19.04.2013 Views

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O indica<strong>do</strong>r espacial apresenta os quadros geomorfológicos, os de circulação e, sobre-<br />

tu<strong>do</strong>, os ecossistemas condiciona<strong>do</strong>res <strong>da</strong>s respostas humanas; o indica<strong>do</strong>r tecnológico pres-<br />

supõe uma inventariação de dispositivos, aparelhos e procedimentos, quer os utiliza<strong>do</strong>s no<br />

espaço em causa, quer os recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>s para aquele espaço; o indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s recursos humanos<br />

e financeiros engloba os <strong>da</strong><strong>do</strong>s relativos à a<strong>da</strong>ptação tecnológica (o saber prático, padrões de<br />

cultura partilha<strong>do</strong>s, as competências adquiri<strong>da</strong>s) e os recursos financeiiros (capitais); o indica-<br />

<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s infra-estruturas de transporte e comunicação pressupõe a transformação e o merca<strong>do</strong><br />

distribui<strong>do</strong>r.<br />

1. Indica<strong>do</strong>res espaciais<br />

O processo lento de submersão <strong>do</strong> litoral português permitiu, e ain<strong>da</strong> permite, sobretu-<br />

<strong>do</strong> entre o Douro e o Cabo Mondego, o assoreamento de certos rios e de certas reentrâncias,<br />

nas secções de costa baixa, de tal forma que se nota ter ganho mais a terra <strong>do</strong> que o mar<br />

(Martins, 1947, 177-178). Esta costa, arenosa, foi alimenta<strong>da</strong> pelas areias <strong>da</strong> plataforma con-<br />

tinental que as correntes litorais impelem para terra (Daveau et alii, 1989,78). Os materiais,<br />

assim transportu<strong>do</strong>s, acumulam-se normalmente no recôncavo <strong>da</strong>s baías ou de encontro a<br />

promontórios. Se as condições <strong>da</strong> costa o permitem, surgem restingas ou cordões litorais, cuja<br />

extremo progride no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong> transporte, ao contrário <strong>do</strong> que sucede com o<br />

avanço <strong>do</strong>s depósitos, apoia<strong>do</strong>s de encontro a um obstáculo. Na costa em causa, encontram-se<br />

estas duas situações: o cordão litoral, que se estende <strong>do</strong> Carregal (em Ovar) às proximi<strong>da</strong>des<br />

de Mira, avançou de norte para sul, no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> corrente que lhe deu origem, enquanto que<br />

os areais de Quiaios, Mira e o cabedelo <strong>da</strong> Gafanha, se formaram por acção <strong>da</strong> mesma corren-<br />

te, mas apoia<strong>do</strong>s no ponta1 <strong>do</strong> Cabo Mondego, de sul para norte (Martins, 1947, 179). Como<br />

resulta<strong>do</strong> destas duas tendências, os depósitos acabaram por se unir, situação com que nos<br />

deparamos ao longo <strong>do</strong> séc. XVIII, confinan<strong>do</strong> a barra e porto de Aveiro a um estrangulamen-<br />

to condiciona<strong>do</strong>r <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de económica.<br />

A reconstituição histórica deste processo permite-nos recuar até ao séc. XII, sen<strong>do</strong><br />

provável que a barra <strong>do</strong> Vouga tivesse esta<strong>do</strong> ao norte <strong>da</strong>Torreira, próxima de Ovar, justifica<strong>da</strong><br />

pela produção de sal em Cabanões e Ovar (Neves, 1947, 21). Nos princípios <strong>do</strong> séc.XII1,<br />

estava já constituí<strong>do</strong> o cabedelo <strong>da</strong> Murtosa, surgin<strong>do</strong> um novo cordão de areias, isto é, uma<br />

flecha litoral, desde o Carregal (de Ovar), crescen<strong>do</strong> para sul, e atingin<strong>do</strong> a latitude <strong>da</strong>Torreira<br />

(Martins, 1947, 187). A partir de então, foi-se deslocan<strong>do</strong> para sul, sucessivamente, até se<br />

situar em frente <strong>da</strong> Ilha <strong>da</strong> Testa<strong>da</strong>, como descreve um <strong>do</strong>cumento de 1407 "a qual [barra]<br />

parte de uma parte coni a veia de Vouga e <strong>da</strong> outra parte com a veia que vai para o val de<br />

Cabanões e <strong>da</strong> outra parte corn a veia que veni pela passagem de Cacia e vai para o mar"<br />

(Martins, 1947,189; NEVES, 1935,220). Em inícios <strong>do</strong> séc. XVI, já se encontrava mais a sul,<br />

em frente àIlha<strong>do</strong> MonteFarinha, como atesta o foral de Aveiro de 1515 (Neves, 1935,221).<br />

Entretanto, surgem notícias e representações (em cartografia <strong>da</strong> 2" metade de XVIII) de um<br />

Forte Novo, "inacaba<strong>do</strong>", frente a S.Jacinto, sinal de que era necessário proteger a barra aber-<br />

ta, nas suas proximi<strong>da</strong>des, em <strong>da</strong>ta desconheci<strong>da</strong>, mas eventualmente <strong>do</strong>s sécs. XVI ou inícios<br />

de XVII. Ter-se-ia, entretanto, desloca<strong>do</strong> bastante mais para sul. A existência de referências a<br />

um Forte Vellzo, demoli<strong>do</strong>, em frente à saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> Vagueira, onde se enconlrou uma lápide com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!