> Junta Autónoma <strong>do</strong>s <strong>Porto</strong>s <strong>do</strong> Norte, elaboramos<br />
uma relação cronológica <strong>da</strong>s obras <strong>do</strong> porto <strong>da</strong> Póvoa de Varzim para auxílio <strong>do</strong>s estudiosos,<br />
como se segue:<br />
1791 -Provisão de D. Maria I ordenan<strong>do</strong> a construção de uma Caldeira e um cais para<br />
abrigo <strong>da</strong>s embarcações de pesca na ensea<strong>da</strong> <strong>da</strong> Póvoa de Varzim.<br />
1794 - Na folha de féria <strong>da</strong>s Obras Reais <strong>da</strong> Vila <strong>da</strong> Póvoa de Varzim assinala-se o<br />
priiiieii-o pagamento a 9 pedreiros e 22 trabalha<strong>do</strong>res <strong>da</strong>s obras <strong>da</strong> Caldeira <strong>da</strong> Barra.<br />
1811- Devi<strong>do</strong> a uma terrível peste que se abateu sobre a Vila to<strong>da</strong>s as receitas <strong>do</strong> cofre