xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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centúria, a referi<strong>da</strong> rota estende-se até às ilhas atlânticas <strong>do</strong>s Açores e Madeira. O porto de<br />
Viana converte-se no priiicipal fornece<strong>do</strong>r de teci<strong>do</strong>s àquelas parageiis. Finalmente, no último<br />
quartel <strong>do</strong> século XVI, os vianenses aparecem fortemente envolvi<strong>do</strong>s na produçáo e coinércio<br />
<strong>do</strong> açúcar brasileiro. É o momento áureo deste porto. O negócio é lucrativo. Construíraiii-se<br />
enormes fortunas. A fisionomia <strong>da</strong> Vila transforma-se rapi<strong>da</strong>mente. Os nobres "descem até à<br />
ribeira" na mira <strong>da</strong> riqueza fácil, ora agiotan<strong>do</strong> ora casan<strong>do</strong> com filhas de burgueses. O clero<br />
regular monta à volta <strong>da</strong> urbe uma cintura de conventos e mosteiros, destiiia<strong>do</strong>s a nioralizar e<br />
impedir o avanço <strong>da</strong>s heresias. Ao mesino tempo tiina ntiinerosa colónia de inerca<strong>do</strong>res nórdicos,<br />
atraí<strong>do</strong>s pelo lucro ficil, se estabelece em Viana, dedican<strong>do</strong>-se i ven<strong>da</strong> de pão <strong>do</strong> Báltico e ao<br />
envio de açúcar pai-a os países ribeirinhos <strong>do</strong> mar <strong>da</strong>Mancha, que os piratas <strong>da</strong> região aceitavam<br />
e aos vianenses convinha.<br />
Paralelainente desenvolveli-se a indústria <strong>da</strong>s pescas <strong>do</strong>s inares longínquos <strong>da</strong> Terra-<br />
Nova. Acontecia lia época <strong>da</strong> crise <strong>do</strong> coinércio. O bacalliau coiiverteu-se num óptimo alimento<br />
de viageni na rota <strong>do</strong> Brasil devi<strong>do</strong> ao seu poder de conserva. Não admira que, no princípio <strong>do</strong><br />
século XVI, os iiavios de João Álvares Fagundes, an<strong>da</strong>sseiii por aquelas paragens na descoberta<br />
de illias que pudessem funcionar como pontos de apoio para os pesca<strong>do</strong>res. A iniportância<br />
deste facto para a ecoiioniia iiacional levou D. Manuel a coiiceder-llie o título de capitão<br />
<strong>do</strong>natirio. Infelizmente tar<strong>da</strong> o reconlieciiiienio internacional <strong>da</strong> atribuição a JoZo Álvares e<br />
seus marinheiros <strong>do</strong> notável feito <strong>da</strong> descoberta <strong>do</strong> Canadá.<br />
A acção <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> de Viana fez-se sentir deveras lia colonização <strong>da</strong>s Ilhas Atlânticas e<br />
<strong>do</strong> Brasil. A propósito, h falta de estu<strong>do</strong>s de pormenor sobre o assunto mormente em relação h<br />
emigração para Mato Grosso, Goiás e Miiias Gerais, na época <strong>do</strong> ouro e <strong>do</strong>s diamantes, letnbro,<br />
a propósito, <strong>do</strong>is factos e <strong>do</strong>is iioines. Trata-se <strong>da</strong> atribuição <strong>da</strong> capitania de <strong>Porto</strong> Seguro, no<br />
Brasil, ao viaiiense Pei-o <strong>do</strong> Cainpo Tourinlio por D. João 111, que explorou eiii mea<strong>do</strong>s de<br />
quinhentos até cair em desgraça. O outro diz respeito a Bento Maciel Parente, natural de<br />
Caminha mas Vianeiise por casaiiiento, a quem Filipe 111 atribuiu a capitania <strong>do</strong> Cabo <strong>do</strong><br />
Norte, situa<strong>da</strong> entre os rios Ainazonas e Oiapoqlie.<br />
Com a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> exportação <strong>do</strong> açúcar brasileiro para a Europa <strong>do</strong> Norte, substituí<strong>do</strong><br />
pelo seu congéiiere <strong>da</strong>s Caraíbas de produção Iiolandesa, alia<strong>do</strong> ao assoreamento <strong>do</strong> rio Lima<br />
e corte de privilégios portiiários pelo Marquês de Poinbal ao criar os monopólios <strong>da</strong>s<br />
Coiiipanliias Gerais, o <strong>Porto</strong> de Viana entrou num perío<strong>do</strong> de longo letal-go, que parece ter<br />
acaba<strong>do</strong> na última déca<strong>da</strong> de oitenta.<br />
2. A inaior parte <strong>da</strong> <strong>do</strong>cuiiieiitação referente ao <strong>Porto</strong> de Viana encontra-se guar<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
nesta ci<strong>da</strong>de. Não admira. São livros de sisas, décimas, fintas, vereações. receita e despesa <strong>do</strong><br />
Município, cartas, visitas de saúde, etc. Faltain, porém, os livi-os <strong>da</strong> Alfândega, ou <strong>da</strong>s Díziiiias,<br />
que referenciam as eiitra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s <strong>do</strong> porto. Fonte riquíssiina. Iiifeliznieiite a desgraça é<br />
geral. Deveriain encontrar-se nos ai-qiiivos nacionais, pois faziaiii parte <strong>do</strong> espólio régio.<br />
Não há arquivo em Viana, quer priva<strong>do</strong> quer público, que, directa o11 indii-ectaineiite,<br />
não fale <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> desta ci<strong>da</strong>de. Existeiii espólios de famílias, iiotitros teinpos notáveis, que<br />
guar<strong>da</strong>m ver<strong>da</strong>deiras relíquias. Alguns estão a ser inveiitaria<strong>do</strong>s, devi<strong>da</strong>mente resguar<strong>da</strong><strong>do</strong>s e<br />
encaminha<strong>do</strong>s. Relativamente ao assunto em epígrafe vou destacar três acervos. O Arquivo<br />
Municipal (AMVC), o Arquivo Distrital (ADVC) e Arquivo <strong>da</strong> Sé (ASVC).